Cap.12 - Beijo! Sabor? Chocolate! (Julieta)

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Aqui estou eu, sentada em frente ao meu notebook, encarando a barrinha do Word piscar sem parar. O dia havia sido tão longo que, durante o banho, cogitei que ele não chegaria ao seu fim. Havia acabado de vestir meu pijama e me lembrei de que precisava fazer um relatório pra faculdade. A inspiração não vinha e eu simplesmente não sabia o que escrever. Isso estava me deixando frustrada, ao ponto que comecei a chorar. Eu soluçava baixinho e pensava no quanto eu sou inútil, nem mesmo um relatório eu era capaz de escrever. Eu estava sentindo um aperto no peito e uma coisa estranha na garganta, estava me odiando por isso. Foi nesse momento que percebi que havia algo de muito errado comigo. Tá certo que eu tive um dia difícil, mas eu estava sendo dramática demais em relação ao relatório, e eu não sou de fazer drama. Os soluços pararam e resolvi checar meu aplicativo do "Mar Vermelho", aquele que a gente usa pra ver os dias de monstruação e tudo o mais, só pra ter certeza. E lá estava! TPM! Era isso que eu tinha. As coisas já não estavam fáceis, agora que eu entendo porque estou mais sensível que porcelana então... só piorou tudo.

A ideia de precisar de um doce me veio em mente, aquele velho clichê de se acalmar com um chocolate. Eu teria de ir à cozinha, mas não queria encontrar com Eunwoo ou Moonbin no caminho. O primeiro eu queria evitar por medo e o segundo por vergonha. Saí do quarto com cautela e andei pelo corredor sem fazer muito barulho. Desci as escadas devagar, para não ficar tonta por causa da minha queda recente. No último degrau soltei um suspiro aliviado, Julieta Bond havia cumprido sua missão. Com um sorrisinho vitorioso e um pouquinho mais de animação, me dirijo à cozinha. Me encaminhei até a geladeira e a escancarei. O que temos aqui? Suco, iogurte, queijo, meu chá gelado (o último, preciso comprar mais). Bingo! Chocolate, meu querido amor! Peguei a barra e logo tirei duas tirinhas de quadradinhos divinos, não seria o suficiente, mas por enquanto bastava. Comi alguns cubinhos de uma vez só. Quando estou arrumando a embalagem para guarda-la no seu devido lugar, ouço a voz familiar.

-Assaltando a geladeira atrás de doces de novo?

Meu sorriso desapareceu e deu lugar a um bico, minhas bochechas logo enrubesceram. Binnie estava parado na porta da cozinha, com a bolsa de gelo em mãos. Mesmo com a cara inchada ele ainda tinha um adorável sorrisinho de lado em seu rosto, ainda assim, ele parecia desanimado. Voltei meus olhos para o resto chocolate em minhas mãos, apenas para não ter que encarar seus olhos e sentir minha culpa aumentar mais ainda. Ele estava assim por minha causa. Ele se aproximou de mim, parando em minha frente. Após alguns segundos de silêncio, alguns suspiros meus e um chocolate meio derretido em minhas mãos ele resolveu falar.

-Eu estraguei tudo, não foi? Com o beijo.

Ergui minha cabeça e o encarei surpresa, mas ele não me olhava. Apenas se distanciou de mim e foi em direção a pia, pegou um pedaço de papel toalha e se pôs a limpar o chocolate de minhas mãos. Eu queria dizer alguma coisa, mas nada parecia adequado. Eu observava seu rosto levemente inchado e me recordava dos acontecimentos anteriores. Ele apenas encarava nossas mãos unidas, as minhas agora estavam limpas e ele havia as enlaçado. A sensação do beijo me voltou e eu não pensei duas vezes, tirei minhas mãos das suas e segurei seu rosto entre elas. Ele me olhou surpreso pelo meu ato, mas não se afastou. Afaguei suas bochechas e me aproximei lentamente, hesitante, com receio de ser rejeitada. Mas não fui, após sua surpresa ter passado, ele se aproximou também. Meus braços envolveram seus ombros e os seus minha cintura. E nossos lábios se uniram, em um simples selinho. Inclinei minha cabeça e transformamos aquilo em um beijo real e mais profundo. Tínhamos um ritmo bom, combinávamos. E uma das melhores partes é que tínhamos gosto de chocolate. Após um tempo, nos separamos em busca do ar, porém, nos mantivemos próximos. Meus olhos estavam fechados e nossas testas se encontravam coladas, a sensação de nossas respirações afobadas se misturando no pequeno espaço entre nós era gostosa e eu não pude evitar um frio na barriga.

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