Depois Que Te Conheci

Capítulo 3

POV Fernanda

Meu cansaço da viagem era tão grande que eu só havia acordado quando já tinha anoitecido. Jantei com as meninas, colocando a conversa em dia e depois Bia me entregou a chave, que graças a deus ela tinha encontrado, senão teria que esperar Paulo chegar para pedir pra ele.
Mari me deixou em frente ao meu prédio as 21 horas. Subi para o décimo andar e segui pelo longo corredor, logo destrancando minha porta. Estava tudo do mesmo jeitinho que eu tinha deixado.

- Bem vindo a sua nova casa. - Disse para Pedro que olhava o lugar curioso. - Bom, pelo menos por um tempo.

Pra minha sorte as meninas haviam pedido para alguém limpar o apartamento, então eu não teria que limpar nada. Só organizar algumas roupas minhas no guarda roupa, já que eu pretendia ficar no mínimo 1 mês aqui.

[• • •]

Eu definitivamente adorava o tempo nublado e chuvoso, só não gostava quando eu tinha que sair, o que era o caso.
Eu ainda não tinha ido no mercado, então meu armário e minha geladeira estavam completamente vazios, assim como meu estômago. Então, independente do tempo lá fora eu tinha que sair.
Tomei um banho rápido, me arrumei, arrumei meu filho e chamei um táxi. Que não demorou muito.
Primeiro fui á padaria, tomei meu café da manhã e depois fui ao mercado - que era logo ao lado - , ainda terminando de tomar meu café. Peguei um daqueles carrinho que tem espaço para criança e coloquei o Pê.

Eu estava no corredor das besteiras - minha parte favorita do mercado - pegando uma das últimas coisas que eu 'precisava'. Deixei Pê no carrinho e me afastei um pouco para procurar pelo meu chocolate preferido, assim que o encontrei, me abaixei para pega-lo e quando levantei senti um impacto e o resto do meu café - já não tão quente - , ir parar todo na minha blusa.

- Me desculpa. - Olhei para a pessoa com quem eu havia esbarrado e quase não acreditei. - Fê?

- Paulo?

Puta que pariu! Como ele estava gato. Agora com algumas tatuagens - que dava pra ver por conta da sua blusa que estava erguida até seu cotovelo - e um pouco mais forte.
Ficamos nos encarando por alguns segundos, até que me lembrei que existia um mundo ao nosso redor.

- Tudo bem, eu também estava distraída.

- Me desculpa mesmo, de verdade. Meu deus, olha só pra sua blusa, te queimou? - perguntou preocupado olhando pra onde o café tinha caído.

- Não, já não estava tão quente assim. - Disse e tirei minha blusa, sentindo meus pelos se arrepiarem ao sentir o vento gélido em minha pele.

- Toma. - Paulo tirou sua blusa e me entregou.

- Não precisa, sério. - ele insistiu e eu acabei aceitando, mais por conta do frio que eu estava sentindo.

- Mamã! - Pedro me chamou e eu fui até ele que estava me pedindo colo. Percebendo que Paulo nos olhava atentamente. - Anh...Esse é o Pedro.

POV Paulo

O show do dia anterior havia sido incrível, como todos os outros, era maravilhoso a energia que as fãs nos passavam.
Logo após o show, voltamos ao hotel, pegamos nossas malas e seguimos para o Aeroporto. Nosso vôo durou cerca de 1 hora e chegamos duas e meia da manhã em São Paulo.

Logo cedo, quando acordei precisei comprar algumas coisas e fui até o mercado. E por coincidência do destino Fernanda também havia ido e acabamos nos reencontrando num esbarrão desastroso, que acabou sujando sua blusa.

- Pedro? - Perguntei confuso. Eu jurava que Pedro era namorado dela.

- É, meu filho. - fiquei surpreso e um pouco aliviado ao mesmo tempo. Olhei para o bebê de pele clara, olhos azuis e cabelos castanhos do mesmo tom do dela em seu colo.

- Ah... Ele é lindo... se parece com você. - Pedro me olhou sorrindo e involuntariamente, sorri também.

- Obrigado... - sorriu sem graça.

- Bom, eu preciso...pegar mais algumas coisas. - disse um pouco atrapalhado.

- Ah, claro. Eu também preciso ir pro caixa.

- Ok, a gente se vê. - disse e ela assentiu.

Sai corredor e fui em busca do resto da minha lista, ainda pensando nela.
Tentei assimilar que agora ela já tinha um filho e me senti um idiota por achar que Pedro era namorado dela, mas isso não queria dizer que ela não tinha um, já que ela tem um filho ela com certeza se envolveu com alguém.
Assim que peguei tudo, fui ao caixa e paguei minha compra, indo em direção a saída do mercado. Onde vi ela novamente, encostada no carrinho observando a chuva, que agora estava muito mais forte, nem parecia que ainda eram 9 da manhã. Minha sorte é que eu estava de carro.
Pensei que talvez ela estivesse esperando a chuva passar, se não ela já teria ido embora, então sem pensar duas vezes fui oferecer uma carona, pois não a deixaria aqui com um bebê e várias sacolas de compras, sendo que morávamos no mesmo lugar.
Caminhei até ela e parei em seu lado.

- É...você tá morando no seu apartamento ainda?

- Sim.

- Vamos, eu te dou uma carona então.

- Não quero te incomodar, eu espero a chuva passar e chamo um táxi.

- A gente mora no mesmo lugar, não vai ser incômodo nenhum. Vamos? - ela pareceu pensar um pouco, mas logo assentiu.

- Ok, obrigado.

Ajudei ela com algumas sacolas e fomos até o estacionamento. Colocamos as sacolas no porta malas e depois entramos no carro. Liguei o mesmo e sai do mercado.

- Ontem tava um dia tão bonito, nem parecia que ia cair essa chuva toda hoje.
- Bem vinda novamente à São Paulo.
- É, tinha esquecido dessa instabilidade.

Ficamos em silêncio, então eu liguei o rádio e por coincidência estava tocando uma música minha e dos meninos, justamente a que eu tinha começado a compor pensando nela.

- É você e os meninos cantando? - Perguntou, talvez surpresa.

- É sim.

- Como se chama a música?

- Teu Olhar.

- É muito boa. Fico feliz que as coisas com a banda estejam dando certo. - Sorriu.

- Graças a você, se você não tivesse publicado aquele vídeo, ninguém iria conhecer a gente.

- Vocês tem talento, uma hora ou outra alguém ia reconhecer isso. Eu só dei um empurrãozinho.

- Que trouxe a gente até onde estamos hoje.

- Vocês compensam depois me dando ingresso pro show. - brincou.

- Quando quiser. - Disse e sorri. Como era bom ter ela perto novamente.