A-R-T-I-F-I-C-I-A-L

Levanta, Papai! É Sábado.

Tinha alguém pulando na cama. Tony tinha certeza de que não era pra ter alguém pulando na cama.

Bastou o beijo duplo que ganhou nas bochechas para abrir um grande sorriso.

-Vovô... Coda! Mama tá azendo panqueca.

-É!-A segunda voz foi acompanhada de novos pulos.-Coda! Coda! Coda!

-Já acordei, Corey. Já acordei.-Ele pegou o pequeno, deixando uma mordidinha em sua bochecha, ganhando uma gargalhada. O garotinho fugiu e correu porta a fora, berrando pelo pai.-Bom dia, minha bonequinha. Venha cá com vovô. Eu preciso de um beijo antes de levantar da minha cama.

Sua pequena ruivinha se jogou em seus braços, deixando um beijo gostoso em sua bochecha. Tony se levantou da cama com ela no colo. Topou com Steve no corredor. Ele tinha Corey pendurado de ponta cabeça nos ombros.

-Bom dia, Tony.

-Bom dia, Capitão. Onde está sua esposa?

-Na cozinha. Santa insônia dos Stark... Você viu a Florença? Diane, você não deveria estar no colo do vovô.

-Florença! Volte já aqui, mocinha! Anda, vem com o padrinho... Sua mãe vai me matar! Florença!

Uma cabeleira loira passou correndo pelos dois, seguida do Trapaceiro, que ainda tentava impedir a afiliada de correr pela casa como uma maluquinha.

-Está aterrorizando o padrinho de coração mole. Essa é minha neta!

A pequena ruiva nos braços do herói projetou um bico e virou o rostinho, antes de pedir para descer. Tony, ao invés de fazer o que a neta queria, se dispôs a enxer o pequeno rostinho de beijos.

-Para vovô...

-Não paro enquanto minha menininha bonita estiver chateada comigo. Vovô ama você, bonequinha. Ama muito.

Steve havia parado de dar bronca nos episódios de ciúmes de sua filha caçula. Ele havia entendido que aquele era um comportamento perfeitamente herdado da mãe, e que Tony precisava lidar com eles sozinho. Por isso entrou primeiro na cozinha, e encontrou sua esposa finalizando as panquecas.

Florença estava no colo do padrinho, trançando os cabelos negros de forma totalmente desajeitada. Mas, assim como os irmãos com os respectivos padrinhos, ela fazia o Trapaceiro de gato e sapato. E Loki não reclamara uma vez sequer. Chegou até a admitir abertamente que sabia que era manipulado pela afiliada, e que achava isso muito promissor na menina.

Bucky sofria nas mãos de Corey, enquanto Diane só precisava piscar os lindos olhos chocolate para Bruce e Natasha. Nada muito diferente do que a mãe deles fazia quando queria algo do marido. Certamente sua ruiva atrevida era, além de uma péssima grávida, um péssimo exemplo. Mas ele a amava mesmo assim. E não pretendia fazer o menor dos esforços para mudar isso.

•~♡~•

Todos estavam dormindo.

Steve e Aysha haviam levado as crianças ao parque de diversões naquele finalzinho de tarde, e agora oantres dormiam a sono solto.

A ruiva estava deitada no peito amplo do capitão. Enquanto Steve se esmerava em.acariciar as costas estreitas e os cabelos laranjas, sua esposa olhava para o canto do quarto.

O escudo de vibranium estava encostado na parede. Na frente dele estava um pequeno robô, que era uma versão miniatura de um dos que ela havia usado contra Thanos. O uniforme de Steve estava guardado em um fundo falso no guarda-roupa, junto das chaves da moto de Aysha.

Eram quatro anos da última guerra dos vingadores. Da revogação dos acordos de Sokovia. Da paz absoluta que tomara conta do universo inteiro.

Era o quarto aniversário de casamento deles. O quarto ano de vida dos trigêmeos. O quarto aniversário que Aysha passaria com o pai.

Não era uma vida convencional. Mas já não eram super-heróis aclamados. O mundo não precisava mais deles. Tudo estava bem agora.

-Você sente falta? Sabe, da adrenalina, dos campos de batalha, de suas estratégias perfeitas...

-Bom, eu sou casado com a mulher da minha vida... Tenho três filhos lindos... Já consigo trocar mais de quinze frases com meu sogro antes que algum dos dois acabe decaptado... Tenho meu melhor amigo de volta... Se sinto falta de uma boa dose de emoção?-O loiro ergueu o rosto de sua garota com cuidado, lhe dando um sorriso torto encantador.-Eu me casei com Aysha Virgínia Stark. Minha vida nunca vai poder ser considerada tranquila.

-E isso é um problema?

- Não. Isso sempre vai me fazer feliz. Eu não trocaria tudo isso...-Rodou o dedo no ar, fazendo-a rir baixinho.-Por absolutamente nada no mundo. Nem desejo que qualquer coisa tivesse sido diferente. Claro, eu tive muito medo de perder você. Mais de uma vez. Mas nem essas situações eu mudaria. Hoje eu entendo que eu precisava viver aquilo.

-Você e meu pai. Bom... Eu também precisava. Assim como nós temos que lidar com a fase das 6.000 perguntas diárias. Isso serve pra você aprender a não ser tão bom de mira se quiser me engravidar de novo.

-Oh, eu sempre quero engravidar você. Eu só nunca tenho tempo de lembrar que é pra errar a mira.

A ruiva deu uma gargalhada, antes de deixar um beijo lento nos lábios desenhados do mais velho.

-Eu te amo demais, Steve Rogers.

-A recíproca é verdadeira, Aysha Stark.

•~♡~•

-Acorda pai!

-Anda, levanta!

-Hoje é sabado!

De quem havia sido a brilhante ideia de instituir sábado como o dia do "Peça ao seu pai"?

É claro, dele mesmo... Num imbecil acesso de ciuminho da relação da esposa com os filhos.

Ao menos Tony havia sido tão idiota quanto, e domingo era o dia do vovô. E o dia favorito de Steve, que tinha Aysha totalmente à sua mercê. Que Antony nunca deaconfiasse das coisas que fazia com a filha dele. Do contrário seria um homem morto.

-Tudo bem, estou levantando. Cuidado para não acordar a mamãe. Todos já deram o beijo de bom dia nela?

Um por um, os trigêmeos deixaram pequenos beijos na bochecha esquerda da ruiva. Aysha abriu um sorriso largo, apesar de não ter acordado.

Sendo o último, Steve esperou os filhos saírem do quarto e deixou um beijo delicado nos lábios cheios, e ganhando uma mordidinha no lábio, antes dela lhe dar uma piscadela e virar para o outro lado na cama, voltando a adormecer.

Levantou, fez tudo o que era preciso no banheiro, deu mais uma checada na esposa e foi travar uma guerra perdida com os filhos e o roteiro daquele sábado. Era sempre uma batalha campal, mas uma diversão sem tamanho o acometia depois, quando deitava e devia tudo o que haviam feito naquele dia.

Decididamente, Steve adorava a sua vida de pai de família bem casado. Mesmo que tivesse de acordar às seis da manhã de sábado depois de virar a madrugada de Sexta terminando os projetos que havia atrasado por ser indevidamente seduzido pela própria esposa.

Aysha sempre seria sua garota malvada.

E Steve sempre estaria disposto a dar algumas lições corretivas à sua esposa travessa

Ah, e como estaria.

-E então, qual vai ser a programação de hoje?

-Cinema!

-Parque!

-Video Game!

Arqueou a sobrancelha, enquanto seus filhos se entreolharam mortalmente.

-Já vi que vou precisar dar um telefonema...-Ganhou o olhar dos três, antes de eles voltarem a se encarar.-Talvez bem mais do que isso... Maldita hora que Thor e Loki decidiram ir para onde não pega celular...

-OLHA A LÍNGUA, PAI!