Capítulo

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  O homem com uniforme vasculhava o quarto em busca da origem daqueles insetos. Durante todo esse tempo nenhuma formiga foi vista, Marin já começava a achar que todas aquelas formigas foram apenas um sonho ou uma ilusão de sua mente cansada. Mesmo que não falasse nada, era claro que o dedetizador achava o mesmo.

Sua mãe, por outro lado, estava furiosa. A mulher andava de um lado para outro na sala resmungando sobre o preço que pagou em uma casa infestada, e xingando ao mundo por ninguém ter avisado nada a ela. A mulher odiava insetos.

Mesmo muito grata por sua mãe ter acreditado nela dessa vez, Marin já estava quase pedindo para que todo mundo fosse embora, que tudo aquilo tinha sido um engano.

Foi então que viu. Uma formiga andava pelo chão.

- Aqui tem uma! Aqui tem uma! – Marin gritou para o homem antes que a pequenina pudesse se esconder de baixo do tapete, pois queria mostrar para eles que ela não tinha tirado as formigas de sua imaginação.

Para sua sorte ele a viu. Isso teve o mesmo efeito que um energético para ele, que já estava cansado e entediado, já que agora sabia que realmente haviam formigas para serem encontradas.

Seguindo o caminho que a formiga fazia, o profissional desceu as escadas em direção ao porão. A garota e sua mãe se perguntaram se deviam ou não acompanha-lo. Por fim decidiram ficar na sala.

Alguns momentos se passaram com o homem vasculhando o cômodo sob seus pés até que ele as chamou lá de baixo. Ambas desceram a escadaria ansiosas.

O porão era como qualquer porão deveria ser, escuro e poeirento. Parecia que o cômodo não recebia visitas humanas há séculos. Tudo estava coberto com uma grossa camada de poeira e o chão rangia dolorosamente a cada passo que davam.

As lâmpadas deveriam estar sem funcionar já há um bom tempo, Marin supôs, ou talvez nem existissem lâmpadas naquele lugar. Tudo estava tão escuro que era difícil dizer que a alguns degraus acima delas era um ensolarado dia. A única iluminação vinha da lanterna do dedetizador.

Quando mãe e filha se aproximaram viram que o homem segurava uma caixa de aparência antiga e frágil.

- Não precisam mais se preocupar com as formigas, já dei um jeito nelas.

A mãe pareceu aliviada, mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, Marin não conseguiu mais conter sua curiosidade:

- O que é essa caixa?

- Ah, essa daqui? – ele perguntou, indicando a caixa com a cabeça – As formigas vinhas de um ninho bem embaixo dessa caixa. É de vocês?

A garota fez que não com a cabeça, mas, olhando bem, havia alguma coisa nela que lhe parecia familiar.

- Posso ficar com ela?

- Claro, mas não sei porque você quer uma caixa empoeirada dessas.

Marin pegou a caixa e olhos de relance para o seu conteúdo. Não era muita coisa, apenas alguns papeis velhos.

- Podemos subir negociar o preço? – mãe perguntou, se dirigindo ao homem com a lanterna ainda acessa.

- Claro, vamos lá.

Então os dois subiram pela escada em direção à sala. Marin os seguiu, não queria vasculhar uma caixa misteriosa sozinha em um porão escuro. Sabia que isso não seria uma boa experiência.

Quando chegou no final da escada desviou para a cozinha. Colocou a caixa em cima da mesa de jantar e começou a revirar seu interior. Sua mãe e o profissional já haviam começado a discutir os preços na sala ao lado.

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