Lobisomens 01

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A noite estava calma, a lua cheia erguia-se no céu, mas todas as criaturas da floresta se encolhiam nos seus esconderijos, com medo de serem encontrados, pelos predadores que vagavam pela floresta, as patas almofadadas destes predadores não enviavam nenhum sinal sonoro da sua presença, as suas garras mortais esperavam, pacientemente recolhidas, pelo momento oportuno, os dentes aguçados num focinho aberto, sentiam os cheiros e ajudavam a respirar melhor, os olhos brilhavam na noite de várias tonalidades diferentes, vários pares de olhos, que vagavam pela floresta em busca de presas, apenas pelo instinto da caça.

A floresta encontrava-se rodeada por um muro alto, para que nenhuma criatura pudesse entrar ou sair, sem ser pelo enorme portão gradeado, no lado que dava acesso à estrada de gravilha que encontrava um cruzamento. Do outro lado do portão, encontravam-se dois homens, de cada lado do portão, numa postura alerta e num uniforme igual, cotas de malha, por baixo de uma túnica azul escura com o símbolo de uma cabeça de lobo, a uivar em preto, à cintura descansava uma espada, embainhada, sem grandes ornamentos e nas mãos, pronta a disparar, estava uma poderosa besta. Os uivos faziam-nos tremer, mas não mexiam um musculo, mesmo controlado pelo medo, pois o castigo para aquele crime, era a morte, pior que os uivos, só mesmo os barulhos de agonia que os animais incautos que eram apanhados pela alcateia de lobos pesos dentro da floresta.

Todos os barulhos terminaram com o raiar do dia e seis pessoas de diferentes estaturas, fisionomias, géneros e indumentárias dirigiram-se ao portão, pelo lado de dentro, um dos homens vestido de forma elegante, com o cabelo cinzento e olhos castanhos, bateu no portão, fazendo os guardas saltarem, antes de se voltarem, para o abrir, a cabeça a olhar para o chão e murmuram um cumprimento, misturado de respeito e medo, assim que o grupo passou.

Eles dirigiram-se ao cruzamento e tomaram o caminho da esquerda, que dava para o castelo, foram cumprimentados por quem passava na rua e por fim, chegaram a simples sala do trono, onde a rainha recebia nobres e peticionários, o único ornamento, para alem de um trono simples, era a tapeçaria com o símbolo do reino, o mesmo que se encontrava na túnica dos soldados.

Quem olhasse para o grupo, nunca diria quem era a rainha, do grupo, três eram mulheres, duas usavam ricos vestidos, mas a terceira, usava umas calças de andar a cavalo, um corpete de couro, com uma saia do mesmo tecido, pela zona das coxas, para se mover com facilidade, uma espada descansava no seu cinto, uma bainha simples, mas o guarda-mão ornamentado, uma capa azul veludo brilhante, esvoaçava atras dela, as botas de couro macio, marcavam-na como alguém habituado a caminhadas, o cabelo loiro, quase branco, entrançado rigorosamente, batia-lhe nas costas, os olhos castanhos indicavam uma sabedoria, fora do comum, para a idade e uma sombra de selvagem, foi essa mulher que se dirigiu ao trono simples e se sentou, olhou para os seus acompanhantes e assentiu com a cabeça:

-Meus amigos, podem ir, encontramo-nos logo a noite!

-Minha rainha! - Despediram-se os outros, baixando a cabeça e saindo da sala do trono.

Assim que eles saíram, a jovem mulher suspirou e fez sinal, para que a pessoa que se encontrava nas sombras, do seu lado direito, se aproximasse dela. Uma mulher, com um vestido simples, mas colorido, com padrões estranhos, um cabelo ruivo selvagem e longo que lhe batia solto pelas costas, uns olhos verdes com um brilho de loucura e sabedoria adquirida de formas estranhas, uma bolsa de couro pendia-lhe do lado esquerdo, presa a um cinto, aproximou-se e fez uma vénia respeitadora:

-Minha rainha!

-Arya, quantas vezes te tenho que pedir que me trates por Alexa?

-E quantas vezes, minha rainha, lhe disse que isso seria indecoroso?

-Talvez, na frente de outras pessoas, no entanto, estamos sozinhas, trata-me por Alexa!

-Como queiras, Alexa!

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