O Manipulador de Consequências Vol.1: Rodrigues

Capítulo 14: Receio, a prática maldita; Todos contra mim!

Aquele segundo teste misterioso não demoraria a acontecer, quase como se a ansiedade de quem o havia preparado acelerasse tudo em torno disso.

Para começar, mal havia voltado a sua casa para descansar depois da terrível luta que havia travado horas antes e permanecendo pensativo sobre o que falaria para o médico que chegaria dos EUA dentro em breve, Rodrigues viu seus pais o receberem com uma cara bastante preocupada:

-Oi pai, oi mãe, os trabalhos vão... – falou logo ele, fingindo que estava meramente continuando seu trabalho na prefeitura como sempre para não despertar preocupação em ambos. -Hei, o que foi? – seu tom era quase como se eles soubessem onde ele realmente estava.

Ao invés de falarem qualquer coisa lhe foi mostrada uma caixa preta simples, pequeno e retangular estava nas mãos de Antonio. Mesmo sem saber qual era seu conteúdo, suas mãos pareciam tremer, como se ele já soubesse que não seria algo bom. Ao pegar e abri-lo, Rodrigues levou um gigantesco baque: dentro desse pacote estava contido três injeções, cada uma contendo três compostos líquidos em cada uma, sendo um de cor cinza e dois de cor clara. Além disso, havia também um bilhete:

''Caro Rodrigues, você pode estranhar o que está recebendo agora, mas não se espante: essa é apenas uma forma de ver até onde você será capaz de ir na sua atuação no trabalho que tem feito... Estas injeções contém compostos que podem ou não ser usados nos diversos pacientes que foram notícia dias atrás. Não detelharei quais esses compostos, pois isso não interessa; eu só espero que você não tenha coragem de usar essas injeções numa dessas pessoas... Ou você seria REALMENTE capaz disso? Espero que não repita o que fez anteriormente...".

Levou um longo tempo para que alguém ali dentro daquele apartamento falasse alguma coisa.

-Eu gostaria de saber que tipo de doente faz uma coisa dessas. Rodrigues; e no bilhete está escrito anteriormente! Por acaso você...?

-Não pai, eu nunca pensei em praticar algo assim contra essa gente... É um absurdo! Até desejava que o Carlos por exemplo pudesse ter ido quando ele desejava isso, só que eu não faria isso deliberadamente contra a vontade de alguém... – se explicou logo Rodrigues, temeroso de que aquilo pudesse render uma nova discussão sobre esse assunto. Vendo que isso poderia ocorrer, ele logou pensou numa resposta que esperava encerrar tudo. -Hoje em dia, com os meus poderes nem penso mais nisso, quero mais é que essa gente se cure, embora eu... não esteja sendo tão eficaz nesse sentido agora! – finalizou ele, agora com um semblante triste no rosto. Ainda lhe incomodava saber que não parecia tão capaz de fazer o que quisesse quanto antes.

No entanto, ele deixou de pensar nisso e perguntou sobre quem enviara aquele macabro ''presente'', no que seua pais não soberam lhe responder. Sua primeira suspeita foi para aqueles quatro com os quais lutou, porém deixou essa idéia de lado por achar que talvez isso não parecia fazer o estilo deles. Sem contar que provavelmente o que lhes havia acontecido ao atingirem a espinha dorsal de Rodrigues os tivesse traumatizado o bastante para que não tentasse nada mais contra ele. Ele estava meio certo, no entanto: o pacote fora entregue por eles, mas o importante era quem havia preparado tudo...

-Eu não sei... Isso foi parar em nossa caixa de correio, mas como não havia remetente nem nada, por isso ficamos desconfiados. E nos desculpe filhos, ficamos tão horrorizados com esse bilhete macabro que nem pensamos a injustiça que está sendo feito contra você!

-Não, tudo bem, eu também não estou entendendo mais nada aqui!

-Melhor entregar isso para as autoridades, pois coisa boa não deve estar dentro destas seringas... – apontou do nada Maria, ainda nervosa demais para falar. Tudo o que ela imaginava era que isso foi feito por algum desafeto de Rodrigues, que não estava gostando de seu trabalho; nisso ela também havia acertado.