Capítulo 8

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Margaretha dormiu, não tão bem quanto deveria, apenas dormiu. Talvez tenha sonhado por um breve instante em poder estar no regalo que eram os braços de seu adorável cocheiro. O homem viril era uma das poucas pessoas que faziam com que ela se sentisse bem apesar de tudo.

Acordou com as cortinas sendo abertas e se espreguiçou na cama.

- Bom dia, milady. – Ouviu a voz de Jane, mas não abriu os olhos para encará-la. – Peço para que se levante, Alteza.

- Por quê? – Margaretha se espreguiçou ainda mais e abriu os olhos com dificuldade, tentando se acostumar a luz do sol.

- Cosmo de Médice está esperando-a lá embaixo.

Merda! Sabia que os Médice viriam uma hora ou outra, mas sua torcida para que não fosse tão breve em nada resultou.

- Mas que horas são?

- Quase meio dia, Vossa Graça.

Para quem sentia ter acabado de sair de uma noite mal dormida, a duquesa até havia dormido o bastante.

- Chame Antonietta para ajudar-me a me vestir e avise ao Médice que já estou descendo.

- Como desejar, Alteza. – A dama fez reverência e então deixou o quarto.

A contragosto, Margaretha saiu da cama. Tocou com os pés descalços o chão frio enquanto passava a mão pelos cabelos ruivos e desgrenhados.

Não queria ter de enfrentar a família de seu falecido marido, mas também não possuía escolhas e não estava disposta a abrir mãos do título e das propriedades que por direito eram dela.

- Milady, bom dia! – Antonietta entrou no quarto de sua senhora e fez uma breve reverência.

- Pegue em um dos baús aquele meu vestido negro, o com o decote provocativo. Além disso, o colar de esmeraldas e trance meu cabelo. Quero dar bastante ênfase ao meu busto.

- Quer impressionar o homem, Alteza?

- Distrai-lo ou seduzi-lo, o que preciso for.

Antonietta apenas assentiu e foi cumprir as ordens de sua senhora.

De frente para um grande espelho oval, suspenso por uma estrutura de madeira. Margaretha se observou enquanto a criada a vestia. Era uma mulher forte e determinada que havia se cansado de permitir que os homens jogassem com ela, seu pai, marido e até criados. Era a sua vez de aprender a jogar com eles.

- Vai fazer seu desjejum agora, milady?

- Não, mandem preparar um pequeno banquete para que o senhor que me aguarda possa comer comigo. – Ela se olhou no espelho mais uma vez enquanto girava o anel de casamento que havia posto de volta no dedo.

- Como desejar. – Antonietta fez reverência e deixou o quarto.

Margaretha segurou a barra do decreto vestido feito da macia seda árabe, e seguiu para fora de seu quarto, preparando-se no caminho para a cobra que teria de enfrentar.

- Cosmo de Médice!

O homem parado no meio de um salão formal. Virou-se e fitou a mulher que entrava. Deslumbrante, ela fazia jus ao melhor da beleza flamenca que de certo havia herdado de sua mãe.

- Alteza. – Ele se curvou, brevemente. – Vejo que continua deslumbrante mesmo como viúva.

- Obrigada pela gentileza. – Ela abriu um sorriso forçado e estendeu para ele sua mão.

Cosmo se curvou, beijou-a demoradamente e depois voltou a fitar a mulher de beleza ímpar.

Margaretha o observou. O homem estava da mesma forma como se recordava, cabelos curtos, olhos castanhos e uma barba espessa que cobria toda a parte inferior do rosto.

O Amante da Duquesa ( Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora