Chapter I - One Knock, Two Knocks

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28/06/2017 - Quarta-Feira

Louis suspirou e afastou lentamente a cortina de sua janela grande, vendo o tempo nublado e fechado de Boston. O garoto tinha acordado naquela manhã com um desafio a si mesmo: se estivesse sol, ele sairia do quarto e iria até o jardim de sua casa. Mas, a última coisa que viu foi o sol.

Por sua janela dava para a frente da casa dos Tomlinson, dando-lhe uma visão privilegiada do jardim e da rua. Às vezes sentava em frente à janela e ficava observando os carros passarem, tentando imaginar que tipo de vida cada uma daquelas pessoas vivia. Era bem divertido para ele. Sua imaginação corria solta pelo quarto e, sinceramente, qualquer coisa parecia mais divertido àquela altura de sua vida. Imaginar a vida daquelas pessoas era o ponto alto de seu dia e Louis não se arrependia disso. Sua vida nunca fora animada e isso não iria mudar se ele se arrastasse para fora de seu quarto. Ali era confortável.

Era seguro.

O ônibus escolar amarelo parou do outro lado da rua, em frente ao ponto. Rapidamente afastou-se da janela e fechou as cortinas, se jogando no chão. Seu peito descia e subia em uma velocidade assustadora, temeu por alguns segundos que estivesse tendo um ataque cardíaco. Imediatamente tentou se acalmar, sussurrando para si que ninguém havia o visto de dentro do ônibus.

"Você está bem, Louis.", sussurrava para si mesmo enquanto acariciava o lado direito de seu peito na tentativa estúpida de diminuir seus batimentos cardíacos.

Voltou a sentar em sua cama e pegou seu livro, folheando algumas páginas para tentar descobrir onde tinha parado. Caiu no sono na noite passada enquanto lia e não marcou a página, um arrependimento que o fez bufar irritado.

Ouviu a porta da frente abrir-se e em seguida fechar-se. Imaginou que seria Lottie voltando de seu último dia no colégio. Supostamente, Louis deveria estar fazendo o mesmo. Voltando do colégio depois de seu último dia de aula. Mas, não. O moreno não frequentava o colégio há duas semanas e todos os dias agradecia por ter tido responsabilidade o suficiente para estudar duro e passar de ano direto. Suas faltas não fariam a menor diferença para seu histórico escolar perfeito. Muito menos para as pessoas daquele colégio.

"Mãe, cheguei!" Gritou Charlotte, caminhando em direção ao corredor dos quartos.

O quarto de sua irmã era no final do corredor, ao lado do seu, então quando Louis não ouviu mais seus passos, deduziu que ela estava em sua porta. Lottie fazia isso todos os dias. Ficava cerca de dois minutos plantada na porta do irmão procurando as palavras certas para dizer a ele, mas ela nunca as encontrava.

O Tomlinson mais velho caminhou até sua porta e suspirou, sentando-se no chão com as costas encostadas desconfortavelmente contra a parede azul. Esticou suas pernas e encarou suas meias laranjas que tinha há pelo menos dois anos. Pensou que provavelmente já era hora de jogá-la fora já que seus dedos saiam para fora pelos buracos em cada uma delas.

"Lou?" A voz fina e calma de Lottie chegou abafada aos ouvidos de Louis. Ele não a respondeu, apenas esperou que a caçula continuasse. "Mamãe fez frango assado com mostarda, seu preferido." A voz da garota parecia mais animada e sugestiva.

Louis sorriu ladino ao sentir um calor confortável em seu peito ao saber que sua mãe havia feito seu prato favorito. Mas, o de olhos azuis não sentia vontade alguma de comer ou de sair de seu quarto. Se sentiu mal no mesmo instante ao pensar que sua mãe provavelmente saiu mais cedo do trabalho apenas para preparar este almoço para ele. Se sentiu tão culpado por não conseguir mover um músculo.

Lágrimas grossas desceram por sua bochecha e ele não as secou, deixou-as livres como uma punição por ser um filho e irmão tão ruim. Ouviu o suspiro cansado de sua irmã e abraçou as próprias pernas, apoiando a bochecha em seus joelhos.

Let It All Go - L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora