Continue sonhando

228 12 5
                                    


Hello....
Espero que curtam esse capítulo..
Beijos na bunda

[...]


Caindo...

Eu estava em queda livre, despencando no ar.

-Lauren!

Ela me chamou,e o som da sua voz fez meu coração disparar.

-Me ajude!

Ela estava caindo também. Estiquei meu braço,tentando segura-la. Estiquei o braço mas só encontrei ar. Não havia chão sob meus pés e minhas mãos se enfiavam em lama. Encostamos as pontas dos dedos e vi fagulhas verdes na escuridão.
Então ela escorregou por meus dedos e só consegui sentir a perda.
Limão e alecrim. Eu consegui sentir o cheiro dela, até naquele momento.
Mas não consegui segura-la.
E não conseguia viver sem ela.

Me sentei de repente, tentando recuperar o fôlego.

- Lauren Jauregui! Acorde! Não vou admitir que chegue atrasada ao primeiro dia de aula. -Eu podia ouvir a voz de Amma gritando do andar de baixo.

Meus olhos focalizaram um ponto de luz suave na escuridão. Eu podia ouvir o distante som da chuva contra a velha janela da fazenda. Deve estar chovendo. Deve ser de manhã. Devo estar no meu quarto.
Meu quarto estava quente e úmido por causa da chuva. Por que minha janela estava aberta?
Minha cabeça estava latejando. Deitei novamente na cama e o sonho foi se dissipando,como sempre acontece. Eu estava em segurança no meu quarto,em nossa antiga casa,na mesma cama de mogno que rangia onde provavelmente seis gerações de Jauregui's dormiram antes de mim,onde pessoas não caiam por buracos negros feitos de lama e nada nunca acontecia.

Olhei para meu teto de gesso,pintado da cor do céu para impedir que as abelhas carpinteiras fizessem ninho ali. O que havia de errado comigo?
Havia meses que eu tinha esse mesmo sonho. Apesar de não conseguir me lembrar de tudo,a parte da qual eu me lembrava era sempre a mesma. A garota estava caindo. Eu estava caindo. Tinha que me segurar mas não conseguia. Se eu soltasse,alguma coisa terrível aconteceria com ela. Mas esse era o problema. Eu não conseguia soltar. Não podia perde-la. Era como se eu estivesse apaixonada por ela,mesmo não a conhecendo. Tipo um amor antes da primeira vista.
Mas isso parecia loucura,porque era apenas uma garota num sonho. Eu nem sabia como ela era. Eu vinha tendo o sonho a meses,mas em todo esse tempo jamais tinha visto o rosto dela,ou pelo menos não conseguia lembrar. Eu só sabia que tinha a mesma sensação horrível toda vez que a perdia. Ela escorregava da mina mão e meu estômago parecia afundar,como nos sentimos durante uma queda de montanha russa.

Frio na barriga. Essa era uma porcaria de metáfora. Era mais como um tiro.
Talvez eu estivesse enlouquecendo,ou talvez só precisasse de um banho. Os fones ainda estava em volta do meu pescoço,e quando olhei para o iPod,vi uma música que não reconheci.

"Dezesseis luas".

O que era aquilo? Cliquei nela. A melodia era assustadora. Eu não conseguia identificar a voz, mas tinha a sensação de que já tinha ouvido aquilo.

Dezesseis luas,dezesseis anos
Dezesseis dos seus mais profundos medos
Dezesseis vezes você sonhou com minhas lágrimas
Caindo,caindo ao longo dos anos...

Era deprimente,assustadora... Quase hipnótica.

-Lauren Michelle Jauregui Morgado! - Consegui ouvir Amma gritando mesmo com a música alta.

Desliguei o iPod e sentei na cama,afastando as cobertas. Os lençóis pareciam estar cheios de areia,mas eu sabia que não era isso.
Era terra. E minhas unhas estavam pretas de lama,da mesma forma que ficaram na última vez que tive o sonho.
Enrolei o lençol e o enfiei no cesto de roupa suja embaixo do uniforme do treino do dia anterior. Entrei no chuveiro e tentei esquecer tudo enquanto esfregava as mãos e os últimos pedaços pretos do meu sonho desapareciam pelo ralo. Se eu não pensasse naquilo, não estaria acontecendo. Era assim que eu lidava com a maioria das coisas nos últimos meses.
Mas não quando se tratava dela. Não dava pra evitar. Eu sempre pensava nela. Sempre voltava a ter o mesmo sonho,mesmo não conseguindo explica-lo. Então,era esse meu segredo,tudo que queria contar. Eu tinha 16 anos,estava apaixonada por uma garota que não existia e estava ficando louca.
Não importava o quanto eu esfregadas,não conseguia fazer meu coração parar de bater forte. E mesmo com o cheiro de sabonete e do Shampoo,eu ainda conseguia sentir aquele aroma. Bem leve,mas eu sabia que estava lá.

16 Luas✝Onde histórias criam vida. Descubra agora