Leonardo ainda estava parado na porta. Logo atrás, Olívia chegou correndo e também ficou perplexa com o que viu. Saulo saiu de cima de Helena e caminhou devagar para próximo da janela. Helena, permaneceu estirada no chão, com lágrimas nos olhos.
— Helena! Meu Deus! — Olívia pôs as mãos na boca e passou por Leonardo, quase o empurrando.
Dantas, que também chegou ao quarto, parou na porta, confuso.
Com dificuldade, Olívia tentou colocar a cabeça de Helena em seu colo, e acariciou-lhe os cabelos tentando acalmá-la. Saulo ainda permanecia andando de um lado pro outro, longe de todos.
— Monstro! — Olívia berrou.
Saulo ignorou e continuou a olhar para a parede, sem saber o que fazer.
— Dantas, ajude-as — Leonardo ordenou.
O gerente entrou no quarto com rapidez e amparou Olívia. Os dois carregaram Helena para fora do quarto.
— Então? O que pensa que está fazendo?
Leonardo balançou as mãos e franziu o cenho tentando encontrar alguma explicação para o que era inexplicável. Saulo continuou mudo.
— Eu estou falando com você!
— Perdi a cabeça — Saulo tentou um meio sorriso — Qual homem não perderia?
Leonardo o encarou por alguns segundos, mas foi direto quando comunicou sua decisão.
— Você deixa o hotel a partir de agora. Depois de hoje, não dá mais. Já estamos com problemas suficientes.
— Calma, calma — Saulo abanou as mãos — Amanhã eu e Helena vamos embora... Dessa espelunca!
Saulo soltou uma gargalhada irônica. Leonardo caminhou até ele.
— Eu quero que você saia agora, entendeu? Agora.
Leonardo soletrou.
— Preciso saber onde está a Helena.
Saulo tentou ir até a porta, mas Leonardo o segurou pelo braço, o fazendo cambalear.
— Ela fica!
Saulo o olhou incrédulo, mas Leonardo foi irredutível.
— A Helena fica. Eu seria irresponsável em deixar você se aproximar dela. E cá entre nós, ela não deve estar com vontade de ir com você. Não acha?
— Quem cuida da minha mulher sou eu. E se eu fosse você, fazia o mesmo com a Olívia.
Saulo tentou sair, mas foi encurralado.
— Como é? — Leonardo se aproximou ainda mais dele.
— É o boato que corre, parceiro! Eu boto a minha na linha pra não ser corno. Mas tem gente que não cuida...
Leonardo, então, o pegou pela gola da camisa e o jogou contra a parede, prendendo o pescoço de Saulo com o braço. Os pés dele saíram alguns centímetros do chão e o homem começou a se debater.
— Nunca mais pronuncie da Olívia. Nunca... Mais — Leonardo rosnou — Pega tuas coisas e some. Se eu te encontrar... Ah.... Se eu te encontrar...
O braço de Leonardo apertou mais forte a garganta de Saulo, que tentou encontrar ar.
— Se eu te encontrar... — Leonardo enfatizou.
Ele retirou o braço do pescoço de Saulo, que caiu no chão, tossindo.
***
Bernardo estava radiante naquela manhã.
— Veja o relatório preliminar da perícia.
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A terra que ninguém conhece
Mystery / ThrillerSão Paulo, 1986. Mesmo apaixonada por outra pessoa, Júlia Vasconcelos estava prestes a se casar. No dia da cerimônia, no entanto, um crime interrompeu a entrada da noiva na capela do Hotel Rancho Azul, gerando um clima de desconfiança e intriga entr...