Tentativa 7

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- Ótimo! Quantos minutos faltam pra essa palhaçada acabar? – Ele olha o celular, e anda de um lado para o outro.- Vinte minutos, só mais vinte minutos!

Eu não quero dirigir uma única palavra a ele, então vou até o meu lugar me sentar.

- Não vai me agradecer? – Ele volta a me olhar de um jeito selvagem.

- Pelo que? – Abaixo minha cabeça me concentrando no joguinho do celular.

- Por ter salvado a sua pele!

- Pensei que você tinha dito que eu tinha te salvado. Se você não tivesse me usado como um álibi, talvez estivesse na diretoria, já eu estaria no intervalo nesse momento. – Rafael parece preocupado com alguma coisa, pensei que ele fosse retrucar. - Você é acostumado a mentir assim?

-  Vamos fazer assim, eu fico na minha, você fica na sua. Não precisa me agradecer.

- E quem disse que eu ia? – Viro a cadeira de costas para Rafael, para não ter que olhar para ele. Mas parece que quanto mais eu afasto mais o “bendito” se aproxima.

Ficamos em silêncio por um tempo até que...

- Não acredito que você joga truco online? – Mais uma vez esse menino dúvida do que eu sou capaz, e se aproxima, senta na minha frente sobre a mesa, coloca um dos pés em cima da carteira, e apoia o braço. Nós estamos próximos, eu olho pra cima e não respondo nada. – Sabe que isso aí é uma enganação, né? Eles te fazem perder no começo, e depois fazem você ganhar, aumentando sua confiança, até começar a viciar, e depois fazer apostas.

- Eu não preciso disso pra saber que eu sou boa, porque eu sou! – Encaro ele novamente.

- Então deixa eu ver sua classificação? – Nossos olhares não se soltam por nenhum segundo, e ele morde o lábio inferior. – Deixa?

- Não! Vamos voltar pra parte em que cada um fica na sua? – Como um jato ele estica os braços e pega meu celular.

- Tá se você não vai deixar eu ver, não vai ter seu celular de volta. – Diz e o esconde nas costas. – Eai?

Solto um suspiro, e estico minhas mãos: - Devolve!

- Sabe a condição né? É só uma classificação... A não ser que você tenha algo a esconder aqui.

- Tem pessoas nos vigiando esqueceu? Eu posso ir até lá e falar que você furtou meu celular! – Ameaço me levantar da cadeira e ele puxa meu braço.

- Sabe que isso não tem fundamento né? Você não tem nenhuma prova que eu fiz isso. Fora que eu não tenho cara de alguém ameaçador.

Olho para os meus braços e digo: - Ah vai por mim você tem sim! – Me solto e ele me deixa ir.

- Posso te acusar de calúnia! – Com as mão pra cima, ele me deixa encurralada e sem saída a não ser...

- Tá, da logo isso aí! – Não acredito no que  estou fazendo, de novo cedendo ao seus caprichos, primeiro o jardim, agora meu próprio celular.

- Nossa fácil assim? Pensei que ia ter que fazer mais esforço. – Ele se sentou e fez bico.

Desbloqueio meu celular, e mostro a ele minha colocação.

- Hum, 15° lugar. Nada mal pra uma iniciante...

- Nada mal? Ah tá. Então me mostra a sua!

Antes que Rafael respondesse, a inspetora abre a porta, trazendo dois hambúrgueres para nós. E avisa que vai ficar sentada do lado de fora nos observando. Nos levantamos e fomos pegar na mesa dos professores.

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