REALIDADE (TRILOGIA "SONHOS" PARTE III)

"MORRA..."

   - Claus... Acorde... - Sussurro.

   - Aconteceu alguma... Coisa?

   - Você tem visita.

   - Quem é?

   - É um médico...

   - Médico?

   - É... Depois que Léo foi embora, arrumaram outro médico. Pedi pra ele te examinar.

   - Nenhum médico pode me ajudar, Ally.

   - Não custa nada tentar. Vou trazê-lo aqui.

Abro a porta do quarto.

   - Pode entrar.

   - Com licença... - Marcelo entra no quarto. Um Anjo alto, vestindo um terno branco, com seus cabelos também brancos. Ele está carregando uma maleta preta. Marcelo se senta na cadeira ao lado da cama de Claus. - Olá.

   - Oi... - Diz Claus.

   - Como se sente?

   - Péssimo...

   - Onde a dor é mais intensa?

   - Nas asas...

   - Vou verificar... - Marcelo toca levemente nas asas quebradas de Claus. - Bem... Tenho um palpite, mas preciso colher uma amostra de sangue para ter certeza. - Ele abre a maleta e pega uma seringa, devagar ele recolhe um pouco de sangue de Claus. Depois ele guarda a seringa de volta na maleta. - Preciso também de algumas penas...

   - Pode... Pegar... - Claus sorri.

Marcelo arranca três penas das asas de Claus. Depois ele coloca a mão na testa e no pescoço de Claus.

   - Está com febre... Vou receitar repouso, muito repouso. E deve se alimentar direito.

   - Viu, Claus? - Sorrio.

   - Eu sei... - Ele revira os olhos. - Mas como eu vou comer se não sinto fome?

   - Faça um esforço, está bem? - Marcelo sorri.

   - Qual era o seu palpite, Doutor? - Pergunto.

   - Prefiro esperar os exames saírem...

   - Está bem... Obrigada pela ajuda.

   - Só estou fazendo o meu trabalho. - Ele se levanta. - Bem... Deve repousar, Claus.

   - Te acompanho até a porta. - Sorrio.

Quando chegamos na sala, abro a porta para ele.

   - Me fale o que ele tem... - Digo.

   - Quanto mais velho o Bruxo for, mais tóxico o sangue vai ser... Claus está muito doente, ele não vai aguentar por muito mais tempo. Seu coração está com dificuldade para bombear o sangue para o resto do corpo, suas asas estão muito danificadas... Vão cair há qualquer momento, e seus olhos... - Ele se cala.

   - Por que parou de falar? O que tem os olhos dele? - Não consigo conter as lágrimas.

   - Os olhos dele estão infectados de sangue de Bruxo... Ele pode amanhecer cego amanhã.

   - O que eu posso fazer para ajudá-lo?

   - Bem... No estado em que ele está, não podemos fazer mais nada. Sinto muito.