Casamento Por Contrato

Capítulo 37

Júlia

Meu plantão de 12 horas acabou agora e espero o Henrique terminar de trocar de roupa para irmos para casa. Há uma semana e meia não durmo direito, meu grupo tem pegado todos os plantões noturnos e por mais estranho que pareça, eles são incríveis. Praticamente os melhores casos chegam pela madrugada, hoje pela madrugada peguei um cara que veio dirigindo para o hospital com uma faca cravada no peito. Ele reagiu a um assalto e iria ser esfaqueado mas a faca cravou em seu peito e o assaltante não conseguiu retira-la novamente e ele deu um susto no assaltante que saiu correndo e ele veio para o hospital, pode parecer cruel mas foi incrível.

A porta do banheiro abre e finalmente o Henrique sai dele, pego minha bolsa e vamos para o estacionamento. A Zara, o Júlio e a Débora já foram embora, ficamos até mais tarde para recebermos notícias de uma paciente grávida que estava em uma colisão de um carro e um caminhão e para nosso alivio ela e o bebê estão bem. Coloco a bolsa carteiro do Henrique no banco de trás do carro e me sento no banco do carona. Saímos do estacionamento e seguimos para casa. O Henrique estende a mão e segura a minha, olho pra ele e sorriu.

- Como você consegue ? - pergunto e ele faz carinho na minha mão

- O que ? - ele olha me olha rapidamente e volta o olhar o trânsito

- Passar 12 horas de pé e está pleno desse jeito ? - pergunto e ele ri - Estou falando sério, olha pra mim, estou acabada - digo entrelaçando nossos

- É bem engraçado você falar isso, porque ontem você veio dirigindo radiante e eu neste mesmo banco, nessa mesma posição - me olha erguendo a sobrancelha e solta minha mão para passar a marcha - Parece que o jogo virou, não é mesmo ? - encaro-o de cara feia e ele ri

Seguimos o resto do caminho em silêncio, o Henrique estaciona o carro em sua vaga e eu desço do carro, espero o Henrique trava-lo e vamos para o elevador. Aperto o botão e as portas abrem, entramos e eu aperto o botão do meu andar e o do Henrique.

- Amanhã é o último plantão, o que vai fazer no seu primeiro fim de semana livre ? - pergunta e eu torço a boca

- Sei lá, dormir ? - pergunto e ele ri - Ah, vai dizer que você vai para um festa, no dia seguinte vai para a praia, e no dia seguinte vai voltar pro hospital ? - pergunto e ele balança a cabeça - Vai fazer a mesma coisa que eu, dormir o fim de semana inteiro - digo erguendo a sobrancelha e ele inclina a cabeça

- É, me pegou - responde e rimos, a porta do elevador abre. Ele me dá um beijo na bochecha e sai. O elevador fecha e eu digito o código do andar, o elevador volta a subir e abre no apartamento do Braian.

Vou para o meu quarto, coloco a bolsa em cima da cama e sigo para o banheiro. Encaro a banheira que desde quando ganhei o quarto não tive a oportunidade de usa-lá. Coloco-a pra encher e jogo alguns sais de banho nela. Fecho-a, tiro a roupa e entro nela, aperto o botão que o Braian falou que ligaria a hidromassagem e a água começa borbolhar.

Brinco com a espuma que começa a de formar e encosto a cabeça na borda da banheira. Fecho os olhos e deixo a água quente relaxar o meu corpo. Batidas na porta do quarto me fazem abrir os olhos e encarar a porta do banheiro

- Júlia? - o Braian me chama do lado de fora do quarto

- Estou no banho - grito ainda encarando a porta do banheiro mesmo sabendo que ele está a duas portas de distância

- Ah, certo. Quando acabar você pode descer ? Preciso lhe perguntar uma coisa - franzo o cenho e concordo, apesar dele não poder me ver

- Sim, eu desço

- Tá, te espero lá embaixo - fala e ouço seus passos descendo a escada

Fecho novamente os olhos e encosto minha cabeça na borda da banheira na tentativa de voltar a relaxar, mas a curiosidade não permite que isso aconteça. Desisto dessa ideia de relaxar e termino o banho. Saio do banheiro e sigo para o closet, visto meu pijama vermelho, que assim como os outros o Braian insiste em dizer que é curto, volto para o quarto, pego meu celular dentro da bolsa e vou para a cozinha.