Caso 19 - H.S

4

18:45

Marie já estava dormindo, coloquei ela pra jantar mais cedo, e pelo o pouco que sei ela cansou muito mais cedo, dormiu feito uma pedra. Cobri-a até a cintura, arrumei seu travesseiro e sussurro um "eu te amo filha", saio do quarto, apago a luz e deixo a porta um pouco aberta.

Olho no relógio e me espanto pelo horário e lembro do jantar com a Joyce.
Entro no banheiro e tomo um banho quente e rápido. Pego uma bermuda jeans confortável e um moletom quentinho. Ouço a porta bater, e me desespero por não ter nada pronto ainda. Corro e abro com um sorriso forçado.

- Joyce! - ela estava tão mal arrumada quanto eu - Uau, pensamos juntos. - Rimos - preciso da sua ajuda... Eu dei toda a atenção pra Marie e esqueci de preparar o jantar.

- Eu ajudo! - ela ri e encosta sua bochecha na minha - Graças a Deus Gregory dormiu, e minha mãe disse que ficaria com ele. - revirou os olhos - Chegou hoje, pra me ajudar com as malas.

Andamos até a cozinha.

- O que quer comer? Algo fácil pelo amor de Deus.

- Ah, aça uma pizza, pega no congelador. - falo - Odeio a ideia... de você ter que ir embora, vou sentir sua falta sabia? Minha companheira.
- Ah Harry, lá vai ser melhor pra mim e pro Gregory, aqui é muito caro pra mim, não estou conseguindo manter. - ela pega a pizza no congelador e tira da embalagem - Vou sentir sua falta também... e da Marie. - liga o forno e coloca a pizza. Se vira e olha pra mim, soprando um beijo.

Me aproximo dela, indo com minha mão em seu queixo e subindo seu rosto fazendo-a me olhar com seus olhos brilhantes, encosto meu nariz no seu e a beijo, com um selinho, ela retribui, me beijando cada vez mais forte, apertando meu pescoço e fazendo eu segurar sua cintura, a pego no coloco e tiro tudo que está em cima do balcão fazendo muito barulho, paro um pouco pra tentar ouvir se Marie tinha acordado, mas pro incrível que pareça, não. Voltei a beija-lá, a deitei no balcão, desço beijando seu pescoço.

- Pai!?
Era Marie, com Amora na mão, e com o cabelo bagunçado e com o rosto inchado.

- Merda. - sussurro

TRIM!

- A pizza! - Joyce fala saindo debaixo de  mim e indo em direção ao forno - Está com um cheiro ótimo! - disfarça

- Marie!? - vou correndo em sua direção - Tudo bem princesa? Algo te acordou?

- Por que você tava encima dela papai? Você tava batendo nela? - ela me olha tristonha - Por que tava batendo nela? Não pode papai! Você...

- Ma-ma-rie... - olho pra Joyce sem saber o que falar - Eu não estava batendo nela não. - ri fraco

- O que estava fazendo então pai? - ela fala com uma certa dificuldade

- Tava fazendo carinho filha! Você não falou com a Joyce, fala com ela.

- Oi Mariezinha, tudo bem princesa? - toca em sua bochecha

- Oi tia Jô. - dá um sorriso largo e entrega Amora pra Joyce segurar.

Assim que Marie nasceu sua mãe sempre a desprezou e dizia que não queria assumir ela, por ser muito nova, 7 dias depois ela partiu, deixando apenas a solidão dentro de mim e a Amora, um urso que deixou pra ela quando partiu, ela é muito apegada a esse urso não solta por nada.
Uma vez ela perguntou da mãe, foi a única vez, e a pior.

Estávamos indo viajar, quando ela acordou de uma soneca prolongada.

- Pai? - ela fala sonolenta e choramingando - Eu tenho mãe?

- Todo mundo tem mãe filha, por que? - olho pelo retrovisor

- Cadê a minha?

- Ela foi embora. Nunca mais a vi.

- Ela me odeia?

- Não filha, pelo contrário, ela te ama, por isso ela se foi, por que não seria uma boa mãe pra você.

- Mas se ela me amasse, não iria embora.

Uma criança de apenas 4 anos sabe mais de amor do que eu. Fiquei sem o que falar.

- É...

- Eu odeio ela papai!

- Eu também, mas ódio filha é algo muito ruim, ainda mais pra uma criança da sua idade. Você sabe o que é ódio?

- Não papai. - ela fala tristonha - Eu acho que não.

- Eu te amo Marie.

Ela sorri. Abraça Amora forte e volta a dormir.

- Harry? - Joyce fala me entregando o prato - Onde estava? - ela ri

- Pensando. - pego o prato - Só pensando.