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Fome.

Era o que eu mais sentia.

A fome dominava meu corpo, impossibilitando qualquer outro pensamento que não fosse sobre carne. Mas não era uma carne comum, era carne viva. Meu corpo estava pesado, minha mente em desordem, e a visão embaçada dificultava meu caminho. Não sabia onde estava, muito menos o que havia acontecido para me deixar naquele estado. Só queria voltar para casa e comer alguma coisa. Estava faminta e exausta, mas curiosamente, não sentia vontade de dormir.

De repente, luzes fortes brilharam em meu rosto, me incomodando intensamente. Não conseguia ver o rosto de quem segurava a luz próxima aos meus olhos, mas o cheiro que emanava dele era bom. Uma voz falava comigo, parecendo perguntar sobre meu estado, mas tudo que eu conseguia focar era no agradável aroma vindo de suas roupas. Braços fortes me ergueram, parecia ser um homem alto que tinha vindo me ajudar.

Foi então que me lembrei que estava sozinha, em uma rua escura, à noite.

"Eu cuido de você."

Eu ouvi aquele homem dizer, mas não havia soado amigável, havia soado perversamente. Em seus braços ele me arrastava para um beco, eu já estava conseguindo recuperar a minha visão, mas o lugar para onde estávamos indo não possuía luz, eu sentia que iria morrer ali mesmo.

Aquelas mãos que me seguravam, apertavam o meu seio com força, eu sentia algo molhado pelo meu pescoço, sentia nojo do que ele estava pensando em fazer, sentia medo e raiva ao mesmo tempo.

"Eu estou com muita fome..." Meu corpo buscava apoio, os braços daquele maldito estavam me ferindo. Suas mãos me tocavam da maneira mais grotesca que poderia existir, mas ainda assim, eu sentia... "Fome...".

"Eu também, meu amor. Primeiro eu, tudo bem?"

Ele ria vindo com aquela sua boca suja em minha direção. Eu via a sua língua nojenta pronta para me provar, aquilo me assustava, mas algo dentro de mim me dizia que eu não deveria temer.

"Não." Eu segurei em seu pescoço antes que ele fizesse mais alguma coisa. Minha mão apertava com firmeza sentindo sua veia inchando, aquilo me deu um prazer enorme, em breve eu saciaria a minha fome. "Eu vou primeiro"

Com minhas unhas encravando profundamente em sua carne, o sangue jorrou sujando todo o meu rosto. O gosto estava bom, apesar de estar doce demais. Saborear aquele líquido fazia com que minhas energias voltassem a um estado que jamais estiveram. O gosto descia pela minha garganta eletrizando todo meu ser e mantendo-o ativo.

Era impossível se conter. As risadas soavam mesmo sem graça, um eco macabro no vazio ao meu redor. O corpo daquele homem estava completamente inerte aos meus pés. O som do pulsar fraco do seu coração ainda ressoava, mas, com apenas um golpe, aquele órgão havia sido arrancado e devorado pela minha boca faminta, que desejava mais. A sensação de saciedade parecia nunca chegar, e eu estava consumida por um desejo insaciável.

De repente, meu corpo despertou com um sobressalto. A respiração forte e irregular preenchia o silêncio do quarto, e eu puxava o ar com urgência, tentando dissipar a sensação de terror que ainda me envolvia. O suor escorria pelo meu rosto, e eu lutava para entender o que havia acontecido. O sonho que acabara de ter era horrível e vívido, e eu me lembrava de cada detalhe perturbador.

O que eu fiz com aquele homem...? Eu o matei?

Apesar de ter sido apenas um sonho, o terror que ele havia causado foi palpável e intenso. Minhas mãos se agarravam aos lençóis com força, tentando encontrar alguma forma de calma em meio à tempestade emocional que se abateu sobre mim. A sensação de pânico ainda pulsava em minhas veias, mesmo enquanto tentava desacelerar minha respiração e acalmar meu coração acelerado.

DevilGirl vs DevilHunter: Bad Romance (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora