Sobre Bonecas e Iluminação

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POV Narrador

Leonard conhecia sua neta melhor que ninguém. Nem mesmo Jesabel a conhecia tão bem. Foi por essa razão que levantou cedinho, pegando a estrada a Dallas e pediu a transferência da faculdade de sua neta. Aysha estava feliz em Nova York. Não que isso se devesse a Pepper. Não... Leo conhecia sua filha. O temperamento dela era terrível. As vezes, apesar de não ser fã de Tony, se apiedava do garoto. Fora feito de gato e sapato por anos, sem perceber. Pep era boa nisso. Depois de juntar todos os documentos, voltou a Fazenda, encontrando a esposa, já de malas prontas. Depois do almoço, que ele havia comprado no restaurante favorito dela, se puseram na estrada. Levariam quatro dias de viajem até Nova York. Leonard não gostava de correr de carro. 

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Os Vingadores viram como a nova moradora do Complexo desceu as escadas saltitando. Tony sentou vontade de rir da travessura de sua filha, que falava ao telefone muito animada. 

—Ei, Mini-Stark!-Clint implicou, atraindo os olhos da ruiva.-Por que está saltitando pela casa? 

—A vovó e o vovô estavam vindo me ver! Jarvis os está guiando pelo GPS! Eles disseram que querem falar com você, Tony. 

Ela foi para a cozinha, cantarolando alguma música dos anos 80. E foi nesse clima um tanto louco que Leonard e Jesabel tiveram o primeiro contato direto com os Vingadores. Claro que Leonard sabia que a moto na garagem era a de sua neta. Aysha os desobedecer. Mas ele não brilharia com sua menina. Não podia culpa-la por ter medo de aviões, quando ele mesmo a ensinou como a estrada podia ser prazerosa. 

—Tony, querido.-Todos sentiram-se arrepiar com o timbre doce daquela senhora tão simpática. Jesabel abraçou o homem de ferro com um carinho de mamãe lobo, que quase fez o herói sair dos trilhos. Tony vira seus sogros poucas vezes, mas, de forma inexplicavel, amava aquela senhorinha.-Está tão magro. Aysha ainda não cozinhou para vocês e só está fazendo as panquecas porque sabe que são favoritas de Leo?-A senhorinha riu do grito indignado de sua neta, antes de se voltar para o restante da equipe.-Bom dia, crianças. Sou Jesabel Potts. Muito prazer. 

Steve se ergueu, indo beijar a mão daquela dama. 

—Steve Rogers. E o prazer é nosso, senhora Potts.-Então o loiro estendeu a mão ao marido dela.-Senhor Potts. Bem vindos ao Complexo dos Vingadores. 

—Obrigado, Capitão.- Respondeu o ex-Militar, sorrindo largamente.-É uma honra. 

—Honras iguais, meu caro. Aysha fala bastante dos senhores. 

Todos se apresentaram, antes de uma ruivinha aparecer no batente da cozinha. Braços cruzados e um senhor bico projetado. Bico esse que, imediatamente, atraiu os olhos de Pietro. Aliás, o russo, nos últimos dias, tinha observado até mesmo as gotas de água que sempre desciam pelo pescoço da ruiva, se instalando no vale dos seios, enquanto ela bebia na garrafinha que ficava na oficina, enquanto havia uma charmosa mancha de graxa em seu rosto, ou em seu colo. 

—Vovô!-Ela brigou, quando senhor abraçou Wanda com carinho. A russa sorriu ao ver que era apenas mimo da ruiva, e não raiva de verdade.-Vovó, diga ao vovô que ele não pode me trocar! Ou perde o direito de comer panquecas! 

O homem arregalou os olhos, correndo até a neta e a enchendo de beijos. 

—Não, meu amor. Você é a bonequinha linda do vovô.-Falou, sincero.-E cozinha tão bem quanto sua avó. 

—Vovó! Ele está sendo interesseiro. 

Jesabel deu um puxão de orelha no marido, antes de abraçar a neta. Tony sentia inveja e alívio, em medidas estranhamente proporcionais. Inveja do visível carinho que sua filha demonstrava pelos avós, e que ele se viu desejando, mas não poderia comprar com a mesma facilidade que era com as peças em seu laboratório. E alívio, por ver, com aquele simples momento, a potencialidade da criação da filha ter sido perfeita. Oposta a dele. Não demorou para todos estarem na cozinha, é Tony de sentiu confortável em se sentar proximo aos sogros, junto com a filha. 

—Querida, você avisou ao Hector que se atrasaria hoje? 

—Me atrasar? Mas, vó... Hector está em Toulouse, eu só tenho compromisso dia... 

—22? 

A ruivinha sacou o celular do bolso do short e deu um pulo quando olhou para a tela.

—Puta merda! Hector vai me matar!

E, simplesmente disparou para seu quarto, fazendo com que seus avós rissem com gosto do jeito da neta. Era sempre assim. Não que fosse irresponsabilidade, mas a mente de Aysha nunca guardava datas importantes.

—Bem, rapazes.-Jesabel se levantou, sorrindo amavelmente.-Tony e Leonard, direito para a universidade. Resolvam tudo por lá. Steve, querido.-O loiro se levantou prontamente, sorrindo para ela.-Se importaria em dirigir para nós? A minha visão não é a mesma de antes.

—Sempre um prazer estar em companhia de uma dama tão agradável, senhora Potts. Vou buscar minha carteira, com licença.

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Steve se viu em dúvida quando estacionou o carro em frente a um dos mais famosos estúdios fotográficos de Nova York. O loiro reconhecia que o fotografo principal do estúdio era bom de edição, mas o achava muito fraco com iluminação natural. Ao ponto de ter de iluminar a foto toda com edição. Aysha e Jesabel desceram tranquilas, conversando, e ele as seguiu, ainda um tanto desconfiado. Foram até uma sala um tanto escondida, onde um homem, de cabelos e pele morena, os esperava.

—Eu sabia que iria esquecer, Ay. Mas não tive tempo de passar mensagem. 

—Você tem muito com o que se preocupar, Hector. Me desculpe a distração.-Os dois se abraçaram com força, quase como se fossem irmãos.-Está tudo pronto? Vou me maquiar.

—Estará tudo no carro quando terminar. Jesabel! Que bom ver a senhora. Sinto tanto a falta dos seus biscoitos. Irei ligar quando for dirigir o desfile no Texas. Se me deixar dormir na fazenda, é claro.

—Não seja bobo, Hector.-Brincou a ruiva mais velha, o beijando carinhosamente na bochecha, enquanto era devidamente apertada no abraço do rapaz.-Você sempre será bem vindo. Ah, Hector, este é Steve Rogers. Steve, este é Hector Salazar.

Os homens se cumprimentaram, e Steve se sentou ao lado de Jesabel. Em algum momento, o loiro acabou se surpreendendo quando uma Aysha de Corset, calcinha e robe surgiu. E foi dessa forma até um carro todo fechado. Chegaram a um clube reservado, e Steve não podia estar mais surpreso com o que eram as tais fotos.

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A moça na grande folha o encarava. Ela estava no segundo degrau do coreto, apoiada na pilastra à esquerda. O verde do pé de maracujá que envolvia o coreto estava de um cinza bastante claro. Os dois imensos pés de Primaveras brancas também completavam a paisagem secundária. E em primeiro plano absoluto estava a moça.

Os cabelos caiam em grandes cachos desordenados. A maquiagem destacava alguns pontos em seu rosto, especialmente os olhos e os lábios, sem esconder as sardas, que Steve não conseguira desenhar com perfeição, diferente do desenho da folha anterior. E então o lindo vestido, leve e branco, próprio para um casamento de verão, que tinha um caimento delicado no corpo da ruiva de olhar selvagem.

Decidindo que não via mais defeito algum naquele desenho, Steve voltou a folha, e começou a desenhar o fundo do busto que havia desenhado. Ali, a maquiagem e as sardas eram vistos com perfeição. O desenho a representava até a leve curvatura do vale dos seios. Os olhos estavam tão expressivos que Steve havia colorido o desenho principal, e tiveram dificuldades para encontrar o tom dos olhos da moça. E agora completava todo o fundo do desenho, que faria em tons de marrom e vermelho. 

Era oito horas da manhã. Ele virara aquela noite de uma forma totalmente diferente do que fazia normalmente. E a moça na folha continuava o encarando.

—Mesmo desenhada precisa ter esse olhar, Aysha?

Perguntou para ninguém em especial. Acabou sacudindo a cabeça, suspirando, antes de fechar o caderno de desenho. Não podia fazer aquilo, mas queria tanto, que era impossível de resistir.

Encontrou a origem de seu tormento na cozinha, onde ela dançava balé ao som de metallica. Quando ela sorriu para si, ao vê-lo parado no batente, o sol incindiu sobre ela, e isso fez Steve sorrir.

Ele, com certeza, sabia mais sobre luz que o fotografo que profanaria a beleza da ruiva com seu maldito photoshop. 

A-R-T-I-F-I-C-I-A-LOnde histórias criam vida. Descubra agora