Capítulo 4

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- Ainda  não entendo o que  está  fazendo  aqui. Falei para o vazio  quando estacionamos em frete a  minha  casa.

- É uma  casa grande.

- O  bairro é  bom e Charlie  já  morava aqui.

Caminhamos  em  silêncio pra dentro  uma vez que ele  preferiu não estacionar na garagem pois não ficaria  muito  tempo.

- Oi Brenda . A cumprimentei quando entramos.

- Ahh Lilian que  bom que  chegou. Ela  pareceu aliviada.

- Esse é Davis Litt. Gesticulei  pra ele  que  cumprimentou-a  brevemente.

- Pode me contar o que  houve?

- Um  homem esteve aqui, ele disse que era um amigo do trabalho e que  a  senhora havia pedido que ele entregasse umas  petições aqui pois já  tinha saído  do escritório e  também disse que  tinha um presente pro Alex.

- Quando  isso aconteceu?  Davis  perguntou e ela hesitou em  responder.

- Pode  falar Brenda.

- Foi logo depois  do almoço, coloquei os meninos pra dormir e  fui até  a entrada checar o correio . Ela  parou de falar  parecendo culpada. - Eu confesso que  por um momento eu quase o deixei entrar, ele  parecia  realmente alguém que a senhora  conheceria mas quando ele  se referiu a Anna  como menino eu percebi que era  um completo estranho.

- Como ele  era?

-  Alto, o cabelo escuro na altura dos ombros, tão forte que se  quisesse  poderia  ter me alcançado e...

- Uma cicatriz no rosto?

- Sim. Ela assentiu  com a cabeça e eu congelei com a afirmação.

- Bem, eu acho que  já nos encontramos  hoje. Eu olhei pra Davis. - Brenda você pode  tirar uma hora de folga, eu e Davis  temos  uns assuntos pra resolver por  aqui .

- Ok, eles estão na sala no andador. Ela  pegou  a  bolsa e  saiu ainda  acuada  pela  presença dele ali.

Habitualmente  tirei meus  sapatos e andei em direção a sala de tv  onde  já podia ouvir um burburinho estranho e  baixo  totalmente  ciente  que estava  sendo seguida  por  Davis os  avistei brigando por um brinquedo qualquer.

- Ai Alex, sempre  você! Eu o encarei por um  longo segundo e ele me entregou um belo sorriso sem dentes que derreteu meu  coração. Instantes depois Anna  não estava contente  por ter sido deixada de lado, me  esforcei pra  apoiá-la no meu  canto esquerdo  e logo a briga  começou outra  vez só que  agora no meu  colo.  Demorou pra que eu voltasse a  notar a presença de  Davis ali.

- Parecem grandes pra idade. Foi a  primeira coisa que ele disse.

- O doutor disse que eles estão no  tamanho  normal.

- Talvez seja  porque  só os estou vendo agora. E lá  estava uma  farpa  amarga outra vez.

- Porque  não vem até aqui? Ele  caminhou pra mais  perto  fazendo  com que  Anna recuasse . - Esse é o Alex. Como de costume Alex foi completamente  caloroso. 

- E está Anna?

- Sim, ela é um pouco mais  desconfiada mas  quando você a ganha ...

- Será que ela  deixaria eu  carregar?

- Porque  não  tenta  o Alex primeiro?

Foi o que ele  fez e  sem esforço algum o menino  se esgueirou pra ele  como  se tivesse o  hábito de  estar em seus  braços todos  os dias, eu me sentei na poltrona com minha  bebê  e  por um pequeno  tempo eles  pareciam apenas  pai e filho.

- Ele é mesmo  um garotão!

- É sim não  se preocupe  com a Anna ela  só está  fazendo  uma  triagem,  já  até enxergou seus olhos  nela.

-  Por favor  Lilian eles  só tem seis... Ele quase riu.

- Eu enxergo  cada  progresso Davis.

- Eu  nunca  vou conseguir  te perdoar Lilian. O semblante sombrio estava  lá  outra vez.

- Davis eu quero  te  contar  tudo.

- Ahhh sim, e  você  vai mas olhe  pra isso... Ainda  com Alex nos braços ele apontou pra as  fotos os brinquedos espalhados. - Você fala  dos  progressos  das peculiaridades  mas  pra min eles são  completos estranhos assim como eu sou pra eles  em pensar que  você nunca me contaria...

- Eu não  poderia  fazer isso  com sua  vida...

- Não é você quem decide  coisas assim! Alex se alterou  no braço dele fazendo com que ele se  acalmasse e então Anna  começou a  berrar no meu  sinalizando  que  já estava com  fome. - O que  houve? Ele  pareceu preocupado.

- Apenas  chamando atenção pra comer.

Caminhei com ela  pra  cozinha e ele  fez o mesmo  trazendo Alex  consigo.- Pode  colocar ele  ali  também  porque assim que ela  estiver com a mamadeira na boca ele vai querer  também.

- Eles vão dormir?

- Sim, provavelmente  depois  dessa mamadeira.

- Nós precisamos  conversar.

- É o que eu mais  quero.

- Finalmente encontrei você em casa ! Nós dois nos  surpreendemos  com a  voz que ecoou a cozinha.

- Charlie o que  faz aqui?

- Queria falar  com você e como  não  estou conseguindo  por  telefone preciso saber o que  está  havendo. Ele  pegou  os dois bebês ao mesmo  tempo denotando  o  tamanho  da  intimidade que  ambos  possuíam e como ficavam confortáveis  com o mesmo pois em questão  de segundos  as  gargalhadas  já ecoavam pelo comodo .

Quando tentei decifrar a fisionomia  de Davis  havia  uma mistura de  raiva , incredulidade e frustração e  toda aquela atmosfera de paz havia  evaporado no ar.

- Eu vejo você as seis em meu escritório pra termos aquela conversa. Foi a última  coisa  que ele  disse antes  de  sair em  passos  largos sem sequer  se despedir dos meninos.

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