Margaretha havia rolado na cama durante toda a noite pensando sobre o que havia acontecido no estábulo. Havia perdido a cabeça, disso não tinha dúvidas algumas. Se oferecer daquela forma a um réles cocheiro. O que estava pensando? Era uma duquesa! Filha de um imperador. Se alguém descobrisse o que havia acontecido seria o maior escândalo da Espanha e seu pai, Carlos V, mandaria decapitá-la pela humilhação sem pensar duas vezes.
E se o cocheiro contasse para alguém? Levantou-se da cama num salto e acabou batendo o joelho na trave do dossel. Sentiu uma terrível dor que a fez se encolher. O pequeno acidente a mostrou que estava se colocando em risco com atitudes precipitadas.
O cocheiro não contaria a ninguém, se contasse não haveria quem acreditasse nele. Sem testemunhas era a palavra da filha do imperador contra a de um sujeito pobre e plebeu.
Margaretha respirou aliviada ao pensar que estava a salvo de alguma forma. Não precisava se preocupar com sua cabeça por hora. O ato impensado não a levaria a morte.
Assim que os seus pensamentos foram aliviados da pressão da culpa, eles retornaram para o que havia acontecido. A duquesa ainda podia sentir o toque da pele, o calor dos lábios e a chama do desejo. Pensou estar condenada por ter provado do pecado sem hesitar e jamais deixaria de pensar nele. Era provável... mas foi tão delicioso.
Sim fora. Sentiu seu rosto arder. Não imaginava que a dor e a humilhação que passava com seu falecido marido pudesse se tornar aquilo ao ceder a outro homem. A visão não a enganou, tudo fora ainda melhor, pois pode sentir.
Mordeu os lábios. Precisava parar de pensar, mas não conseguia. Olhou para a janela, ainda era madrugada e o sol nem havia surgido no horizonte. Deveria dormir, mas como se não conseguia fechar os olhos sem ter a mente tomada?
O jeito era permanecer sentada até que o dia raiasse.
Talvez se não tivesse tomado a estúpida decisão de se atirar nos braços do cocheiro, pudesse passar mais alguns dias na Espanha. Entretanto, com o que aconteceu, o mais seguro era sair dali o quanto antes, voltar para Florença enquanto o palácio do duque ainda era seu e os Médice não haviam colocado outro para usurpar-lhe o lugar.
Passou a madrugada em claro, olhando para as paredes, a cama, a lareira e a janela até que o sol raiou.
- Já de pé, alteza? – Jane abriu a porta trazendo em suas mãos uma bandeja de prata com do desjejum de sua senhora. Estranhou vê-la acordada tão cedo, porém ao reparar nas olheiras sob os olhos azuis, percebeu que a duquesa não havia dormido bem.
- Não tive muito sono. – Margaretha tentou sorrir. Não podia mentir descaradamente e dizer que havia tido uma noite incrível, entretanto esperava que a breve resposta bastasse.
- É por causa do duque?
Ela assentiu. Era uma desculpa que convinha.
- Ainda é muito recente. – Jane colocou a bandeja sobre uma mesa próxima à janela. – Creio que com o tempo vá ser melhor de aceitar. Ele era um homem tão jovem. Todos nós lamentamos muito.
- Eu agradeço, criança.
- Sou honrada por servi-la, alteza. – Jane fez referência.
O corpo do marido nem havia esfriado no túmulo e Margaretha se atirou sobre o primeiro homem que lhe apareceu. Isso deveria fazer com que ela se sentisse terrível, porém a consciência dela não estava nem um pouco pesada, ao menos não em relação a um possível respeito para com o marido. Aquele maldito morreu indo atrás de um rabo de saia, era mais do que bem feito. Se ele nunca lhe fora fiel na vida por que ela deveria de fazê-lo na morte?
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O Amante da Duquesa ( Degustação)
Historical FictionPlágio é crime! Romance de Época Sinopse: O que começa apenas como uma descoberta vai se tornar um perigoso vício... Na Itália do século XVI, Margaretha, a duquesa de Florença, se vê livre de um casamento infeliz após a repentina morte de seu m...