Capítulo 7 - A Autópsia

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Foi quase uma hora o tempo necessário para remover o corpo dos dois homens daquela vala. Estavam à quase 2km de Bridgeton, esquecidos lá e largados como lixo.

A primeira ligação foi Cooper quem atendeu. Pegou a viatura e foi direto até lá. Chegou a tempo de poder ver os corpos jogados lá. A potencial cena do crime foi isolada, as fotos foram tiradas e os corpos retirados para o hospital da cidade. Conduzira tudo, comprometido a logo avisar as autoridades de Boston e St. Louis sobre o possível homicídio que chocou a comunidade inteira.

Ver como Oliver estava, naquele estado, o fez lembrar de quando o conhecera pela primeira vez. No ensino médio, Taggert era dois anos mais velho quando Cooper esbarrou com ele na primeira vez. Era um bom aluno, forte, encrenqueiro, paquerador. Não eram amigos, mas participavam do mesmo círculo de amizades da escola; quando a cidade tinha metade da população que tinha hoje; onde saiam para beber e fumar escondido dos pais. Tinha um histórico peculiar com as mulheres; pelo menos dois relatos de um relacionamento controlador; até se acertar com a prometida que acabou por se divorciar anos depois. Lembra-se do dia que respondera ao chamado de Oliver, onde o encontrou em prantos ao lado do corpo da irmã mais nova, morta após uma overdose de heroína. Aquele dia pode ter marcado o nascimento de um novo Oliver Taggert. O garoto que antes sonhava em treinar para entrar no Red Claws foi afogado no mar da cachaça pelo bêbado e ranzinza que era até hoje, causando problemas por culpa disso, sendo pego dirigindo embriagado ou assediando as mulheres na saída da academia com comentários impróprios ou saindo junto com uma turma de encrenqueiros que assolava a cidade naqueles tempos. A relação até então amistosa se tornou um ódio após a quantidade de vezes que tinha que vê-lo solto após uma queixa registrada, assinada, multa paga e papel arquivado. Fora assim sua vida...

Mesmo assim, não merecia terminar em uma vala como um lixo. Sequer merecer uma morte tão brutal assim.

Pensava nisso enquanto o corpo do então falecido Oliver era levado pela ambulância para o hospital da cidade. Martin teria algo para se ocupar nos próximos dias.

Juntamente com o aparecimento do corpo. Veio o retorno dos cachorros que por alguma razão estavam praticamente todos perto daquela vala. Antes latindo pareciam estar mais calmos agora. O controle de animais e outros moradores voluntários foram chamados para recolher novamente os cachorros e devolvê-los para seus donos. Entretanto, uma boa parte simplesmente pegou e achou seu caminho de volta para casa.

Cooper tinha que voltar para a delegacia e informar a polícia estadual, mas antes de meter os "fodões" da cidade grande; como gostava de chamar; fora direto até a ambulância parada com as portas abertas, onde os adolescentes, Gary e seu cachorro estavam. Vira a garota adolescente com a mão esticada; reconhecia os genes de Antony Jenkins; sendo tratada pela paramédica, ninguém menos do que a esposa de Eddie, Nancy.


***

- Como se sente? Consegue movimentar? – Perguntou a paramédica.

- Sim... – Fez um movimento com a mão para fechar o punho, sentiu uma pontada de dor – Dói um pouco.

- Não vai precisar de pontos, só trocar as ataduras amanhã. Até lá evite movimentar muito essa mão ou tocar em superfícies quentes ou frias. No banho sugiro que coloque uma proteção... – Ela disse guardando seus equipamentos.

Na verdade, pouco se importava o estado de sua mão. Nicole não parava de pensar em Beth. Olhou para trás, onde a viu no fundo da ambulância olhando para baixo. Foi um choque e tanto encontrar o corpo dos dois lá. Ela parecia estar melhor, mas ainda não falou muita coisa.

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