4 de Agosto de 2001
O pior sentimento que existe é o ódio. Pelo menos na minha opinião. Quando odiamos uma pessoa queremos ela na pior, quando eu odeio uma pessoa não consigo perdoa-la, mesmo me mostrando que só tem a me oferecer coisas boas!
Mas o que fazer quando você mesma se odeia?
Há nove meses atrás, comecei com este sentimento de ódio por mim mesma. Um ódio enorme, cheguei ao ponto de querer me suicidar para que eu não ficasse neste mundo, pois as pessoas só sofreriam ao meu redor. As pessoas sempre dizem "o mundo é cruel" estão errados! O mundo não é cruel, e sim quem está nele. Eu sou uma dessas pessoas, sou um ser horrível. Aliás, minhas atitudes influenciaram no que sou hoje é acredito que com todos sejam assim. E vou ter que me acostumar com isso!
Já não sentia minha pernas em cima daquela cama minúscula que me trouxeram. A brisa gelada da madrugada fria, soprava em meu rosto e me fazia arrepiar. Só conseguia ouvir a parteira dizendo "Vamos lá, só mais um pouco".
Não! Eu não aguento mais!
Filhas, tenham paciência com a mamãe!
Eu amei essa gravidez. Amei os enjôos. Amei as dores de madrugada. Amei os chutes! Foi a melhor coisa que aconteceu comigo. Me fez lembrar a mulher incrível que eu poderia ser... Mas, novamente eu ferrei com tudo!
A partir de hoje tudo iria mudar. Completamente tudo! Minhas princesinhas vão vir ao mundo e espero que não se tornem essa pessoa cruel que a mãe delas se tornou. Precisam ser forte!
Respirei fundo como se fosse sugar todo o oxigênio do planeta. E assim, fiz força novamente. Aquela dor e cansaço estava acabando comigo!
Eu suava como se estive um calor de 40° C.
- Vamos lá, só mais um pouco! - Disse a parteira.
Não! Não aguento... Que droga! Esse "pouco" nunca acaba!
- Aaaah! - Gritei chorando e fazendo força novamente.
Um alívio percorreu meu corpo. Joguei minhas costas com a força que ainda me restava na cama, me aliviando daquela tensão toda. Um sorriso bobo surgiu em meu rosto quando ouvi o choro dela... Uma das minhas meninas havia nascido!
Ow princesa, não chore, mamãe está aqui!
A parteira enrolou a própria num pano de cor rosa.
- Vamos, só mais um pouco... A outra precisa sair! - Ordenou séria.
Só mais um pouco... Só mais um bebê!
Não deveria ser este sofrimento para colocarmos alguém no mundo. Nós mulheres estamos dando a luz, estamos colocando mais um ser nesse mundo cheio de rancor e tristeza, não deveríamos sentir dor!
Respirei fundo, logo logo isso acabaria.
Ouvi um choro quase irritante e alto ecoando pelo quarto pequeno. Minha outra pequena havia nascido!
- Me deixe vê-las! - Implorei aos prantos.
A mulher me trouxe a mais nova. Ela era tão pequenina, tão frágil. Não deixarei alguém te fazer mal meu amor, receberá todo amor que ainda existir dentro de mim, até meu último suspiro!
- Nasceu? - Perguntou uma voz rouca e fria.
Aquele homem me encarou sério, observou a bebê em meu colo e sorriu bobo. Ouviu a outra chorando no colo da parteira e então se aproximou dela.
- Saía de perto dela! - Gritei mas foi em vão.
A parteira lhe entregou a bebê. E um sorriso bobo surgiu em seu rosto exuberante, parecia até ser o pai. Ele era bem sucedido, e provavelmente não estaria aqui se eu não tivesse concordado com a proposta ridícula em que me propôs. Onde eu estava com a cabeça?
- Não sou bom com essas coisas de nome. Escolha o nome delas, vou ser bonzinho contigo! - Disse sério e calmamente.
Com os olhos marejados, encarei a bebê em meu colo. Não podia viver sem uma delas, mas eu fiz isso, mereço essa dor no peito!
- Alyson! - Sussurrei olhando a bebê em que eu segurava.
- Ótimo, e essa aqui? - Perguntou com frieza.
Funguei o nariz e respirei fundo tentando me acalmar, desespero agora só pioraria tudo!
- Alyssa! - Respondi com frieza.
Felizmente elas não entendem o que está acontecendo aqui neste quarto. Seria dor e sofrimento e isso eu prometi que não deixaria alguém fazer.
Eu sou uma pessoa horrível!
- Escolha! - Ordenou.
Como assim? Ele quer que eu escolha com qual delas ficar? Como uma mãe pode escolher entre dois filhos? Não irei conseguir...
- Não posso esco... - Tentei dizer mas fui interrompida.
- Escolha logo! - Gritou bravo. - Alyssa ou Alyson?
Meus olhos se encheram de lágrimas novamente. Isso está mesmo acontecendo, terei que abrir mão de uma das duas.
- RÁPIDO! - Gritou se aproximando.
- Alyson! - Gritei rápido. - Eu quero a Alyson!
As lágrimas já poderiam ser cachoeira. O aperto no peito me incomodava e só conseguia pensar em como sou um dos seres humanos mais horríveis desse mundo. Só quero que Alyssa seja feliz.
O homem, satisfeito com a resposta sorriu orgulhoso.
- Amanhã mesmo o dinheiro estará em sua conta. - Informou calmo.
E a partir do momento em que Alyssa saiu daquela sala no colo daquele homem... O arrependimento cresceu em meu peito.
E tenho toda a certeza do mundo... Vou me arrepender pelo resto da minha vida!
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Gêmeas No Colégio Interno (PAUSADA)
Teen FictionAlyssa e Alyson foram separadas na maternidade por conta de um erro cometido por sua mãe. Desde então, as duas não sabe da existência uma da outra, porém, quando o destino quer não tem quem consiga contrariar. As duas meninas vítimas de um erro terr...