Cap.14 - Catástrofe (Julieta)

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Acordei sem maiores danos, tinha tirado uma bela soneca. Já passava do meio-dia e meu estômago dava sinais de vida. Após arrumar minha cama e dar um jeito em minha aparência, me dirigi ao andar de baixo. A casa estava em meio ao seu caos habitual, após tanto tempo eu já estava acostumada com todo aquele barulho, eu mesma havia me tornado uma pessoa barulhenta. Encontrei a cozinha vazia, os meninos pareciam estar divididos entre o quintal, a sala de televisão e o jardim da casa ("Regra n. 03 da avó de Eunwoo: nenhuma planta do jardim pode morrer por descuido.") Com isso, fiquei com a cozinha só pra mim. Pensei em preparar um lanche rápido, mas antes de abrir a geladeira notei o bilhete escrito à mão preso na porta por um ímã. "Seu almoço está dentro do forno. Nada de comer sanduíches e porcarias! Se alimente direitinho, mocinha! Beijos do oppa:*".

Não pude segurar o riso. É claro que reconheci aqueles garranchos facilmente. Não precisava nem de nome, a caligrafia de Jinjin era inconfundível (e quase indecifrável, mas eu já me formei nesses hieróglifos). Abri o forno e me deparei com um belo prato de comida, não havia do que reclamar. Até que o meu "acidente literário" não foi de todo ruim. Eu estava sendo mimada como nunca. Esquentei meu almoço e o comi sem pressa. Enquanto enchia minha barriga ocupava minha mente com meus dilemas. Decidi que não falaria com Eunwoo até que ele pedisse desculpas adequadas. Já havia feito isso uma vez, talvez desse certo novamente. Quanto a Binnie, não sei o que fazer. Ele passou de "melhor amigo" para "caso indefinido", e isso não era nada bom. Quando Emy souber do que aconteceu vai criar outro galo em minha cabeça. Eu só piorei minha situação.

Enquanto lavava as coisas que eu usei, ouvi alguém cantarolando, provavelmente se aproximando da cozinha. A cantoria para e eu viro em direção à porta enquanto seco minhas mãos. O leve sorriso em meu rosto se desfaz, dá pra imaginar quem estava parado na soleira da porta me encarando, não é? Se você pensou naquele menino lindo, com cabelos escuros, pele clara, olhar perfurador e que tem a capacidade de fazer meus batimentos cardíacos acelerarem, você está correto. Dou um suspiro curto, e desvio o olhar. De maneira automática, vou até a porta com a intenção de fugir dele. Mas não foi possível, antes mesmo que eu pudesse chegar à porta, ele se desencosta do batente e se adianta. Ao ficarmos lado a lado, Eunwoo segura meu braço com delicadeza e me vira para si.

-Como está o seu machucado? Não está doendo, está? - Porque ele tem de fazer a minha missão de ignorá-lo mais difícil?

Apenas fecho os olhos, com vontade de sumir, e puxo meu braço, com mais força do que o necessário. Acabo cambaleando um pouco pra trás e, antes que eu acertasse a mesa próxima de mim, Eunwoo se inclina e enlaça minha cintura, me puxando para si. Só pode ser uma brincadeira comigo! Eu, por acaso, tenho cara de mocinha de dorama? Meu coração dispara mais ainda e sinto minha respiração se desregular. Eu tenho que focar em sair dessa situação o mais rápido possível, e tem que ser sem soltar uma só palavra. FOCO! FOCO! FO... É impressão minha ou o Eunwoo tá mais sarado? Será que ele anda malhando? Não, calma... FOCO! Desvencilho-me daquele abraço e volto a me encaminhar para a porta.

-Ei! Eu tô falando com você Julieta! - estaco na porta. Puxo o ar e encho meus pulmões. - Não vai me responder?

Solto todo o ar que segurava e sigo meu caminho em direção à sala. Vitória nessa batalha!

~•~

Durante aquele fim de semana não tive dificuldades para ignorar Eunwoo, difícil mesmo foi aguentar Jinjin e MJ (que, como nunca fica de fora das fofocas daquela casa, já sabia de tudo). Os dois não paravam de curtir com a minha cara e, apesar de as piadas serem até engraçadas, eu não estava mais com paciência. Quando Binnie percebeu que havia algo de errado com o meu humor resolveu interferir, o que não ajudou muito, já que só fez com que os meninos começassem a chama-lo de "Cavalheiro da Armadura Reluzente". Bem brega... Mas até que eu gostei, e acho que ele também gostou. Ficou todo envergonhado, com um sorrisinho bobo e as bochechas vermelhinhas, uma gracinha. Agora nem eu consegui evitar a vergonha quando Rocky surgiu com a pergunta: "Junnin é real?" Junnin? Meu Deus, que genial... Eles são rápidos quando o assunto são shippes. Mesmo assim, não sabia onde enfiar minha cara recém-costurada.

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