Enquanto eu subia a rua da minha casa, deparei com uma silhueta, por conta da minha sonolência de longe não dava pra identificar muito bem, depois consegui perceber que eram três pessoas uma vinha mais a frente, por isso pensei que era apenas uma. A que caminhava a frente era uma jovem, seguido por dois rapazes que pareciam a acompanhar. Conforme as pessoas se aproximavam a luz do sol empatava que os meus olhos pudesse identificar quem era, eles vinham rindo alegres, e apontavam na minha direção.
-Nossa menina quanto tempo.- Eu não conseguia ver seu rosto, mas a voz era familiar.-Me conhece de onde?
-Você estuda aqui não é. - Apontou para a escola.
-Estudava, porquê?
- Eu lembro de você. - Ela e seus amigos riram.- Você mudou bastante, agora soltou os cabelos, está mais arrumadinha... Porém continua magra. - Risadas novamente.
A garota continuou falando dessa vez eu conseguia ver sua boca se mexer, mas eu não conseguia ouvir, minha visão começou a embaçar de novo, se ao menos eu podesse ouvir...
Então as risadas foram interrompidas pelo comentário de um dos seus amigos:
-Nossa, você fez isso com ela?- Não conseguia vê-lo mas seu tom de voz parecia assustado.
E a voz feminina volta. - Para vai, não é pra tanto. E além do mais ela está bem hoje não é mesmo? Não fez mal algum aquilo que eu fiz naquela época, pensei que ela ia... Deixa pra lá.
" Naquela época? O que ela fez?"
Tento falar, tento gritar mas não consigo, algo está me puxando.
*
- Catharina... Tina? Filha está tendo pesadelos de novo? - Minha mãe me sacode, fazendo eu despertar.
Não consigo responder, mas faço que sim com a cabeça. Estou toda suada e meu cobertor está no chão.
- O que você sonhou? Você conseguiu ver alguma coisa dessa vez? - Seu olhar preocupado me corrói.
- Não mãe... Não consegui. - Meus olhos estão marejados, e eu não vou segurar as lágrimas dessa vez. - Se ao menos eu conseguisse ouvir para saber o que aconteceu... - Não consigo terminar e me jogo em seus braços. " Quando essa tortura vai acabar?"
Pedi pra minha mãe que me deixasse faltar, que estava me sentindo mal, e não queria ir a escola e ela deixou. Tomei meu café da manhã e fui correr. Meia hora de caminhada depois eu já estava sentada na calçada exausta.
Não Menti. Eu realmente estava doente. Precisa ficar em casa, parecia que tinha sido apedrejada. Mas não sentia dores no corpo, a minha doença, era profunda, era na alma. Eu estava em um conflito comigo mesma, não gosto de ser chata com os outros, mas as vezes eu encho o meu próprio saco, o dia inteiro eu só consigo pensar nos meus problemas, são pensamentos que me pertubam o dia inteiro: Insegurança, sou magra, porque ninguém gosta de mim? E ainda tem os pesadelos. O meu problema é achar que o problema sou eu, colocar culpa de tudo em mim mesma. Minha única culpa é essa. Os culpados tem nome, e endereço.
Eu não consigo parar de chorar, por muito tempo guardei esse choro tentando ser forte e agora ele quer sair... Daqui pra frente não vou permitir que façam eu chorar de novo.
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Just trying
Teen FictionCatharina se acha feia! Será mesmo? Ela vive uma vida monótona, sempre foi uma pessoa acomodada por tudo que já sofreu na vida. Tímida, nunca teve o sabor de experimentar a vida, e vê-la do jeito que realmente é. Porém um desejo incontrolável de mu...