A tentativa de relaxar na noite anterior havia sido um completo fiasco e eu terminei vendo o dia amanhecer sob a janela do quarto de Davis, tentei descer fazendo o mínimo de barulho possível uma vez que ele encontrava-se emergido em seu sono na sala em frente. Aquele espaço era completamente estranho pra min e cada momento que passava eu queria mais minha casa, mas aquela não era a hora de pensar no que eu queria e sim no que era melhor pra meus meninos.
- Bom dia. Davis me surpreendeu sentando-se no balcão em minha frente.
- Quer café?
- Sim , puro por favor.
Entreguei a xícara rapidamente e ele tomou como se fosse o melhor uísque. - Conseguiu dormir Lilian?
- Na verdade não, esses acontecimentos dos últimos dias tem tirado minha paz.
- Eu entendo que a sua rotina tem sido bagunçada ultimamente .
- Como funciona seu horário de trabalho? Eu gostaria de dar um pulinho no escritório e queria que tomasse conta deles, talvez pudêssemos chamar a Brenda.
- Não, eu ainda não confio totalmente nela e essa semana trabalharei durante noite então você pode ir onde quiser.
- Ela trabalha pra min desde que eles nasceram e nunca deu indicativo nenhum de um comportamento duvidoso e eu não estava falando só dessa semana.
- Lilian isso não de discute, ela não vem. Eu trabalho pelo menos três vezes na semana no turno da noite então acho que podemos arrumar isso e no dia que eu tiver uma emergência você pode dar um jeito.
As conversas com Davis eram sempre assim lotadas de diálogos intransigentes.
Com o passar dos dias eu estava me habituando com a rotina estabelecida, as crianças e ele pareciam muito mais intimas e nosso esquema de horários estava dando certo; Meu trabalho havia sido reduzido e eu fazia o possível pra contribuir com as regras estabelecidas por ele para que eu continuasse em segurança.
- Já de pé tão cedo? Ele disse enquanto me observava dar mamadeira aos bebês.
- Sim, nós vamos ao pediatra.
- Algum problema com eles?
- Não, somente consulta de rotina.
- Eu posso levar vocês e de lá ir para o trabalho.
- Talvez não seja uma boa ideia já que precisarei do carro pra voltar.
- Você tem razão, mas por favor tome cuidado.
- Não fale assim Davis, parece que sou uma inconsequente.
Ele não respondeu, apenas pegou Anna no colo admirando seu vestido azul combinando com o meu e virou pra Alex e disse: - Querido, é uma pena que seja sua mãe quem compra suas roupas. O pobre Alex sorriu em seu suéter azul sem saber do que se tratava.
- Ele adora as roupas dele.
- Isso é porque o coitado ainda não fala.
- Você deveria experimentar comprar algumas, mas devo adverti-lo que crianças ainda não usam terno. Disse enquanto colocava os dois no carrinho.
- Pode deixar que eu levo as bolsas, vou descer com vocês e tomar café no trabalho.
Descemos em silêncio e ele me ajudou a acomodar os pequenos em meu carro. Anna e Alex adoravam passear de carro e isso fazia com que os dois permanecessem em total silêncio durante o trajeto.
Durante a visita ao pediatra dr. Kayle disse que eles estavam cada dia mais saudáveis, inclusive Anna havia até ganhado um peso extra. Passava do meio dia quando eu coloquei os dois de volta no carro, havia aproveitado a visita a o hospital pra almoçar com o Charlie e matar a saudade pela recente distância. Ainda não era horário de pico então peguei a rodovia principal para o bairro de streeterville onde estava localizado o apartamento de Davis; Eu não sou uma motorista muito atenta ao tráfego local mas em algum acesso de loucura notei uma van prata que parecia estar perto demais de nós, eu sabia que eles não conseguiam nos ver como eu conseguia mas aquilo me deu um pouco de medo. Minutos depois minhas suspeitas se confirmaram quando duas motocicletas me emparelharam ficando perto suficiente pra que eu pudesse ver o carona com uma arma em punho, naquele momento o motorista fez sinal pra que eu entrasse na rua que estava se aproximando e eu congelei.
Ao estacionar eu não tinha a menor intenção de sair do carro , sabia que se fizesse isso seria muito mais perigoso mas quando olhei pra trás e vi meus anjinhos entregues ao sono tive medo de que se eu resistisse e eles conseguissem ter acesso a nós pudessem fazer algo muito pior sucedido da raiva.
- Por favor, vocês podem levar minha bolsa e meu carro mas me deixem sair com os bebês. Falei da maneira mais pacifica possível e então antes que eu pudesse estar preparada um deles me acertou com um tapa fazendo meu corpo tombar contra parede e então acrescentou: - você acha mesmo que queremos seu dinheiro sujo?
- Sujo ? vocês devem estar me confundindo com alguém. Tentei manter o máximo de contato possível numa tentativa de afastá-los daquelas duas vidas ali no carro.
- Nós viemos te entregar algo. O outro falou acertando meu estomago fazendo com que eu finalmente caísse no chão, eles investiram em uma sequencia de socos e chutes que haviam começado a tirar minha respiração; Mas eu não podia desistir, minha cabeça estava girando quando bem longe eu ouvi um choro colossal vindo de algum lugar; Um dos homens agachou ficando tão perto de min ao ponto de que eu pudesse sentir sua respiração e obstruiu a minha com uma flanela que cheirava muito mal. - Esses são os cumprimentos do senhor B. Foi a ultima coisa que consegui ouvir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sobre a Última Noite
RomansaQuando Davis a viu sentada no bar naquela noite não tinha dúvidas que era a mulher implacável a quem ele assistiu defender um criminoso a tarde toda no julgamento em que ambos eram parte fundamental . O único problema é que ela ganhou e ele...