Naquela noite Margaretha dormiu um pouco melhor, estava contente por retornar a Florença. Entretanto a mente da duquesa ainda estava perturbada. Temia como se passariam os dias de viagem na companhia do cocheiro. Não queria que suas damas descobrissem o que havia acontecido entre eles.
Já estava de pé antes do horário combinado e orientou os criados da corte para que levassem seus baús até a carruagem. Ao parar no corredor, passou as mãos pelos longos cabelos ruivos e massageou as têmporas. Precisava respirar um pouco, no fundo não tinha tanto o que temer. Era só ignorá-lo que ninguém saberia de nada.
- Pronta para ir, alteza? – Jane colocou uma capa sobre os ombros da duquesa.
- Sim. – Margaretha ajeitou o tecido sobre os ombros e deu passos largos corredor a fora.
O vento da aurora fez voar o pesado veludo quando ela chegou ao pátio onde o cocheiro a esperava com a carruagem. Ela agarrou-se ao tecido ao vê-lo. O maldito lhe dirigiu um sorriso cortês e breve, apenas por educação ao balançar a cabeça, jogando para trás os fios de cabelo que caíam sobre os olhos. Apesar de saber que ele só estava se comportando cordialmente, isso a deixou irritada, pois ele sabia ser belo da forma mais simples.
Não deveria, brigou consigo mesma, nas isso não a impediu de estender a mão para ele. Entretanto, para seu desgosto foi sua dama quem lhe segurou a mão.
Margaretha abriu um sorriso amarelo e subiu na carruagem no momento em que suas pupilas se dilatavam. Ela odiava tocar qualquer um pelas imagens que isso sempre lhe acarretava, mas tentava disfarçar isso da melhor forma para que não fosse notado.
A visão dessa vez não a incluía e Margaretha se sentiu como alguém que espiava pelo buraco da fechadura.
O cocheiro estava em um canto do estábulo, pegando ferraduras novas no casco do cavalo quando Antonieta se aproximou. A dama estava com uma pesada capa que lhe cobria dos pés à cabeça.
A aproximação repentina assustou o cocheiro que acabou largando o martelo no chão e por pouco esse não lhe acertou o pé.
- O que faz aqui? – Ele deu um passo para trás.
- Pensei que pudéssemos nos divertir um pouco. – Ela desamarrou a capa e o pesado tecido foi ao chão, revelando o corpo inteiramente nu abaixo dele.
Margaretha saiu da visão com os dentes cerrados e olhou torto para Antonietta. Não deveria e nem compreendeu porque, mas corroeu-se de ciúmes diante da possibilidade de ver os dois juntos.
Ajeitou-se no banco e cobriu o rosto com a capa a fim de evitar olhar para a dama. Estranhou o sentimento de posse que não deveria existir. Giovanni não era dela, nem seu criado poderia considerá-lo. Então por que aquele estranho aperto no peito como se estivessem mexendo em sua caixa de joias?
Haviam visões que Margaretha ansiava para que se tornassem reais, outras como aquela, ela queria impedir a todo custo.
Os guardas que fariam escolta subiram em seus cavalos ou ficaram de pé ao lado da carruagem.
Giovanni tomou seu lugar no alto e pegou as rédeas. Estava um tanto incomodado com tudo que acontecia a sua volta. Talvez devera ter inventado uma desculpa qualquer para ficar na corte e não aceitar levar a duquesa de volta ao interior da Itália. De forma alguma arrependia-se de tê-la provado. Um sorriso malicioso se formiu nos lábios dele. Seu maior medo não era ter que encará-lo e sim não resistir a sua própria vontade de tê-la em seus braços outros vez. Ela era linda, uma verdadeira musa.
Ele guiou os cavalos para a estrada. Tentaria concentrar-se na estrada e se esquecer do quem estava na carruagem.
As horas se passavam assim como as árvores que ficavam para trás. A noite foi chegando, assim como a dor nas costas e no traseiro de Giovanni. Viagens longas não costumavam ser as mais confortáveis.
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O Amante da Duquesa ( Degustação)
Historical FictionPlágio é crime! Romance de Época Sinopse: O que começa apenas como uma descoberta vai se tornar um perigoso vício... Na Itália do século XVI, Margaretha, a duquesa de Florença, se vê livre de um casamento infeliz após a repentina morte de seu m...