Nem tudo é um conto de fadas

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POV Narrador

Tony tinha planejado fazer a filha lhe contar melhor sobre o que ela tinha. Mas, agora que havia chego a hora, ele não conseguia encarar sua garota.

—Disse que queria falar comigo. Por que não olha pra mim?

—Porque não tenho esse direito.-Confessou o herói, vendo a filha revirar os olhos.-O que foi?

—Tony, seja prático. Se acha que como pai não tem o direito de me perguntar, faça-o como meu amigo!

O homem ficou em silêncio, antes de olhar para sua escrivaninha. Ali estava o pequeno diário médico.

—"Odeio os Homens que Vestem Branco".-Repetiu o nome que ela dera ao diário, vendo a filha murchar no sofá.-Por que? Eles estavam tentando te ajudar...

—Eles estavam tentando me matar. Meu diagnostico verdadeiro é ridiculamente simples... E eles me atormentaram durante anos... Dr. Brigs foi quem me disse a verdade. Ele não tentou me enganar. Ele não queria um rato de laboratório. Ele só queria que sua paciente anoréxica e "cardiopata" fosse pra casa descansar, sabendo que se seguisse as regras direitinho não precisaria ir ao hospital duas vezes por semana. Os tratamentos experimentais dos outros acabaram com a minha saúde, Tony.

—Você não é cardiopata.

Afirmou o engenheiro. Não que Tony entendesse muito de medicina. Mas ele também sabia que não era qualquer mentecapto que poderia diagnosticar o caso da filha.

—Não. Eu nasci de seis meses e meio, e precisava de Surfactante para abrir meus pulmões. Tomei quatro doses cavalares... Mas em uma delas, a enfermeira trocou o medicamento. Não sabemos o que foi, mas é irreversível.

—Como lido com suas crises? Precisa me contar essas coisas. Os procedimentos... Como devo me comportar.

—Jarvis já tem um protocolo para essas situações. Chama-se Protocolo Afogamento.

—Filha...

—Pai, por favor... Deixa esse assunto quieto. Mais cedo ou mais tarde vai presenciar uma das minhas crises, e eu garanto a você que não são nem um pouco emocionantes. Agora, vou preparar o jantar.

A ruiva se ergueu, beijando a testa do mais velho e se retirando do aposento, em direção a cozinha.

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Steve estava observando a ruiva que cozinhava ao seu lado. Aysha parecia um tanto preocupada. Seja lá o tema da conversa com Tony, ela estava desconfortável.

—Aysha... Você e o seu pai... O que...

—Meu pai descobriu que eu tenho algo muito parecido com a doença que matou o irmão dele. Mexer com o passado o coloca pra baixo, e eu preferia que ele não voltasse ao álcool... Por isso acabei cortando a conversa antes que chegasse nesse mérito.-A ruiva finalmente voltou os olhos cor de chocolate ao homem. A expressão de Steve era, no mínimo, cômica. Ele parecia verdadeiramente chocado, frustrado e zangado, em proporções variante.-Que bicho te mordeu?

—Bom... Você... Você nunca me disse que... Que estava doente...

—Eu nasci doente, Steve.-Ela deu de ombros, voltando a cortar os morangos em forma de rosas, para mergulhar em chocolate.-Não é o tipo de coisa que se sai contando por ai.

—Tem razão... Desculpe, Ay...

Voltaram a cozinhar. Steve fazia a salada, enquanto Aysha terminava os mimos da sobremesa. A mesa foi posta com esmero. Mas o que Aysha havia contado ainda martelava a mente de Steve. Ele e Tony precisavam conversar. Seriamente.

Contos de fadas existem. Mas Steve lembrava de algo que sua mãe lhe dizia: "Contos de fadas foram criados por uma razão, para alertar. Não existem contos sem acontecimentos assustadores por trás deles."

A-R-T-I-F-I-C-I-A-LOnde histórias criam vida. Descubra agora