Um Bêbado Sozinho

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Arrastado pelo vento
Com uma corda ao pescoço,
Trago a Bíblia no bolso
Mas não lhe toco à muito tempo.
É o sentimento?
O esforço,
No momento
Estou enterrado num fosso
Coberto de cimento.

É uma maneira feia
De ver a vida.
Canta a sereia
Comovida
No horizonte,
Canta a caneta desprovida
Do braço que a maneia
Sangra a frida,
Sangra a veia,
Canta a voz plebeia
Debaixo da ponte.

A dor corta-me a fala
Mas não me corta a mão
Nesta solidão,
Neste canto da sala.
Com tudo o que trago na mala,
Daria forte exaustão
A este carvão
Que desliza como bala.
Brinco com o refrão
Na escuridão
Da vala.

Uma posição estranha...
Na calma do sossego
Eu sou mudo, eu sou cego
Um espírito que se acanha
Mas entranha
Como prego.
Sustento e carrego
A façanha
Da entrega
Ao destino, meu colega
Que se assanha
Quando lhe pego...

Mil Voltas No Mesmo LugarOnde histórias criam vida. Descubra agora