Capítulo 10

368 21 0
                                    


         A  tentativa  de relaxar na  noite  anterior havia  sido um  completo fiasco  e eu terminei  vendo o dia  amanhecer sob a janela  do quarto de  Davis, tentei  descer fazendo  o mínimo de barulho possível uma  vez que ele encontrava-se  emergido em seu  sono  na  sala  em  frente. Aquele espaço era  completamente estranho pra min e  cada  momento  que  passava eu  queria  mais  minha  casa, mas aquela  não  era a hora  de  pensar  no que eu queria e  sim  no que era  melhor pra  meus  meninos.

- Bom dia. Davis  me  surpreendeu  sentando-se no  balcão em minha  frente.

- Quer café?

- Sim , puro por favor. 

Entreguei a xícara rapidamente e ele  tomou como  se  fosse o melhor  uísque. - Conseguiu dormir Lilian?

- Na verdade não, esses  acontecimentos dos últimos dias tem  tirado minha  paz.

- Eu  entendo  que a  sua  rotina  tem sido  bagunçada ultimamente .

- Como  funciona  seu horário de trabalho? Eu  gostaria  de  dar um  pulinho  no escritório e  queria que  tomasse  conta  deles,  talvez pudêssemos chamar a Brenda.

- Não, eu ainda  não confio totalmente nela e essa  semana  trabalharei  durante  noite  então  você  pode  ir onde  quiser.

- Ela  trabalha  pra  min desde  que eles  nasceram  e nunca  deu  indicativo  nenhum de  um  comportamento  duvidoso e eu não estava  falando só dessa semana.

- Lilian  isso  não de discute, ela  não vem. Eu trabalho pelo menos três vezes na semana no  turno  da  noite então acho que  podemos arrumar isso e no dia  que eu  tiver  uma emergência você pode  dar um jeito.

 As conversas com Davis  eram  sempre assim lotadas de  diálogos intransigentes. 

Com o passar  dos  dias  eu  estava  me  habituando com a  rotina estabelecida, as crianças e ele pareciam muito mais  intimas e nosso esquema de horários  estava  dando  certo; Meu  trabalho  havia  sido reduzido e eu fazia  o possível  pra contribuir com as  regras  estabelecidas  por  ele  para  que eu continuasse em segurança. 

- Já  de pé  tão cedo? Ele disse enquanto me  observava  dar  mamadeira aos  bebês.

- Sim, nós  vamos  ao pediatra.

- Algum  problema  com eles?

- Não, somente  consulta de  rotina.

- Eu  posso levar vocês e de lá ir  para  o  trabalho.

-  Talvez  não seja  uma  boa  ideia  já que precisarei  do carro pra  voltar.

-  Você  tem  razão, mas  por  favor  tome  cuidado.

- Não  fale assim Davis, parece que  sou uma  inconsequente.

Ele não respondeu, apenas  pegou Anna no colo admirando seu vestido azul combinando com o meu e  virou pra Alex e disse: - Querido, é  uma pena que  seja  sua  mãe quem  compra  suas  roupas. O  pobre  Alex sorriu em seu suéter azul  sem saber  do que se  tratava.

- Ele adora  as  roupas  dele.

- Isso é porque  o coitado ainda  não  fala.

- Você deveria experimentar  comprar algumas, mas devo adverti-lo que  crianças ainda não  usam  terno. Disse enquanto colocava os  dois  no  carrinho.

- Pode deixar que eu levo as  bolsas, vou descer com  vocês e  tomar café  no  trabalho.

Descemos  em  silêncio e  ele  me ajudou a acomodar  os  pequenos em meu  carro. Anna e Alex adoravam  passear de  carro e isso fazia  com que os  dois   permanecessem em  total  silêncio durante  o  trajeto.

Durante  a visita  ao pediatra dr. Kayle disse que  eles  estavam  cada  dia  mais  saudáveis, inclusive Anna havia  até ganhado um peso extra. Passava  do meio dia quando  eu coloquei os  dois  de volta no carro,  havia  aproveitado a  visita a o  hospital pra almoçar com o Charlie  e matar a saudade pela  recente  distância. Ainda não era  horário de  pico então  peguei a rodovia  principal para  o bairro de streeterville onde estava localizado o apartamento de  Davis; Eu não sou uma  motorista  muito atenta  ao  tráfego local mas  em algum acesso  de loucura notei uma  van prata que  parecia estar perto demais  de nós, eu sabia que eles não  conseguiam nos  ver como eu  conseguia mas  aquilo me  deu  um pouco de medo. Minutos depois  minhas  suspeitas se confirmaram quando duas  motocicletas me emparelharam ficando perto  suficiente pra que eu pudesse  ver  o carona  com uma  arma em punho, naquele momento o motorista  fez  sinal  pra  que eu entrasse na rua que estava se aproximando e eu congelei.

Ao estacionar eu não tinha  a menor intenção de  sair do  carro , sabia que  se fizesse  isso seria  muito mais  perigoso mas  quando olhei pra trás e  vi meus  anjinhos entregues  ao sono tive  medo de que se eu resistisse  e eles  conseguissem ter acesso a nós  pudessem fazer algo muito pior sucedido da  raiva.

- Por favor, vocês podem levar minha  bolsa e meu  carro mas  me deixem sair com os  bebês. Falei da maneira  mais  pacifica  possível e então antes  que eu pudesse estar  preparada  um deles me  acertou com um tapa fazendo meu  corpo tombar  contra  parede e então  acrescentou: - você acha mesmo que  queremos  seu  dinheiro  sujo?

- Sujo ? vocês  devem estar me  confundindo com alguém.  Tentei manter  o máximo de contato possível  numa  tentativa de afastá-los daquelas  duas  vidas  ali no carro.

- Nós viemos  te entregar algo. O  outro falou acertando  meu  estomago fazendo  com que eu  finalmente  caísse no  chão, eles investiram em  uma sequencia de socos e chutes  que haviam começado a  tirar minha  respiração; Mas eu não podia  desistir,  minha  cabeça estava girando  quando bem longe  eu  ouvi um choro colossal vindo de  algum  lugar; Um dos homens  agachou ficando  tão perto de min ao  ponto de  que eu pudesse  sentir  sua  respiração e obstruiu a minha com uma  flanela que cheirava muito mal. - Esses são os  cumprimentos do  senhor B. Foi a ultima coisa que  consegui  ouvir.



Sobre a Última NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora