O silêncio continuava naquela sala fria.
Dr.Holland estava lá parado, aguardando a tão esperada resposta do Delegado de Bridgeton, que apenas olhava o chão segurando os papéis.
Os dois corpos pálidos e frios de Oliver e Rodney, ali jaziam. Suas almas se foram a muito tempo. Apenas seus restos carnais ficaram esboçados na mesa metálica repleta de aparelhos cirúrgicos. O que sobrou de seus órgãos vitais do abdômen e tórax estavam do lado de fora para as análises.
Cooper largou os arquivos em cima de uma mesinha de aparelhos próxima ao corpo de Oliver. A jogou com certa força que derrubou a serra para ossos no chão.
Enquanto um velho observava o chão, o outro velho continuava a esbanjar animação e frenesia com a mais recente descoberta.
- Andrew. Sabe o que isso pode significar? Para mim! Para você... Para a cidade... – A mudança em seu tom de voz ao abaixar falando "Você" e "Cidade" mostrava qual era a prioridade de Martin – Se você me deixar, posso realizar mais algumas análises, só preciso de mais uns dias...
- Martin...
Falou. Curto e grosso.
Uns turbilhões de pensamentos bombardearam seu cérebro tão forte que a enxaqueca de manhã parecia não ser nada. Mas sabia o que precisava fazer. Sabia o que iria custar. Tinha certeza, mas tinha as dúvidas. Porém, deu ouvidos ao que gritou maior, a sua própria e não certa certeza.
- Anote nesse fichário. Causa da morte: Ataque de Coiotes.
- Do que está falando... Não entende do que estamos falando aqui?
E agarrou o jaleco de Martin. Não queria ouvir mais nada. Só queria que a dor parasse.
O pensamento de sujar o chão com o sangue e cérebro de Martin Holland apareceu em sua cabeça. Seguido por uma segunda visão de socar sua boca até que nunca mais fale.
Mas não o fizera. Controlou-se. Tudo que fez foi jogar aquela desculpa barata de doutor contra um armário de remédios. Não estava lá para jogos ou brincadeiras. Duas mortes e não queria saber de baboseiras.
- Você mesmo disse que ouve cortes no corpo. Você mesmo disse que poderiam ser garras. E eu me lembro claramente do que meu pai disse sobre os Monroe. Sobre os coiotes com raiva na região. Então.... Eles voltaram... Mataram dois inocentes... E acabou... Fim de papo... Então você cale a merda da sua boca sobre extraterrestres e espaçonaves. Porque esta droga NÃO. EXISTE.
Podia gritar como um buldogue. Mas a cara achatada de Holland nunca mudava quando o assunto não era espaço. Olhava para ele com aqueles olhos cínicos. Não se sentia intimidado, nem mesmo um pouco, por Cooper.
- Solta o meu jaleco.
Fez o que o médico pediu. Ele ajeitou o jaleco por cima da camisa azul social e calça preta, arrumou os óculos e foi até a mesa.
- O quão ruim te fizeram aqueles remédios, Martin? – Relembrou as memórias do velho que antes era seu melhor amigo – O que você acha que aconteceu naquela noite?
Ele não respondeu.
Parecia ter ficado emotivo de repente.
- Martin... Isso não te faz bem... Isso nunca te fez bem... Seja lá o que você acha que aconteceu naquela noite. O que acha que meu pai fez. O que acha que a cidade fez... Eu estava lá. Eu não fui mandado pra um internato depois daquela noite, eu não tive cinco anos de consultas em uma psicóloga. Eu fiquei em Bridgeton até o final dessa história. O que aconteceu foi isso... Foi apenas isso.
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Os Outros
Science-FictionApós uma misteriosa chuva de meteoros, coisas estranhas começam a acontecer na cidade de Bridgeton. Terremotos, cachorros fugindo, militares e pessoas desaparecendo misteriosamente, e tudo parece estar ligado à floresta que cerca a cidade. Verdades...