capítulo 11

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Pov Carlota

Olho para o envelope vezes e vezes sem conta. Eu não tinha coragem, esperei a minha vida toda para descobrir algo mais sobre a minha mãe. E agora?! Tenho toda a informação que necessito mesmo a dois passos de mim e estou sem coragem. Então e se ela não for quem eu desejei que fosse?! 

Respiro uma vez mais fundo e corro até a minha secretária. Não podia mais fugir dos meus problemas, eu previsava de saber onde é que eu pertencia! Eu precisava da minha mãe de volta.

Desfolho algumas paginas, o papel era macio e limpo, respiro mais uma vez fundo e começo a ler. 

Nome completo: Isabella Robinson

Nascimento: 27-5-1966 , Nova Iorque 

Morte: 16-6-1995

Profissão: Modelo 

Descendência: Carlota Santos 

(Enquanto lés, se quiseres, ouve esta musica. Inspirou me muito)

Continuo a ler, vejo todas as paginas, todas as vírgulas. Eu simplesmente não conseguia acreditar no que tinha nas minhas mãos. Esta era a minha mãe? 

Em parte, eu revejo me nela. Em muito na personalidade, nos sonhos impossíveis... nos erros. Muito nos erros que tenho cometido em toda a minha vida!  Eu perdia-a, eu nunca a tive na realidade. Eu nunca fui capaz de abraça-la, de lhe dizer o quanto a amo e preciso dela. Eu nunca tive essa oportunidade. E descobrir agora mais sobre ela só me fazia pensar em tudo o que eu não tive a chance. 

A partir deste momento, há tanta coisa que passou a fazer sentido: o ódio do meu pai pela minha profissão,a sua arrogância perante todas as minhas escolhas e até o facto de eu ser obcecada pela terra natal da minha mãe! Eu, de alguma forma, era igual a ela! Mas por outro lado, havia ainda tanto por explicar: porque que o meu pai a abandonou depois de morta e fugiu comigo para Portugal?  Porque que ele não me consegue amar, como amou a minha mãe? E o mais urgente de tudo isto, porque que a minha mãe se matou? 

Sim, eu nunca tive a oportunidade de ter uma figura materna presente na minha vida, porque a minha mãe se suicidou! Ela matou se no mesmo apartamento que eu herdei, matou se com veneno. 

Segundo o relatório policial aqui presente, Isabella Robsinson, foi encontrada morta no seu apartamento. Rodeada de álcool e comprimidos, estava deitada no chão frio do seu quarto e com um frasco de veneno nas mãos. Pelos vistos, eu também fui encontrada nesse mesmo lugar. Eu era apenas uma recém-nascida, com alguns dias de vida, estava noutra divisão do apartamento. Chorava muito, com fome possivelmente. Mal eu sabia que a minha própria mãe preferiu a morte em vez da sua própria filha.  

As lágrimas rapidamente começaram a cair pelo meu rosto. Eu não conseguia evitar. A minha mãe não era nada quem eu imaginei, quem eu desejei que fosse. E pensado bem, eu estive tão próximo de fazer o mesmo caminho desastroso que ela fez! Eu cometi o mesmos erros que ela com drogas e álcool, eu também me sentia sozinha e abandonada. Como se o mundo fosse demasiado grande para mim! Eu conseguia perceber como ela se estava a sentir! 

Eu apenas não aceito o facto de ela se ter suicidado, mesmo sabendo que eu precisava dela. Eu era e sou um ser muito vulnerável! Odeio isso! Se ela estivesse ficado comigo, se ela tivesse sobrevivido.... as coisas teriam sido tão diferentes. Do fundo do meu coração, nós teriamos arranjado maneira de superar todos os problemas.

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