Cap. 6 - I'm the only fool (Julieta)

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              Abro meus olhos e percebo que estou sentada na ponte. Minha cabeça, meus braços e minhas pernas estão pesados. Olho para o lago abaixo da ponte e ele está girando. Viro minha cabeça de lado e a apoio em meus braços. Era impressão minha ou o mundo todo estava rodando? Estou bêbada, não há outra explicação. Minha visão está embaçada pelo álcool e por minhas lágrimas. Lágrimas? Estou chorando? Não me lembro de ter começado a chorar. De repente posso ouvir passos se aproximando, queria virar a cabeça pra ver quem era, mas não estava com forças pra isso. Preferi esperar a pessoa aparecer em meu campo de visão. Pude ver longas pernas vestindo jeans rasgados e um par de all star azuis. Ergui meus olhos minimamente apenas para ver um rosto muito conhecido por mim. Cha Eunwoo! Você por aqui? "Se vai gritar comigo mais uma vez vá embora!" Pude ver que ele estava triste. Do nada tudo fica embaçado e estranho, de repente tudo some.

              Eu abro meus olhos. Estou em meu quarto, mais precisamente em minha cama. Olho para o lado, totalmente confusa e ainda meio perdida, e encontro os olhos de Binnie, havia me esquecido que ele tinha dormido comigo na noite anterior. Acho que ele estava tentando levantar sem me acordar, pois assim que me viu desperta (mais ou menos) sorriu sem graça.

- Desculpa te fazer acordar tão cedo, Sunshine! Eu não queria mesmo.

- Tudo bem, Bin! Eu tinha que acordar mais cedo hoje mesmo. Tenho que ligar pros meus pais antes de ir trabalhar.

- Ah, é mesmo! Havia me esquecido que nas sextas-feiras você também trabalha de manhã cedo. Bom, vou me arrumar, senão chegarei atrasado à faculdade. - Ele deposita um beijinho em minha testa e se levanta indo em direção à porta. Antes que ele se retire eu o chamo.

- Binnie! Obrigada por ontem! - Ele apenas acena com a cabeça e sai do quarto sorrindo.

              Depois que o garoto fechou a porta me levanto pra trocar de roupa e dar um jeito na minha cara. Olho pro relógio e eram apenas 6:30, tinha que ir pra livraria onde trabalho só mais tarde. Antes ligaria pros meus pais, no Brasil devia ser umas 18:30 de uma quinta-feira! A hora perfeita pra uma ligação. Eu precisava combinar como seria o Natal, tinha conseguido uma folguinha e estava trabalhando dobrado para juntar o dinheiro das passagens pro meu país. Seria o primeiro fim de ano em família depois de anos, eu estava ansiosa. Tão ansiosa que estava organizando tudo com um mês de antecedência, sim, estamos em Novembro e no início do mês ainda. Procuro pelo contato de meus pais em meio aos meus e os acho rapidamente. Antes de iniciar a ligação procurei por um ângulo que não mostrasse a condição atual do meu quarto, quando encontrei apertei o botão de discagem. A chamada de vídeo se conecta, mas só é atendida depois de alguns toques. Fico muito feliz de ver seus rostos, tão familiares. Como sentia saudades! 

- OMMA! APPA! - Gritei eufórica.

- Julieta! - Eles responderam em uníssono.

- Adoro quando nos chama assim. Parece tão autêntico! - Minha mãe disse animada.

- Na Coréia todo mundo fala assim, meu amor.

- Para de cortar minha onda, seu velho chato!

- Eiii! Eu ainda tô aqui! Dá pra vocês fazerem uma chamada de vídeo normal comigo pelo menos uma vez? Hahaha.

- Nossa menina está certa. É tão raro ela nos ligar, mais raro ainda ligar em um horário normal. - Meu pai não perde a oportunidade de reclamar...

- É pai! Sabe como é, né? Tô estudando e trabalhando. Sem tempo pra quase nada.

- Nem pra meninos, Jujubinha? Conta pra mamãe. Você já tá namorando aquele seu amigo bonitinho? Como é mesmo o nome dele? Eu... Eu o que mesmo?

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