2°♦Precedentes históricos

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A palavra θέλημα (thelema) é rara no grego clássico, onde significa "o desejo apetitoso, às vezes até sexual", mas é frequente na Septuaginta.Os primeiros escritos Cristãos, ocasionalmente, usam a palavra para referir-se à vontade humana,e mesmo à vontade do adversário de Deus, o Diabo.mas, geralmente, refere-se à vontade de Deus.Um exemplo bem conhecido é a "Oração do Senhor" (Evangelho segundo Mateus 6:10:), "Venha o Teu reino. Seja feita a tua vontade (Θελημα). Assim na terra como no céu." Ela é usada de novo mais tarde no mesmo evangelho (26:42), "E, afastando-se de novo pela segunda vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade." Santo Agostinho, em seu sermão do Século V, em João 4:4-12,  deu uma instrução semelhante: "Ama e fazes o que queres." (Dilige et quod vis fac).

No Renascimento, um personagem chamado Thelemia, representa a vontade ou desejo na Hypnerotomachia Poliphili do monge Dominicano Francesco Colonna. O protagonista Poliphilo tem dois carros alegóricos de guias, Logística (razão) e Thelemia (vontade ou desejo). Quando forçado a escolher, ele escolhe a realização sexual, sobre a lógica.O trabalho de Colonna foi uma grande influência sobre o monge Franciscano  François Rabelais que, no século 16, usou Thélème, a forma francesa da palavra, como o nome de uma abadia fictícia em seus romances Gargântua e Pantagruel. A única regra da Abadia foi "fay çe que vouldras" ("Fais ce que tu veux", ou, "Faze o que tu queres"). Em meados do século 18, Sir Francis Dashwood escreveu o adágio em uma porta de entrada de sua abadia em Medmenham, o qual serviu como lema do Clube do Inferno.A Abadia de Thelema de Rabelais tem sido referida por escritores posteriores como Sir Walter Besante James Rice, em seu romance Os Monges de Thelema (1878), e C. R. Ashbee em seu utópico romance A Construção de Thelema(1910).

François Rabelais

François Rabelais era um monge Franciscanoe, mais tarde, um monge Beneditino  do século 16

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François Rabelais era um monge Franciscanoe, mais tarde, um monge Beneditino  do século 16. Por fim, ele deixou o mosteiro para estudar medicina, e mudou-se para a cidade francesa de Lyon em 1532. Lá, ele escreveu a série de livros Gargântua e Pantagruel. Eles contam a história de dois gigantes, um pai (Gargântua) e seu filho (Pantagruel), e suas aventuras divertidas e extravagantes, e de tom satírico.

A maior parte dos críticos de hoje concordam que Rabelais escreveu a partir de uma perspectiva Cristã humanista.Lawrence Sutin, biógrafo de Crowley, notou isto quando contrastou as crenças do autor francês com o Thelema de Aleister Crowley. Na história de Thélème mencionada anteriormente, que os críticos analisaram como referindo-se em parte ao sofrimento dos fiéis Cristãos reformistas ou "evangélicos"dentro da Igreja francesa, a referência à palavra em grego θέλημα "declara que a vontade de Deus rege esta abadia". Sutin escreve que Rabelais não foi precursor de Thelema, com suas crenças contendo elementos de estoicismo e de bondade Cristã.

Em seu primeiro livro (cap. 52-57), Rabelais escreve sobre esta Abadia de Thélème, construída pelo gigante Gargântua. É uma utopia clássica, apresentada a fim de criticar e avaliar o estado da sociedade dos dias de Rabelais, ao contrário de um moderno texto utópico que procura criar o cenário na prática. É uma utopia, onde os desejos são realizados. Satírico, ele também sintetiza os ideais considerados na ficção de Rabelais.Os habitantes da abadia eram governados apenas por sua livre-vontade e o prazer, a única regra é "Faze o Que Tu Queres". Rabelais acreditava que os homens que são livres, bem nascidos e criados, têm honra, que intrinsecamente leva a ações virtuosas. Quando restritas, suas naturezas nobres transformam-se a fim de remover sua servidão, porque os homens desejam o que a eles é negado.

Alguns Thelemitas modernos consideraram que o trabalho de Crowley se baseia no resumo de Rabelais. Rabelais, foi várias vezes creditado pela criação da filosofiade Thelema, como uma das primeiras que as pessoas se referem a ela,ou como sendo "o primeiro Thelemita".No entanto, o atual Grão-mestre Geral do Califado da O.T.O nos Estados Unidos afirmou:

Aleister Crowley escreveu em Os Antecedentes de Thelema, (1926), uma obra incompleta não publicada nos seus dias, que Rabelais não somente estabeleceu a lei de Thelema de uma forma semelhante à forma como Crowley entendeu, mas previu e descreveu em código a vida de Crowley e o texto sagrado que ele afirmava ter recebido, O Livro da Lei. Crowley disse que o trabalho que ele tinha recebido foi mais profundo, mostrando mais detalhadamente a técnica que as pessoas devem praticar, e revelando mistérios científicos. Ele disse que Rabelais se limitou a retratar um ideal, em vez de tratar de questões de economia política e assuntos semelhantes, os quais devem ser resolvidos, a fim de perceber a Lei.

Rabelais é incluído entre os Santos da Ecclesia Gnostica Catholica.

Francis Dashwood e o Clube do Inferno

Sir Francis Dashwood adotou algumas das ideias de Rabelais e traduziu a regra para o francês, quando ele fundou um grupo chamado "os Monges de Medmenham" (mais conhecido como o Clube do Inferno)

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Sir Francis Dashwood adotou algumas das ideias de Rabelais e traduziu a regra para o francês, quando ele fundou um grupo chamado "os Monges de Medmenham" (mais conhecido como o Clube do Inferno).Uma abadia foi fundada em Medmenham, em uma propriedade que incorporou as ruínas de uma da abadia Cisterciense fundada em 1201. O grupo era conhecido como os Franciscanos, não devido a São Francisco de Assis, mas devido a seu fundador, Francis Dashwood, 11º Barão de le Despencer. John Wilkes, George Dodington e outros políticos foram membros. Há pouca evidência direta do que o Clube do Inferno de Dashwood praticava ou acreditava.O testemunho direto vem de John Wilkes, um membro que nunca entrou para a sala do círculo interno.Ele descreve o grupo como hedonistas que se reuniam para celebrar as mulheres e o vinho", e acrescentou ideias dos antigos apenas para tornar a experiência mais decadente.

Na opinião do Tenente Coronel Towers, o grupo derivava mais de Rabelais do que da inscrição sobre a porta. Ele acredita que eles usaram cavernas como templo oracular Dionisíaco, com base na leitura de Dashwood dos capítulos relevantes de Rabelais. Sir Nathaniel Wraxall, em seu Histórico de Memórias (1815), acusou os Monges de realização de rituais Satânicos, mas estas reivindicações foram negadas como sendo apenas boatos.Gerald Gardner e outros, tais como Mike Howard,dizem que os Monges adoravam "a Deusa". Daniel Willens argumentou que o grupo provavelmente praticava maçonaria, mas também sugere que Dashwood pode ter mantido sacramentos católicos. Ele pergunta se Wilkes teria reconhecido uma verdadeira Missa Católica.

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