7. Amora

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"Oh, onde estão suas maneiras?
Você precisa de um tempo?"
- Would you be so kind (Dodie)

Ashley já havia saído do refeitório quando vi Janna, uma das líderes de torcida, vindo em minha direção.

- Oi, Rosie. Como você tá, com o Adam indo embora e tudo?

- Bem, achei que seria pior.

- Que bom. Te vejo no treino hoje?

- Claro, até - respondi simpática como sempre. Eu gostava daquelas garotas, e Janna era assustadora de um jeito que me fazia me sentir como sua filha - ei, senti saudades.

- Eu também - um sorriso sincero se abriu nos seus lábios ao dizer isso.

Assim que ela se afastou, Austin começou a protestar sobre como eu ser líder de torcida era o tipo de coisa que nós deveriamos ter dito a ele e que não acreditava que eu tinha mentido para ele quanto ao meu nome.

- Rosie? Sério? Então ser brasileira é uma fachada e Ashley enlouqueceu? ESTOU INDIGNADO. Além disso, líder de torcida? EU NEM TE CONHEÇO MAIS. E o que diabos é um Adam? Seu hamster que morreu depois de você esquecer de colocar comida pra ele?

- Que escândalo, moço do pepino - disse Temaki, revirando os olhos - eu vou responder por ela, mesmo que Amora não te deva satisfação de nada. Primeiro, Rosier é o sobrenome dela, então as pessoas a chamam de Rosie. Segundo, ela é líder de torcida porque isso dá créditos com as universidades, lerdo. E por último, ADAM ERA O HOMEM DOS MEUS SONHOS QUE AMORA ROUBOU DE MIM, e namorado dela.

Era disso que eu gostava em Temaki, ele colocava os pingos nos is e pronto. Ele e Ash eram minhas pontes para o mundo, sabiam tudo sobre mim e me ajudavam a lidar com tudo. Mas enquanto ela parecia uma irmã gêmea, ele era como o caçula, mesmo por ser o mais novo entre nós.

Aos doze anos, fui "diagnosticada" com ansiedade. Tomo remédios, vou ao terapeuta, pratico exercícios, todos meios de levar a vida. Mas às vezes tudo se torna um turbilhão na minha cabeça, os pensamentos passando rápido demais para eu registra-los e então tudo some. Me sinto como se estivesse flutuando sem ação em meio ao caos. E meus amigos me salvam nesses momentos.

Depois do almoço, fomos para nossas aulas e enfim tive uma aula com Ashley, química, na qual nos sentamos juntas.

- Por que está com esse casaco? - perguntei apontado para a roupa com estampa militar que ela usava, embora parecesse um pouco grande demais para ela.

- Um cara derramou suco na minha blusa.

- Você socou a cara dele?

- Não, sou pacifista.

- Eu socaria a cara dele. Na verdade não, mas você sim, então deve ser alguém especial. Quem era?

- Um cara do último ano, o Victor que encontramos no mercado. Ninguém "especial".

- Você perguntou dele e eu acho que não disse, mas ele faz coral comigo há um tempo. E eu me informei, ele e a namorada terminaram, algo sobre ela ter ido pra faculdade.

- Ele canta com as semi Barbies?

- Ei, isso é ofensivo. Não, toca contrabaixo. Muito bem, aliás.

- Ele devia tomar cuidado pra não dar um banho de suco no contrabaixo também - eu ri e ela prosseguiu - de verdade, aquele cara é perigoso.

- Mas bonito.

- Nem olhei muito pra cara dele.

- ASHLEY E VICTOR SENTADOS NUMA ÁRVORE...

- CALA A BOCA, SUA IDIOTA.

- SE BEIJANDO...

- AMORA, VOU TE DESERDAR.

- Me ame menos, Ash.

Tudo entre começo e fimOnde histórias criam vida. Descubra agora