Capítulo 6

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Margaretha rolou de um lado para o outro da cama a noite inteira, agarrou os lençóis, jogou almofadas e travesseiros no chão e por pouco não se levantou e saiu para ver com os próprios olhos como tudo estaria.

Desde que teve a estúpida ideia de cair em pecado com um mero cocheiro não conseguia ter uma noite bem dormida.

Ansiava por mais, depois culpava-se e o pior de tudo era o ciúmes da possibilidade dele estar se deitando também com alguma de suas damas. Lembrar de seu falecido marido e de quantas amantes ele te a deixava ainda mais enfurecida.

Homens eram assim... Cerrou os dentes e jogou o último travesseiro no chão.

Ele iria em bora logo, todavia isso não a deixava menos incomodada. A verdade é que queria que o homem ficasse. O motivo evitava aceitar para si mesma, mas queria que ele ficasse.

Viu os primeiros raios de sol passarem por entre as cortinas que cobriam a janela de seu aposento. Já era dia. Sentou-se na cama. Olhou para o chão e o escarcéu que havia feito durante a noite, as almofadas e travesseiros havia acertado outros objetos que também caíram ao chão. Era como se um furacão houvesse passado ali e em seu interior Margaretha vivia um dilema.

Precisava que o cocheiro voltasse a corte de seu pai, para seu próprio bem e sanidade. Entretanto, a verdade é que não queria. Desejava o homem ali ao alcance de seus braços e toques, precisava dele por mais que odiasse admitir isso a si mesma.

Seu corpo vibrava todas as vezes que estava nos braços daquele homem xucro, a mercê das mãos calejadas. Depois de um ano de casamento infeliz, precisava de mais tempo com um amante do qual pudesse desfrutar do prazer do coito antes de ser jogada em outro matrimônio que a tornaria ainda mais solitária e amargurada.

Sabia que seu caso com um plebeu não duraria muito, mas trocaria uma vida cheia de infelicidade por mais minutos do que ele a fazia sentir. Prazer carnal, precisava dele desesperadamente, ainda que condenasse sua alma ao inferno por fornicação e luxúria.

Levantou-se, ainda era bem cedo e esperou que os empregados ainda estivessem reclusos em seus dormitórios. Pegou o penhorar em um dos baús e jogou uma capa escura sobre os ombros, cobrindo o rosto com um capuz.

Deixou seu quarto em completo silêncio, tendo a cautela de não chamar atenção para os seus passos. Não queria que ninguém visse o ou ouvisse o que pretendia fazer.

Giovanni acordou com o relinchar de um dos cavalos e a porta do estábulo sendo aberta. Tateou o chão onde pensava ter deixado suas coisas. Seu cinto deveria estar ali junto à uma pequena adaga que sempre carregava consigo.

Pegou a arma e a apontou para a frente. Seus olhos ainda estavam se livrando do peso do sono e com isso enxergava pouco.

- Quem está aí?

- Cocheiro? – A voz doce e suave que teve o deleite de ouvir gemer contra seu ouvido fez o coração do próprio homem disparar.

- Duquesa? – Ele umedeceu os lábios com a posta da língua e se levantou. – O que faz aqui, Vossa Alteza?

- Não dormiu na ala dos empregados, procurei-lhe lá, todavia não o encontrei.

- Tinha a intenção de sair bem cedo. Achei prudente ficar por aqui mesmo.

- Dormindo em uma pilha de feno?

- Já estou acostumado, milady. – Ele encarou os olhos azuis tão penetrantes e por alguns minutos se perdeu neles. – E quanto a Vossa Alteza, o que faz aqui?

- Eu vim lhe falar?

- Falar? – Ele arqueou as sobrancelhas e colocou as mãos dentro dos bolsos. – O que teria para falar comigo.

O Amante da Duquesa ( Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora