Capítulo 10 - A Procura

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A música do rádio terminava de tocar My Alien – Simple Plan na grande caminhonete do Sr.Jenkins.

- "Essa foi mais uma para nossos ouvintes. RKB, direto para vocês. Só os sucessos hoje!.... Ah, aproveitando a pausa, a RKB gostaria de dar as condolências aos amigos e parentes da Família Fraser. Foi uma real tragédia, não é Skeeter?".

- "Uma chuva de meteoros, um terremoto, dois desaparecidos e agora um homicídio. Bridgeton já viveu seus melhores dias, Ronnie. Uma real tragédia que abalou nossa cidadezinha. Esperamos que dias de melhores cheguem."

- "E por falar em dias de melhores. Desejamos um bom dia para nossos ouvintes. Sigam com Bom Jovi. RKB, sua fonte de clássicos e noticiário local."

A música Have a Nice Day – Bon Jovi seguiu tocando.

Era uma de suas bandas favoritas, mas preferia que uma música boa como aquela não viesse acompanhada de uma tragédia.

Antony ficou sabendo naquela manhã sobre o ocorrido que agora assolava Bridgeton. Lembrou do olhar de choque que Susan fez quando ficaram sabendo da notícia. A cidade inteira lamentava a perda da família Fraser.

Dirigiu até sua a concessionária, parando logo em frente.

Havia dispensado os funcionários de trabalhar naquele dia. Depois de uma noite como sábado, achou melhor deixar eles ficarem em casa e com suas famílias.

Não houveram grandes danos no prédio, apenas alguns vidros que se quebraram e uma bagunça na cafeteria e nas mesas, mas isso ele mesmo estava se encarregando de arrumar. Verificou os fusíveis e testou a energia, o gás e a água, tudo funcionando.

- Obrigado, senhor! – Disse o mesmo, agradecendo ao seu criador.

Depois de passar uma parte da manhã arrumando as mesas dos funcionários, foi conferir o estrago em sua sala. Alguns quadros pendurados haviam caído no chão. Infelizmente, um deles quebrou a moldura. Com extrema cautela, retirou a foto da moldura e a examinou com cuidado.

Aquela fotografia era uma relíquia, mostrava o começo, em 1985, quando Max Brady começou um negócio de carros usados e que se tornou a maior concessionária da cidade, responsável por praticamente todas as caminhonetes que hoje circulavam Bridgeton. Na foto, seu ex-patrão posava ao lado de sua filha, que deveria ter 7 anos na foto. Soltou uma leve riso ao olhar novamente o nariz enorme da menina. Não foi por acaso que Susan fizera aquela rinoplastia.

Com 17 anos começou como simples empregado do Sr.Brady. O que foi de um simples faxineiro, passou para um estagiário e depois o melhor vendedor. Não precisava pechinchar ou omitir, sua lábia já falava por si mesma. Antes de qualquer venda, seja para um velho amigo ou completo desconhecido, Antony gostava de conversar um pouco com o cliente, seja sobre carros ou voltando a interesses do consumidor como trabalho e família. Quando chegava com as propostas, mesmo com um cliente difícil que não sabe o que quer, Antony conseguia puxar a melhor oferta em um carro novo. Era um vendedor nato.

Ouviu seu celular vibrando no bolso. Era o Tio Lionel.

Uma onda de vergonha e frustração bateu. Com tudo acontecendo naquele fim de semana, nem conseguiu falar direito com o velho.

- Oi Tio.... Desculpa, não está sendo fácil por aqui. Tanta coisa...

- "Tudo bem, garoto. Eu entendo. Acabei de ouvir na rádio sobre a mulher que matou as filhas.... Que horror.".

- Era do conselho de pais da escola, conhecia o marido dela. Um sujeito quieto, mas sempre pareceu um bom homem.

- "Que Deus abençoe suas almas..." – Amém, em pensamento – "Uma pena que não tivemos muitas oportunidades pra conversar Antony. Essa chuva de meteoros trouxe à tona tantas memórias. " – Lembrou-se da fotografia que encontrou – "Há algumas coisas que gostaria de esclarecer com você, garoto"

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⏰ Última atualização: Apr 11, 2020 ⏰

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