Sobre Garotas e Motocicletas

503 21 0
                                    

POV Steve

Mais uma noite que seria insone... Dormir 70 anos podia ser um peso maior as vezes. Acabei me levantando da cama, decidindo por ir até a cozinha. Encontrei Tony acomodado no balcão, o copo de Whisky pela metade, assim como a garrafa na frente dele.

—Já pensou que o álcool é uma das razões para essas brigas infundadas entre você e Pepper?

Sugeri, depois de pegar uma garrafa de água extremamente gelada, e me sentar no lado contrário, ficando de frente para ele.

—Pep e eu brigamos por vários motivos, Steve. Álcool é o menor dos problemas.

—E Aysha?-Ele me olhou, confuso.-Não tenho certeza se você incluiu sua filha na lista de preferências, Tony. Ela está na sua oficina agora, por que não aproveitou a oportunidade para conhece-la melhor?

—Porque estou miserável. Não preciso que ela crie uma imagem ainda pior de mim. Mas, obrigado, Picolé.

Apenas acenei positivamente, antes de sair dali, resolvendo por seguir até a oficina, onde Aysha Stark estava. Talvez ela possa brigar devidamente com o pai por seus vícios altamente auto-destrutivos.

A ruivinha estava em um canto que Tony e Bruce não costumavam usar. Havia uma imensa moto parada ali, um modelo Kruiser, mas havia algo de diferente naquela motocicleta. Mas não sei explicar.

—Achei que gostasse de carros potentes, como seu pai.

—Não. Gosto de jipes, quando são devidamente alterados... Mas amo motos. Sempre gostei. Meu avô sabe tudo sobre as motocicletas da época dele, e mexia na mecânica delas quando eu era pequena... Nós viajavamos o Texas inteiro de Motocicleta. Era a melhor parte das férias.

—E decidiu construir a sua do zero?

—Mal de Stark.-Ela deu de ombros, sorrindo.-Vovó quem diz isso.

—Entendo...-Me aproximei da moto, tento avalia-la, e logo vi vários dispositivos que não existiriam em motos comuns.-Ela é linda.

—Lasquei a pintura dela na viajem... Vou comprar tinta automotiva daqui a pouco. Jarvis disse que papai tem um hierografo na dispensa.

—É alta madrugada...

—Uma das vantagens de ser de NY, não acha? Tem muitas oficinas 24 horas aqui.

—Você quer companhia? NY pode ser muito...

—Perigoso? Sério, Steve... Eu ainda sou filha do Tony Stark.-Ela empurrou a embreagem pra baixo, e quatro canos surgiram do tanque da moto.-Tecnologia russa. Eu só adaptei.

—Sabe que armas soviéticas não tem marcas de registro, não é?

—Por que acha que comprei essas?-Imediatamente olhei para os olhos castanhos.-Ok, entendo o recado, não precisa me olhar como se fosse um crime! Eu tenho o porte dessas armas... Você falou sobre ir sozinha.- Ela voltou a mexer com a embreagem e os canos sumiram para os seus compartimentos.-Quer ir comigo? Mas eu piloto.

—Sim, senhorita!

Brinquei, erguendo as mãos em rendição. Ela sorriu, antes de pegar o celular e colocar na mochila, antes vir até a moto e montar. Logo o motor roncava, baixo e grave. Montei logo atrás dela, segurando nos apoios de mão nos maleiros. O que me surpreendeu foi o arranque da moto, e o controle dela sobre isso. Praticamente atravessamos a cidade. Ela negociou as tintas, antes de irmos ao mercado.

—Vamos, Capitão. Quero comprar coisas para o almoço de hoje.

—Como queira, Senhorita Stark.

Juntos, compramos tudo o que era necessário para o almoço e o café da manhã, antes de voltarmos para a mansão. Lá, ela colocou o porco para marinar em um molho que eu nunca havia visto, antes de se sentar no balcão, com um grande bloco de desenho, e um estojo completo com a maioria das possibilidades de tons. Separou aqueles que eram das nuances das tintas que ela comprou, e abriu em um desenho detalhado da moto. Comecei a mexer com a massa das panquecas do lado oposto ao dela, vendo-a desenhar os detalhes que queria colocar na moto, vendo os problemas dela com proporcionalidade.

—Que tal um acordo?-Ela, imediatamente, olhou pra mim.-Eu desenho e você mexe a massa pra mim.

Ela sorriu, antes de virar o caderno pra mim e pegar a bacia onde eu batia a massa.

—Não parece o tipo de homem que gosta de desenhar.-Comentou, quando eu já estava terminando.-Você é muito grande.

—Não fui sempre assim.-Respondi, finalmente terminando o desenho.-Agora você colore, e eu vou terminar isso aqui.

Ela sorriu de canto, antes de começar a colorir, concentrada. Logo ouvi Tony chegar. Provavelmente bêbado. Vi, pelo canto do olho, como Aysha ficou visivelmente preocupada. E mal ele tropeçou e caiu, ela correu até o pai, o levantando.

—Ah, Tony... O que está fazendo?-Ela o apoiou até o sofá.-Jarvis, um café bem forte e com açúcar.

—Sim, senhorita.

Quando a cafeteira terminou, ela veio pegar a xícara, fazendo-o beber todo o conteúdo, permitindo que ele ficasse mais sóbrio.

—Tome um banho frio e vá dormir. E nem sonhe em tomar aspirina, Antony Stark. JARVIS, certifique-se de que ele não faça baboseiras.

—Claro, senhorita Stark.

Aysha voltou para onde eu estava, suspirando, resignada. Antes de olhar pra mim com aqueles poderosos olhos castanhos.

—Ele sempre faz isso?

—Não aqui no complexo. Faz quando sua mãe viaja e o deixa sozinho em casa.

—Achei que Howard tivesse sofrido de cirrose... Não é possível que ele seja incapaz de aprender que isso não faz bem algum.

—Tony pode ser teimoso quando quer.

Respondi, dando de ombros, servindo a nós dois.

—Todo Stark pode ser terrivelmente teimoso quando quer.-Brincou, antes de comer um pedaço da panqueca.-Puta merda, é melhor que a da minha avó!-Ela olhou pra mim e riu.-Desculpe, Capitão. Saiu sem querer.

— Tony não tem como negar que é seu pai, Aysha. Vocês dois são muito parecidos.

Ela apenas sorriu pra mim, antes de comermos calmamente e voltarmos para a garagem, onde começamos o árduo trabalho de personalizar a pintura da moto. Paramos para fazer o almoço, e aquilo estava maravilhosamente bom. Quando terminamos a moto já eram 16:00.

—Ei, Steve.-Ela me chamou a atenção.-Por falar em motocicletas... Tem um encontro de motociclistas hoje a noite, e um dos motoclubes é da minha terra. Tem algo para fazer hoje a noite?

—E perder a chance de ver garotas e motocicletas a noite toda? Ao lado da filha de Tony Stark? Desmarcou qualquer coisa.

Devolvi a brincadeirbrincadeira, vendo-a sorrir em desafio.

—Nos vemos em duas horas, Capitão. 

—Nos vemos em duas horas, mini-Stark. E dessa vez eu piloto.

A-R-T-I-F-I-C-I-A-LOnde histórias criam vida. Descubra agora