Um buraco no céu

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                              [...]

Frango frito,purê de batata com molho,vagem e pão — o prato,frio e raivoso sobre o fogão onde Amma tinha deixado. Normalmente ela mantinha meu jantar quente até que eu chegasse do treino,mas hoje não. Eu estava muito encrencada. Amma estava furiosa,sentada a mesa comendo balinhas de canela e rabiscando nas palavras cruzadas do New York times.
Meu pai assinava escondido a edição de domingo porque as palavras cruzadas do  The Stara and Stripes , tinham muitos erros de ortografia. Não sei como ele conseguia fazer sem que Eaton percebesse,pois ele teria feito a cidade inteira saber que éramos bons demais para o The Stara and Stripes.  Mas não havia nada que meu pai não fizesse por Amma.
   Ela deslizou o prato na minha direção,olhando para sem olhar para mim. Enfiei purê e frango na boca,não havia nada que odiasse mais Amma que comida deixada no prato. Tentei manter distância da ponta do seu lápis especial número dois,usado apenas para palavras cruzadas e mantido tão apontado que poderia ferir a ponto de sangrar. Hoje,era possível.

Escutei o barulho initerrupto da chuva no telhado. Não havia nenhum outro som na cozinha. Amma bateu o lápis na mesa.

Oito letras. Confinar ou provocar dor devido a um erro cometido.

Ela me lançou outro olhar. Enchi a boca de purê de batata. Eu sabia o que estava a caminho. Nove horizontal.

C-A-S-T-I-G-A-R. O que quer dizer punir. O que quer dizer que se não consegue chegar na escola na hora,não vai sair dessa casa.

Fiquei pensando sobre quem tinha ligado para informar a Amma de que eu tinha chegado atrasada hoje,ou mais provável,quem não tinha ligado. Ela apontou o lápis apesar de ele estar de ponta fina,enfiando o mesmo no velho apontador automático na bancada. Ela ainda estava claramente " Não olhando" para mim,o ir era bem pior do que me olhar nos olhos.
  Andei até aonde ela estava apontando o lápis e passei meu braço em torno dela,dando-lhe um bom aperto.

Pare com isso Amma. Não fique zangada. Estava chovendo forte de manhã. Você não ia querer que corressem os na chuva,não é?

Ela ergueu uma sombrancelha ,nas a expressão se amenizou.

– Bem parece que vai continuar chovendo de agora até o dia que você cortar esse cabelo,então é melhor você pensar em um jeito de chegar a escola antes que toque o sinal.

–Sim senhora. – Apertei mais a vez a mesma e voltei para meu purê frio. –  Você não vai acreditar no que aconteceu hoje. Tem uma garota nova na nossa turma. – Não sei porque disse aquilo. Acho que ainda estava na minha cabeça.

– Acha que eu não sei sobre Camila Cabello?

Engasguei com o pão. Camila Cabello. O modo que Amma falou seu nome parecia ter algo errado.

– É esse o nome dela? Camila?

Amma empurrou um copo de achocolatado em minha direção.

- É , e não é da sua conta. Você não deveria se meter com coisas das quais você não sabe nada Lauren Jauregui.

Amma sempre falava em código e nunca oferecia nos do que isso. Eu não ia a casa dela em Wader's Creek desde que era criança,mas sabia que a maioria das pessoas da cidade ia. Amma era a leitora de tarô mais respeitada num perímetro de 160 quilômetros de Gatlin,assim como a mãe dela antes dela e a avó antes da mãe. Seis gerações de videntes. Gatlin estava cheia de batistas de Deus,metodistas e pentecostais,mas eles não conseguiam resistir a atração das cartas,da possibilidade de mudar o curso do próprio destino. Porque era isso que eles acreditavam que uma poderosa vidente podia fazer.
  As vezes eu encontrava um dos seus amuletos caseiros na minha gaveta de meias ou pendurado sobre a porta do escritório do meu pai.

–Ouviu alguma coisa sobre ela?

– Cuidado. Um dia você vai fazer um buraco no céu é o universo vai cair por ele. Aí todos estaremos com problemas.

Meu pai entrou na cozinha de pijama. Ele se serviu de uma xicara de café e pegou uma caixa de ceral de trigo na dispensa Dava pra ver os tampões amarelos enfiados nas orelhas dele. O cereal significava que o dia dele estava começando .

me inclinei e sussurrei para Amma:

- O que você ouviu?

Ela pegou meu prato com força e o levou para a pia. Lavou uns ossos que pareciam de porco,o que era estranho,ja que a comida tinha sido frango,e os colocou no prato.

- Isso não é da sua conta. O que eu gostaria de saber é porque você esta tão interessada Lauren?

Encolhi os ombros.

- Na verdade,não estou. Só curiosa.

-Você sabe o que dizem sobre curiosidade.

Ela enfiou um garfo no meu pedaço de torta de creme. Depois se virou para mim,dando aquele olhar e saiu. Até meu pai reparou na porta da cozinha balançando depois que ela saiu e puxou um tampão do ouvido.

- Como foi a escola?

- Bem.

- O que você fez a Amma?

- Cheguei atrasada na escola.

Ele observou meu rosto. Observei o dele.

- Numero dois?

assenti brevemente.

- Apontado?

- Já estava apontadomas ela o apontou mais. - suspirei.


Meu pai quase sorriu,o que era coisa rara. Senti uma onda de alivio,talvez até de ter conseguido uma façanha.

- Sabe quantas vezes sentei nessa mesa velha enquanto ela me ameaçava com um lapis quando eu era criança?   - Perguntou ele,apesar de não ser exatamente uma pergunta. A mesa,lascada e manchada com tinta,cola,e caneta de todos os Wate que vieram antes de mim,era uma das coisas mais velhas da casa.

sorri. Meu pai pegou a tigela de cereal e balançou a colher na minha direção. Amma tinha criado meu pai,um fato do qual eu era lemrada cada vez que pensava em ser insolente com ela quando criança.

- M-I-R-I-A-DE -  Ele soletrava a palavra enquanto colocava a tigela na pia.  - P-L-E-T-O-R-A. O que quer dizer maior do que você Lauren.


Quando ele chegou embaixo da luz da cozinha,o meio-sorriso se reduziu a um quarto e depois sumiu. Ele parecia ainda pior que o normal. As sombras no seu rosto estavam mais escuras,e dava para ver os ossos embaixo da pele. O rosto estava verde de tão palido por nunca sair de casa. Ele parecia um cadaver,ja havia alguns meses. Era dificil lembrar que ele era a mesma pessoa que costumava sentar comigo por horas na beira do lado Moultrie,comendo sanduiche de salada de galinha e me ensinando a jogar a linha de pesca. ''Para frente e para tras.Dez e duas.Com o ponteiro do relogio.'' Os ultimos cinco meses foram dificeis para ele. Ele amava mesmo minha mãe. Mas eu tambem amava.


                                                                                      [...] 

eaiiiiiii delicias mais tarde tem continuação desse capitulo

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bjus de luz ate loguinho


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