Primeiro ano de residência médica, recém-saída dos cueiros da faculdade, achando que era o máximo! Fazia o primeiro ano de residência médica na Ginecologia e Obstetrícia da Santa Casa, o famoso Dogi. Pois bem. O Dogi era no final de um “looooooooooooooooooooongo” corredor escuro e estreito, com aquelas paredes de tijolinho e um chão centenário de ladrilhos hidráulicos, uma luz borboleante que não tinha 40 velas, e às 2h, 3h, 4h, 5h da manhã tinha, o infeliz que estivesse de plantão, que rumar ao Pronto Socorro para atender as emergências.
Saía-se do Dogi, meio dormindo, meio acordado para fazê-lo. Sempre tinha um gaiato de um R2, que como de costume" pegava no pé" do novato e dizia:
- "Cuidado com a freira sem cabeça, que ela te pega no fim do corredor!"
-“ Mas, que droga é isso?”Aí me contaram... Dizia-se que nas madrugadas frias do mês de julho, quando menos se esperava, sempre que um médico do Dogi se dirigia ao PS ela apavorava o infeliz... Vestia um hábito preto, uma gola branca, mas, a cabeça? ...Não tinha! “Báh”... Historinha de médico velho para meter medo em recém-formado...
Naquela noite eu estava de plantão... Não fui chamada. Nem sei bem o porquê, mas quem foi ao PS foi o R3. Era o especialista, quase todo poderoso... Nem vou dizer o nome dele aqui, porque senão vou ser processada... Só me lembro do retorno... O homem branco, suando, quase desmaiando chegando do PS de volta ao Dogi e eu:
- “O que houve, ‘colega’?”
- “Ela, ela correu atrás de mim quando saí do PS!”
-“Quem, criatura? Quem?”
-“A freira sem cabeça!”Acreditem se quiserem, mas esta história é a mais pura verdade! Aconteceu e eu vi. Não a freira, mas a consequência!