Como num piscar de olhos, toda sua vida pode mudar?
Na SunHee não sabia bem a resposta. Nem mesmo cogitava a possibilidade antes de Min YoonGi, o garoto popular da universidade por sua ótima habilidade com a música, invadir sua vida.
Ela conseguiu...
Allan Poe uma vez escreveu uma obra chamada de "O Corvo". A obra em si conta com a visita misteriosa de um corvo falante a um amante perturbado, trazendo a lenta queda do homem na loucura.
O amante, muitas vezes identificado como estudante, lamenta a perda de seu amor, Lenore. Sentada em um busto de Pallas, o corvo parece instigar ainda mais sua angústia com sua constante repetição da palavra "Nunca mais".
Nunca mais.
Nunca mais.
Palavras essas que venho ouvido de mim mesmo por tanto tempo.
Eu preferia que Na SunHee fosse aquele Narrador Ignoto, era suposto dela. A inocência em pensar que ninguém nunca descobriria que morávamos juntos, era óbvio que esse dia chegaria.
Não naquele momento, não no dia seguinte ou na outra semana. Mas chegaria. E quando chegasse, eu preferia estar longe dela. Então, eu diria "nunca mais aproxime-se de mim".
Que ela ficasse longe do papel de corvo. Que minha sanidade se mantivesse e que, o corvo, nunca me levasse para a profunda loucura.
— Não sabia que lia Allan Poe. — Ela disse embolado, bebendo sua segunda garrafa de SoJu enquanto eu bebia lentamente a minha única. — Eu pensei que... Você era... — Um estudante fajuto? — Perguntei. Ri pelo nariz. — Não é a primeira. — Fez meu trabalho de Literatura Ocidental. — Ela bateu palmas, largando sua segunda garrafa totalmente vazia no chão. — Está de parabéns! — De nada, Na SunHee! — Falei, levantando-me. — Mas prometi que não deixaria encostar a boca numa garrafa de álcool.
Ela já esticava-se para a quarta restante quando agarrei-a primeiro e a levei até a cozinha, a colocando sobre a geladeira.
— Ya! — Choramingou e deitou-se no sofá enquanto o chutava. — Se calar-se, prometo leva-la até a cama. — Falei, rindo.
Ela sentou-se no sofá, ficando em silêncio.
Seus olhos ainda eram puros e inocentes e deixavam-me com mais raiva do que já tinha.
Eram olhos tão puros quanto os meus da primeira e última vez em que me apaixonei.
Me aproximei dela e agachei-me, a encarando.
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— Tem algo errado em você. — Afirmei.
Ela era mais bonita do que as outras garotas, mas era mais insuportável. Talvez até mais delicada e sensível. Ela era alguém com quem eu deveria lembrar de nunca me relacionar.
