Capítulo 9

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Pov Carlota

Os nosso corpos depressa se afastam e ele remexe se na cama incomodado. Respira fundo várias vezes e foca se no meu olhar atento sobre ele. Interpreto isso como um incentivo para continuar a conversa:

- Eu hoje menti te. - baixei a cabeça -Peço muita desculpa.

- Como assim?

- Lembraste quando me perguntaste se o meu pai? E se ele me apoiava na minha carreira?

- Sim...

- Bem, a verdade é que o meu pai odeia o facto de eu ser modelo - brinco com os meus dedos nervosa - Para ele, isto é tudo uma vida de desgraça, vícios e sexo. Desde do primeiro dia que me tornei modelo que ele critica tudo o que faço e o que não faço. Eu tive uma adolescência muito complicada, sabes?

Não era fácil para mim admitir tudo isto. Eu sempre me recusei a falar sobre isto e o facto de me estar a abrir para com ele, significava muito para mim. Estava a fazer um esforço mental muito forte para falar e ainda mais para não chorar baba e ranho aqui mesmo.

- Devia ter uns 13 anos quando fugi de casa pela primeira vez. Aos 15 descobri o mundo das drogas e do álcool e entreguei-me. Eu estava perdida. Senti-me completamente sozinha, o meu pai nunca se importou realmente comigo. Eu pensei que as Drogas me conseguissem aliviar um pouco a pressão que eu estava a sentir. - olhei finalmente para ele - E assim aconteceu... pelo menos nos primeiros tempos. Eu era apenas uma miúda muito nova metida em muita merda!

O André estava chocado a olhar para mim: de olhos muito abertos e boca fechada, conseguia perceber que mordia a boceja nervoso e mantinha um ar muito rígido. Era um pouco assustador, mas eu continuei:

- Eu estive mesmo em risco de ir para um daqueles reformatórios de jovens delinquentes . Mas nada que muito dinheiro não resolva! - revirei os olhos - Sempre tive as melhores roupas, frequentei as melhores escolas... mas sempre me senti muito incompleta. - suspirei - E foi quando num momento de abismo, eu conheci o Ricardo, o meu agente. Ele foi sempre incrível comigo, um autêntico pai! Ajudou me a sair daquele mundo nojento e a cuidar de mim, do meu corpo. Eu tinha um sonho que era ser modelo, o Ricardo fez me perceber que eu tinha que cuidar de mim para o poder realizar. E assim o fiz! Aos 17 comecei a minha formação e já tive a oportunidade de trabalhar com grandes nomes do mundo da moda.

- Tu foste muito corajosa! - ele diz

- Não foi um processo simples - admito - Mas desde então nunca mais peguei nas drogas.

Eu estava prestes a chorar.

Sinto uns braços grandes e fortes a minha volta. O André descansa o seu rosto na curva do meu pescoço e isso de certa forma acalma-me. Pelo menos sei que ele não está chateado comigo.

- Eu lamento imenso, Baby! Tu és um mulher linda, forte, trabalhadora, inteligente... E eu sinto me muito orgulhoso por te ter ao meu lado.

- Obrigada - dou lhe um sorriso fraco - Quem me dera que o meu pai também partilha-se da mesma opinião.

Dito isto começo a chorar. Eu estava muito em baixo com tudo isto. Eu e o meu pai já tinhas uma relação bastante complicada antes de me tornar modelo, então agora, mal nos falamos.

Eu evito muito estar demasiado tempo em Portugal para que não seja "obrigada " a passar tempo com ele. E quando estou no meu país natal por mais de um mês é sempre na altura que o meu querido pai está fora em trabalho.

Do pouco que sei da minha mãe, Isabella, ela era norte americana mais especificamente nova iorquina. Herdei um apartamento dela bem no centro da sua cidade natal e as únicas memórias que tenho são apenas alguns objetos pessoais e fotográfias que encontrei lá. Eu passo a maior parte do meu tempo neste apartamento e tenho que admitir que quando o recebi foi um excitação. Eu tinha apenas 17 anos quando o advogado da família me informou que eu era a proprietária deste imóvel, na altura eu vim logo para cá para estudar moda e aqui fiquei. Eu amo Portugal, será sempre o meu país, e eu até tenho um apartamento só meu na baixa da capital. Contudo, estar em Nova Iorque era uma maneira de eu estar mais próximo da minha mãe.

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