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Quando ela morreu, Layla sentiu-se desamparada e o sentimento de nunca pertencer a lugar nenhum tomou conta dela assim como também o facto de não pertencer a ninguém e foi quando o desejo de sair daí voltou.
— Mas há mais — a dona do jardim a fez acordar das suas memórias.
— Há?! — Layla perguntou curiosa.
— Claro que há — a senhora agachou-se para poder olhar bem para ela com um sorriso simpático no rosto e contou-lhe o resto.
Layla saiu daí entusiasmada levando o trevo de quatro folhas para o Fiji, o rapaz que ela tirou um dente no verão passado que a propósito já tinha substituído o vazio com um outro. Fiji era um artesanal de vidro. Negócio de família. Tudo que a Layla pedia ele fazia de graça e foi desse jeito que o amuleto foi feito. Não demorou mais que dois dias e quando já estava pronto ela o guardou bem e esperou o dia que ia entregar para o Kamal como uma recordação para que ele nunca se esquecesse dela, assim como ela nunca se esqueceria dele.
— Sabes que existe uma segunda intenção para ela te entregar isso, não sabes? — perguntou o Flynn com um ar de sabichão, e tal como Kamal, apreciava o comboio a distanciar-se.
O rapaz negro levou o olhar para o companheiro baixinho ao seu lado. Muito estranhamente Flynn quis se despedir do seu novo amigo, Falcão, por isso, acompanhou os dois até a estação de comboio. Ele não podia ser visto por ninguém. A sua identidade ainda era um segredo por isso deixou cair em cima de si um pó mágico e os únicos que conseguiam lhe ver era o casal de amigos e o gato de estimação.
— Existe? — Kamal perguntou admirado.
Flynn, o pequeno duende meteu-se a rir perante a ingenuidade do Kamal muito descontraído. Este por sua vez continuava a olhar pra ele com uma expressão interrogativa.
— Deixa-me explicar-te, meu caro jovem. Quando encontramos um trevo de quatro folhas temos sorte, mas quando oferecemos esse trevo, temos mais sorte ainda. Entendeu agora? — informou-lhe.
Kamal levantou o olhar para o amuleto. Observou-o mais uma vez e um sorriso travesso brotou de seus lábios. Na verdade, ele deu mesmo é umas boas risadas bem sonoras. Isso já não tinha importância.
— Sério! — exclamou.
Flynn assentiu positivamente.
— Engraçado. — Comentou — Até pra fazer um ato generoso, Layla procura sempre tirar proveito disso — disse pra si mesmo.
— Achei que conhecesses a tua amiga?
— E conheço. Só que não deixo de me surpreender mesmo sendo uma atitude típica vindo dela. Apesar disso tudo, é impossível não a amar depois de saber que ela me escolheu ao invés do ouro, ou seja, afinal de contas eu realmente sou mais importante que qualquer pote de ouro —deu um sorriso torto e meteu o amuleto à volta do pescoço.
— Bem — o duende suspirou e virou-se para o jovem ao seu lado com a mão no alto — Parece que o meu trabalho já está feito e dessa vez tudo correu bem. Vejo-lhe por aí. — apertou a mão do Kamal satisfeito pelo resultado. Dessa vez ele próprio se surpreendeu com o resultado final.
— Boa sorte com os próximos que escolheres. Até um dia — despediu-se.
Flynn riu perante a inteligência da Layla. Não conseguiu o ouro de um jeito mas no entanto conseguiu do outro jeito. De certo que não esqueceria dos dois tão cedo assim.
— Eu a subestimei — reconheceu ainda admirado.
— Pois foi. — Kamal concordou.
Flynn suspirou e estalou os dedos duas vezes seguidas. O rapaz negro olhou surpreso para aquilo ao ver os flashes de luzes brilhantes a sair dos dedos do duende. Magia! Pensou ele incrivelmente maravilhado.
— Isso é o que eu acho que é? — perguntou.
— Se o que achas que é for a sorte que a tua amiga procurou, então sim. A resposta para tua pergunta é sim.
Dentro do comboio, Layla encontrava-se sentada a apreciar a paisagem do outro lado da janela e fazendo festinhas no pelo do Falcão muito distraída até aparecer quatro sacos grandes bem diante dos seus pés.
Primeiro ela assustou-se, mas depois saltou do banco curiosa para saber o que se escondia dentro dos sacos misteriosos.
Abriu um e um sorriso largo se estalou bem nos seus lábios triunfante, pois, a sua recompensa por ter trabalhado tanto tinha finalmente chegado. O ouro que ela tanto desejava.
No fim, a sorte é que acabou por encontrá-la e não o contrário.
F i m
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À PROCURA DA SORTE
Short StoryLayla cresceu num lugar humilde mas ela nunca se conformou com o seu estado de vida sendo uma rapariga ambiciosa e mimada. Para conseguir o que quer ela muita das vezes age de maneira errada. Até que numa certa tarde surge a oportunidad...