IV - em busca do pote de ouro

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No dia seguinte, como combinado, antes do sol nascer os três já se encontravam dentro do bosque mais temido da terra escondida. Layla avisara ao Flynn da sua óptima pontaria caso ele tentasse fugir. Kamal decidira ir com eles, pois, ficaria com peso de consciência caso não fosse, ao lado deles vinha também o Falcão uma vez que não havia ninguém para tomar conta dele se ficasse para trás.

Flynn estava descontraído uma vez que não era a primeira vez que algo semelhante acontecia e todos acabavam do mesmo jeito: ou o ouro desaparecia, ou acabavam por morrer. Normalmente as duas coisas aconteciam ao mesmo tempo. Não que ele os matasse, mas porque no regresso eles não conseguiam sair do bosque pois, se perdiam nele para não falar que realmente havia mais criaturas como o Flynn, mas bem piores que ele, como por exemplo um Troll.

Felizmente não era necessário chover para encontrar o pote. Flynn sabia muito bem onde guardava o seu tesouro: dentro de uma longa, perigosa e assustadora gruta. A história de que eles se encontravam no fim do arco-íris era nada mais nem menos que lendas inventadas por eles mesmo afim de afastar qualquer suspeita sobre as grutas.

— O que disseste à eles? — Layla perguntou. Estava preocupada com os pais do Kamal. Ele era o filho mais velho e os senhores Callis não iam gostar nada de saber que ele se arriscou a entrar dentro do bosque mais temido com ela.

O sol já estava a desaparecer entre as grandes árvores dando entrada à noite e ao escuro. Tinham andando um bom bocado e estavam cansados por isso decidiram acampar num lugar seguro onde pudessem comer, dormir e só assim voltarem a dar início a viagem antes do sol abrir no dia seguinte.

— Que íamos acampar — Kamal respondeu o que não deixava de ser verdade, pois era exatamente isso que estavam a fazer naquele momento. E assim entregou a comida enlatada para amiga que recebeu sem hesitar.

Flynn estava um pouco mais afastado deles amarrado para não fugir e o Falcão estava ao seu lado supostamente controlando-o. Os dois já tinham comido algo e agora Flynn apreciava os dois melhores amigos a conversarem.

— Não era necessário vires connosco — Era a segunda vez que Layla repetia isso ao amigo.

— Mas cá estou eu e não dá pra voltar atrás — respondeu e começou a comer a sua comida enlatada.

Layla olhou para ele mais alguns segundos e voltou a comer a sua comida também. Kamal tinha trazido com ele pães de leite e alguns bolos e salgados garantindo assim que não passassem fome durante a pequena jornada.

— Obrigada. — agradeceu sem olhar para ele. No fundo sentiu-se grata de tê-lo por perto.

Layla podia muito bem ter feito a viagem sem o Kamal mas ela também sabia e muito bem que não seria a mesma coisa sem ele. A amizade dos dois podia ter vários altos e baixos, mas no fim eles davam sempre um jeito de ficarem juntos engolindo assim o orgulho, o que de certa forma fortalecia ainda mais o laço de amizade.

Kamal deixou sair um riso dos seus lábios pensativo ao ouvir o agradecimento da amiga.

— Em hipóteses nenhuma eu ia deixar-te vir pra aqui sozinha — esclareceu. — Por mais teimosa que sejas e por mais que eu não esteja de acordo com tudo isso — foi sincero e fitou-a.

— Eu preciso dessas moedas de ouros, Kamal. — disse com os olhos virados à ele. — É o meu único bilhete de saída. — comentou e desviou o olhar — Sei que não entendes o porquê de eu querer ir embora, sei que não aprovas tudo isso, mas é algo que tenho de fazer para mim mesma.

Um pequeno silêncio reinou ao redor dos dois. Cada um estava pensativo em relação aquilo tudo. Layla porque queria muito meter as mãos em cima dos ouros para sair da cidade escondida e para facilitar a sua vida daí em diante. Kamal porque não conseguia ver a sua vida sem a sua melhor amiga daí em diante e por mais que ela o explicasse o porquê de querer ir embora, ele não conseguia entender. Qual era o problema de ficar aí? Tudo bem que não tinha as melhores das melhores condições mas ainda assim ela tinha-o a ele. Não era isso que mais importava? A amizade dos dois?

— Ir embora... — Kamal balbuciou e baixou a cabeça.

— Eu preciso fazer isso.

— Tudo bem — ele encolheu os ombros e apertou os lábios ainda cabisbaixo — É melhor dormirmos. Já está tarde — levantou-se e endireitou o seu lugar para poder dormir.

Layla acabou por fazer o mesmo e deitou-se no seu saco de acampar ao lado do amigo.

— Tu vais continuar a ser a coisa mais importante na minha vida, Kamal, mesmo que eu não esteja aqui.

— Pena que nunca vou poder competir com a tua ganância. Eu perco de certeza — comentou, virou a cabeça para o outro lado e fechou os olhos determinado a adormecer.

Isso não deixava de ser verdade e Layla tinha conhecimento disso. Por mais que o Kamal fosse importante para ela o dinheiro sem dúvida nenhuma era mais. De certo que ele não teria hipótese nenhuma pois ela escolheria sempre o dinheiro antes de qualquer coisa e isso incluía o seu melhor amigo também.

Layla pegou e virou o seu rosto para o outro lado também e fechou os seus olhos mergulhando num sono.

Flynn, o duende que continuava acordado e escutava a conversa de Layla e Kamal só fechou os olhos quando os melhores amigos terminaram de falar.

Assim que o Sol ameaçou a sua presença, eles levantaram-se. Organizaram tudo o que tinham e voltaram a dar início à viagem em total silêncio com o Flynn à frente guiando-os para o seu território. Ao mesmo tempo que andavam comiam alguns dos bolos que o Kamal trouxera.

Os dois amigos estavam meio afastados um do outro depois da pequena conversa que tiveram na noite anterior. Só trocavam algumas palavras quando fosse realmente necessário e Flynn fez questão de notar isso. Falcão estava ao seu lado pois tinha se afeiçoado ao duende por mais que no princípio ele o tenha afastado. Agora, até fazia festinhas nele como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Finalmente dentro da gruta, os dois amigos seguiram com muito cuidado o território do inimigo. No fim, tudo correu bem exceto a discussão recente e os morcegos que levantaram voo após Kamal pisar um ramo seco.

— Chegamos. — disse o Flynn com uma calma suspeita.

Layla logo ficou seduzida pelo brilho do imenso ouro que se encontrava à sua frente. Há dois dias atrás ela fazia planos de roubar para poder juntar dinheiro suficiente pra sair da aldeia. Diante daquele magnifico tesouro, ela lembrara-se do porque amava tanto o dinheiro.

Hipnotizada pela ganância, Layla caminhou até ao pote sem ao menos desconfiar do qual fácil aquilo tudo se tinha tornado. Preste a tocar as moedas de ouro, ela ouviu a voz do Kamal atrás de si.
— Layla, ajuda-me! — gritou em desespero, clamando por socorro.

      Layla virou o rosto para o amigo sobressaltada e em pânico. O chão de baixo dele tinha desaparecido e Kamal tentava agarrar-se numa pedra aflito para não cair.

E foi nesse momento que ela sentiu o seu coração a sair do lugar. Na verdade, ele pesou em seu peito. A sua mente logo se encheu de um monte de pensamentos. Olhou para o Kamal, seu amigo de infância preste a cair. Olhou para os vários potes de ouro, a resolução de todos os seus problemas, e por fim ao Flynn, o responsável por tudo aquilo. Nem foi necessário perguntar, ela sabia que tinha de fazer uma escolha. O duende estava a testá-la. Ele sabia que ela teria de passar por uma prova por isso estava tão calmo e relaxado. No momento tudo passou a fazer sentido na sua cabeça e tinha chegado a sua hora de tomar uma decisão.

— Então, qual será a tua escolha?

E não houve melhor momento que àquele pra Layla sentir uma vontade enorme de apertar o pescoço do duende.

— Filho da *** — praguejou para o Flynn sentindo-se derrotada.

• n o t a  d a  a u t o r a •

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