Quando ia ouvir uma outra frase daquela voz em sua mente Rodrigues subitamente se viu no meio de uma rua na frente do Shopping Center de Santos, muito longe da onde estava anteriormente.
-Mas o que? – ele percebeu que cometeu dois desvios ao estar subitamente em um lugar diferente e também por ter dito algo diferente na última palavra de sua frase. Ao menos pareciam ser desvios, mas algo estranho ocorreu: Rodrigues não havia sentido nada além de uma faísca de dor nos nervos, e percebeu que nenhum castigo mental surgiu depois disso, e nem as pessoas ao redor dele pareciam sentir coisa alguma com tudo isso tendo ocorrido. Ele não esperava por nada disso com o ritual que havia acabado de fazer.
-Hei, cuidado!!!
Um carro vindo em sua direção a sessenta quilômetros por hora o obrigou a cometer outro suposto desvio ao correr para o outro lado e evitar o atropelamento que sofreria, só que mais uma vez, ele nada havia sentido, nem visto qualquer alteração nas pessoas ao seu redor. Seria isso o que ele ouviu internamente sobre estar livre afinal?
-E-e-eu pareço ter acionado a Lei, mas por que os efeitos não vieram? E mais ainda, COMO eu vim parar aqui, perto do Shopping? – falou logo ele, se sentindo cansado e com suas energias drenadas, mesmo não feito tanto esforço físico para se sentir assim... seria porque ele na verdade estava agora guardando parte da energia de Pablo?
Para o seu azar, enquanto pensava em tudo isso, um policial de nome Rafael estava passando próxima a onde ele estava, e pareceu ter percebido que Rodrigues surgira ali, do nada, e também que ao seu redor havia algumas latas de lixo que haviam se afastado devido a um forte vento que surgiu perto dele, o que fez muita gente se assustar e olhar para Rodrigues com espanto e temor pouco depois de ele se fazer presente ali. Apesar disso tudo, não foram essas cosas o que fizeram aquele policial se aproximar dele:
-Muito bem, você ai rapaz, por um acaso cometeu um desvio de propósito, como os sujeitos que prendemos agora a pouco? – antes de se aproximar de Rodrigues, ele perguntou a uma mulher que estava junto de seu marido sobre se somente ele havia visto o que acabou de ver. Ela, junto de outros transeuntes, confirmaram as suspeitas do policial.
-Fique parado ai e tente não fazer nenhum movimento brusco, ok? Não sei como fez essa ilusão de ótica de aparecer do nada aqui ou de fazer essa ventania derrubando tudo perto de você, mas não queremos outra encrenca, ainda mais estando incólumes desde o incidente com o empresário...
-Ou será que...? – esse estranho evento fez Rafael pensar numa outra possibilidade. -Será que ele está sofrendo com as falhas das leis da natureza, ou ele se tornou um dos...? – por incrível que pareça, ele desejou que essas duas perguntas tivessem respostas negativas, preferindo a hipótese de que Rodrigues fosse apenas um dos bandidos que ele acabou de mencionar. Ao mesmo tempo, este último estava começando a se recuperar do cansaço em que estava, o que só aconteceu naquele instante. Só que isso não foi o bastante para ele se sentir seguro, já que aparentemente estava numa grande enrascada:
-Droga, mas que tipo de resultado é esse? Se eu pego aqueles dois por terem me aplicado aquele ritual... mas a culpa foi minha por ter confiado neles! – enquanto dizia isso, Rodrigues se afastou de Rafael e em seguida foi em direção a um lugar onde haveria maior concentração de Dispositivos Anti Desvios (quer dizer, mais do que no restante do estabelecimento): o arcade do Shopping Center.
-Hei, você ai, espere. – mesmo tendo perguntado se ele fazia parte da gangue que havia acabado de prender, Rafael não queria prender Rodrigues, mas sim verificar o que de fato estava acontecendo com ele. Se uma falha nas leis da natureza estava afetando-o como o policial imaginava, então ele deveria receber ajuda o mais cedo possível. Foi por isso também que ele mais do que depressa pediu reforços através do rádio de sua viatura:
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O Manipulador de Consequências Vol.1: Rodrigues
PertualanganNuma realidade onde as ações das pessoas estão presas ao julgo de uma terrível e diferente lei da natureza, cuja força cresce a cada minuto que se passa, o jovem protagonista Rodrigues da Cunha, morador da cidade de Santos, após eventos inesperados...