Capítulo 6 - Cachorros

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- Muito bem, pode começar.

Com papel e caneta na mão, Patrick se preparava para tomar seu primeiro depoimento. Se sentia errado por estar empolgado em finalmente fazer algo mais como policial, mesmo se tratando de um caso de desaparecimento.

Em sua mesa na delegacia, olhava nos olhos do casal de amigos sentados na sua frente. Ambos cansados e exaustos depois de procurarem a noite inteira por seu amigo.

- Foi logo depois da chuva – Disse o homem, era grande e tinha uma longa barba. Notou uma tatuagem tribal por baixo da camiseta polo azul que estourava com a sua barriga. Seu nome era Bruce – O Rodney disse que estava se sentindo cansado e que iria voltar para a pousada. Nós falamos pra ele pegar um taxi, mas ele insistiu em ir caminhar por ser mais perto. Isso foi às 23:30.

Anotou o horário, local onde fora visto pela última vez e o destino que nunca chegou.

- Eu e Annie – Olhou com zelo para a garota baixinha de cabelos morenos ao seu lado, estava visivelmente abalada e preocupada – Nós resolvemos ficar um pouco mais, até umas 2:30 da manhã. Quando chegamos na pousada, vimos que o Rodney não estava lá. Perguntamos na recepção, mas ninguém tinha visto ele.... Ligamos, vasculhamos o caminho inteiro. Quase entramos na floresta, já que era no caminho.

- Eu... – A até então calada Annie, abriu sua boca – Eu sei que tem um prazo de 24 horas para reportar um desaparecimento. Mas vocês têm que entender... Rodney não é de fazer isso, ainda mais numa cidade que mal conhecemos.

Não era como se essas leis fossem seguidas à risca pela delegacia de cidade pequena.

Quando teve certeza de que os dois jovens haviam terminado de falar, Patrick tomou a posição autoritária.

- Nós iremos investigar. Vamos perguntar por aí, ver se alguém sabe de alguma coisa. Pegar as câmeras de segurança. Apenas peço que fiquem na cidade, vamos achar seu amigo.

Os dois se levantam em sincronia e são acompanhados até a saída da delegacia.

Retornou ao seu lugar e começou a pensar no que fazer em seguida. Sentiu uma mão em suas costas. Era Francine.

- Fim de semana agitado, hein?

- Bom... É bom ter algo pra se ocupar.

Pensava novamente na culpa enquanto procurava soluções para resolver a questão do desaparecimento. Já havia avisado Cooper, mas parecia que estava ainda envolvido no caso do sumiço de Oliver.

- Vamos checar o bar onde eles estavam. Faremos os passos novamente e procuramos nas câmeras de segurança alguma coisa.

- Então vamos – A mulher pegou seu casaco e o seguiu pela porta.


***

Após a liberação, Cooper estacionou seu carro em frente ao Hospital de Bridgeton. Abriu as portas e imediatamente sentiu aquela atmosfera triste e cheiro de talco com mistura de lavanda para disfarçar. A recepção estava parcialmente vazia.

- Com licença, Marie – Cumprimentara a recepcionista cinquentona com óculos fundo de garrafa – Eu preciso de uma informação. Por acaso, Oliver Targget, Rodney Greene ou Craig Morrison deram entrada entre ontem à noite e hoje?

Marie Presley olhara os registros na prancheta.

- Não Delegado, nenhum deles consta aqui.

Já podia descartar a possibilidade. No fundo, estava realmente torcendo para que pelo menos um dos homens estivesse lá. Isso o salvaria de muitas enxaquecas.

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