Lobisomens 02

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Alexa falou, sem pensar, quando disse que ia, mas mal as palavras sairá da sua boca, uma convicção apoderou-se dela, sabia que não poderia deixar mais ninguém correr o risco de acompanhar um vampiro, não sabia se algum membro da sua alcateia teria a força de vontade suficiente para não atacar o vampiro, alem de que, não se sabia quanto tempo essa jornada levaria e se apanhasse uma lua cheia, nenhum dos outros conseguiria manter a forma humana, especialmente com um vampiro a seu lado.
Edwin olhou para ela, os seus olhos castanhos claros demonstravam incredulidade, como se achasse que a mulher a sua frente não estaria a altura do desafio, como se a achasse maluca para deixar um reino sem rainha e partir numa jornada sem final destinado, os lábios formaram uma linha fina, como se de aluma maneira tentasse desvendar o que ia na cabeça de Alexa, sem no entanto, falar, quando falou, desviou o olhar, com um sorriso de traves, como se julgasse aquilo uma brincadeira:
-Rainha Alexa, não querendo desrespeitar, mas será que perdeu a cabeça? Vai deixar um reino sem líder? Não que eu tenha aluma coisa a ver com isso, mas soa-me arriscado de mais!
-Eu tenho as minhas razões Príncipe Edwin e meu reino ficará bem cuidado! Só peço que, isto fique em segredo, apenas os elementos da minha alcateia e a mercadora saberão, da minha parte. Espero que confie apenas naqueles que tem que confiar! - Pediu ela, olhando para o horizonte, pensativa.
-Quanto menos pessoas souberem, melhor! Pode contar com isso! Quando partiremos?
-Eu tenho que deixar as coisas orientadas, por aqui, assim como, de certeza, você terá que voltar para casa e avisar quem está no comando! Uma semana chega-lhe?
-Claro que sim! Sou um vampiro, não um lobisomem!
-Deixando de lado a ofensa. Encontramo-nos daqui a uma semana, no rio Esmeralda, na estrada de pedra!
-Não me dê ordens! - Grunhiu Edwin, obtendo de Alexa um revirar de olhos.
-Não era uma ordem, Príncipe Edwin, mas uma mera sugestão!
Ele arqueou uma sobrancelha, mas assentiu com a cabeça:
-Assim sendo, sugiro que tome uma refeição antes de partir para o norte!
-Eu não como a vossa comida! - Grunhiu mais uma vez Edwin, estar assim tão perto de Alexa o tornava mais irascível, com raiva.
-Eu sei que não, Príncipe Edwin! - Comentou ela, com uma doçura na voz. - Mandei ao seu quarto um humano voluntário, para que se alimente dele, antes de prosseguir!
Edwin espantou-se com a generosa oferta da rainha, não era comum, lobisomens oferecerem seus próprios servos para alimentar um vampiro, mesmo este sendo um emissário.
-Agradeço-lhe, Rainha Alexa, por essa generosa oferta. Se não se importa é se já tudo estiver discutido, vou me retirar, pois o sol não é generoso, com a minha raça! - Informou ele, sem esperar para ver o que a rainha diria.
Alexa ergueu-se do assento de pedra, mal o vampiro virou costas, a sua mente um rebuliço enorme, de prós e contras, de possibilidades, de caos e de desconhecido.
Dirigiu-se ao castelo e mandou chamar a sua alcateia e Arya, sentados na mesa oval ela olhou cada um no rosto antes de começar a falar:
-O tratado está a ser quebrado!
-Não sei de nada! - Comentou Arya. - Se houvesse alguma indicação disso, o mercador dos vampiros deveria de me ter contactado!
-Assim como tu deverias tê-lo informado, das actividades vampiras no nosso território! - Falou Andrew, pois tinha sido ele a descobrir essas informações.
-Sim é certo, só não o fiz ainda, porque Alexa me pediu para o não fazer... e... Porque eu não gosto do Flavius, nem sequer de entrar em contacto com ele!
-Não interessa agora! - Falou Alexa. - O que interessa é que o tratado esta a ser quebrado, pelos dois lados! Mas nenhum de nós tem ligação direta às quebras! Os Vampiros dizem-me que o calor emanado dos lobisomens aumentou e que isso possa em risco a sua espécie, acusou-me de estar a criar mais lobisomens do que o permitido no tratado...
-Isso é uma piada não? - Perguntou Truman o mais novo da alcateia.
-Não é uma piada, eu própria sinto o poder maior, como se houvesse mais lobisomens do que estes, nesta sala! E o Príncipe Edwin não tinha qualquer conhecimento dos ataques Vampiros no nosso território!
-Isso pode ser uma mentira deles! - Afirmou Elia, fixando-se na rainha.
-Não acredito que seja! Por isso mesmo, propôs ao Príncipe Edwin que se parta para investigar o que realmente está a acontecer, um vampiro e um lobisomem sem mais ninguém. Ele ofereceu-se para ir...
-Eu ofereço-me! - Voluntariou-se Flora.
-Não, Flora. Esta missão deve ser minha e de mais ninguém! - Explicou Alexa.
Vozes em discordância disparam da mesa, ao mesmo tempo, sem que Alexa conseguisse entender todas, deixou-os falarem, apanhando argumentos de um e de outro, nada que ja nao tivesse corrido a sua menre, até que cansada ergueu uma mão e todos se calaram olhando para ela:
-Conheço todos os vossos argumentos, intimamente, pois já me passaram pela cabeça. Agora oiçam-me e chegarão à mesma conclusão que eu cheguei! Não sabemos quanto tempo irá durar esta jornada, se apanhar uma lua cheia, vocês não conseguirão manter a forma humana e os vossos instintos irão atacar o vampiro e começar uma guerra. Algo que querem ser evitar a todo o custo! E sua é a razão principal, mas há mais que poderemos passar em revista, se houver necessidade de tomar uma decisão que afeta o destino do nosso reino, isso é algo que só eu posso tomar e vocês não tem a capacidade de entrar em contacto comigo, mas eu tenho a capacidade de o fazer com vocês. Além do mais, não é a primeira vez que um rei sai em missão, deixando o reino nas mãos da alcateia!
-Sim, mas quando isso aconteceu, já havia um herdeiro para o trono, um Natural, o que não é o caso! - Falou Charles.
-Eu sei, Charles, mas acho que os prós de eu ir, são maiores que os contras, alem do mais, o príncipe Edwin terá a necessidade de evitar que eu morra, pois se tal acontecer, significa guerra, entre os dois reinos e isso é algo que nenhum dos dois quer!
-Compreendo o que dizes, Alexa, mas eu poderia ir, no teu lugar! - Falou Arya.
-E quem tomaria conta do meu reino e da minha alcateia, Arya? E se acontecer alguma coisa, com quem poderia contar para entrar em contacto com o mercador dos vampiros?
Arya assentiu com a cabeça, percebendo o que Alexa dizia:
-Quero que tomem as decisões em conjunto, que compareçam na sala do trono, para ouvir os súbditos e que sejam justos com eles, prometam-me isso é partirei descansada! Se houver alguma coisa fora do normal, peçam a Arya que me contacte.
-E o que diremos, quando as pessoas perguntarem por ti?
-Digam que me encontro a tratar de assuntos do reino!
-Isso não vai levantar suspeitas?
-Creio que não! Se tal acontecer peço que inventem uma desculpa, mas nada que alarme as pessoas! Não digam que eu parti e muito menos que estou mal de saúde!
-Prometemos Alexa! - Falou Truman, com os olhos pregados na mesa, o seu cabelo careca e orelhas pronunciadas, num corpo magro, era tudo o que se podia ver, sobre as roupas largas do lobisomem.
-Mais alguma dúvida ou questão pertinente? Antes de irmos embora?
-Não,acho que não! - Comentou Charles,pouco convencido,mas seguiria as ordens de sua rainha.
-Isto não deve de sair desta sala! Os verdadeiros motivos da minha ausência, não devem, nunca, sair desta sala! Poderia causar um tumulto e rebeliões, para não falar de guerra! - E foi com essas mórbidas palavras que Alexa se levantou e saiu da mesa.
A caminho dos seus aposentos,uma criada, parou-a:
-Senhora, preciso avisá-la de que o emissário dos vampiros já deixou os terrenos do Castelo!
-Obrigado, Cassandra.
A mulher magra com o uniforme dos criados, fez uma reverência e seguiu caminho.
Alexa chegou ao seu quarto e apesar de estar tentada a se deitar na cama, decidiu começar a colocar as coisas à jeito para a missão, no baú por baixo da janela, tirou a espada, que pertencera a seu pai, o gume afiado, como só os Mercadores sabiam fazer, embutida de um feitiço que impedia que se manchasse ou enferrujasse, o guarda mão simples e o punho coberto com couro, gasto do uso, o pinho finalizava com a cabeça de um lobo, a bainha que encerrava a lâmina era feita de metal e protegido com couro, um cinto com uma fivela trabalhada, simples, mas eficaz. Retirou a armadura leve, uma camisa de malha, tecido e coiro reforçado nos pontos sensíveis, umas braçadeiras de metal, que protegiam seus braços, quando quisesse usar o arco, umas calças de montar esperavam por ela no outro lado do quarto e uma capa negra, compunha o seu traje de viagem, isso e o arco curvo, junto com uma aliava carregada de flechas. Assim que estava tudo pronto, Alexa pediu o jantar e que preparassem o seu cavalo, Jax para um passeio pela manhã.

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