Valentina narrando...
-MURILOOOO!- Grito quando ele me solta na água e ri sem parar.
-Isso é por trapacear.- Diz entre risos estridentes. Me levanto e vou em sua direção com um sorriso zombeteiro.- Vale? Nem pense nisso!
O empurro na água e ele me puxa junto,começamos a brincar de guerrinha na água,confesso que senti falta disso. Saímos do rio e sentamos próximos aos cavalos lembrando de quando éramos crianças. Vejo que já está começando a escurecer e provavelmente vai chover forte.
-Acho melhor a gente voltar.- Digo e ele assente,montamos nos cavalos e voltamos,no caminho começa a chover forte. Levamos os cavalos para o estábulo e decidimos ficar até que a chuva passe. A chuva fica cada vez pior e começa a trovejar. Por ainda estar molhada começo a sentir frio,me abraço para me aquecer só que não é o bastante. Quando percebe que estou tremendo,Murilo me abraça.
-Obrigada!- Viro um pouco o rosto para agradecer,estamos bem perto,tão perto que consigo sentir seu hálito quente em meu rosto.
-De nada.- Ele diz e me encara,vamos nos aproximando até que sinto seus lábios nos meus,sua mão vai a minha cintura e me puxa pra perto,seus lábios são uma mistura,capazes de causar muitas sensações divergentes. Nunca me imaginei beijando ele,mas confesso que é melhor do que eu esperava.Peraí! Ele tem namorada. Empurro seu corpo e ele me solta,quando percebe o que fizemos,vejo culpa em seus olhos.- Desculpa. Eu não devia ter feito isso!- Diz com culpa exalando.
-Fica calmo...Eu não vou contar pra ninguém...Só se acalma.- Digo e volto para a casa.Não acredito que fizemos isso! A chuva foi substituída por uma garoa e não estava mais trovejando. Corro para o banheiro,pego um vestido que tinha deixado aqui na última vez,ele está curto,mas ainda serve. Tomo um banho quente e vou pro quarto. Percebo que nada mudou,ainda há um cama encostada na parede,um criado mudo velho de madeira branca,um abajur com luz amarelada que só ilumina parte do quarto,há também sobre o criado um porta retrato com uma foto minha e de Murilo,estamos escrevendo nossa iniciais na velha macieira. Deito olhando pro porta retrato,sinto falta daquela época,era tudo tão mais fácil. Acabo pegando no sono sem perceber e pela primeira vez consigo dormir de verdade. Há paz nessa casa,uma coisa que não sinto há muito tempo. Acordo e olho pela janela,vejo que ainda está de noite,vou até a cozinha pois estou com fome. Procuro algo para comer e encontro uma tigela cheia de bolinhos de chuva, sento e começo a comer. Ouço um barulho de passos e me assusto com a sombra de Murilo.
-Boa noite!- Diz sem muito entusiasmo.- Tá com fome? Eu posso...- Interrompo-o
-Não.- Digo ríspida e me arrependo- Não precisa...Eu já comi.- Pego os prato e a xícara e vou para a pia. Lavo a louça,pego um guardanapo e seco minhas mãos,vejo que Murilo encara fixamente meus pulsos,quando me lembro dos cortes tento esconder meus braços atrás do corpo.
-O que é isso?- Pergunta nervoso. Não respondo e continuo a tentar esconder meus braços. Ele se aproxima furioso, pega meu pulso e põe enfrente aos nossos olhos.- Responde!
-Não é da sua conta.- Digo e ele me solta bruscamente. Volto pro quarto e deito,ele vem atrás de mim se sentando no pé da cama.
-Vale...Por que você fez isso?- Diz com um semblante ameno em um tom de preocupação.
-Me deixa em paz,por favor.- Digo e me viro de costas para ele. Ele continua sentado e apenas me olha.
-Deixa eu cuidar de você?Por favor.- Não respondo,ele suspira pesadamente e sem falar nada me cobre e beija minha testa.- Durma com Deus.
Murilo narrando...
Saio deixando Vale sozinha,volto para o meu quarto e me deito encarando o teto. O porquê dela se cortar eu não sei,mas não posso deixá-la sozinha nisso. Pensar em Vale me lembra do beijo,me sinto culpado por ter traído Bianca,mas de certa forma não me arrependo de ter beijado Valentina. Independente do que acontecer amanhã assim que levantar vou conversar com Bianca e depois que ela decidir o que vai fazer eu vou apoiá-la,é o mínimo depois de minha traição.
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A doida e o religioso
Teen FictionApós a morte de sua mãe em um acidente de carro,Valentina nunca mais se recuperou;depois do ocorrido seu pai passou a culpá-la e a tratar com indiferença,vendo a maneira com que seu pai agia,ela começou a acreditar que realmente tinha uma parcela de...