9- Braço Decapitado Está Errado

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Esperava paciente na delegacia, ignorando as pessoas que por ali passavam. Estava tão distraída, que mal notei quando uma mulher abatida se sentou ao meu lado. Cruzei as pernas, ajeitando o vestido bege e idiota. Lambi os lábios, tentando de alguma forma não ficar tensa. Não tinha conseguido dormir noite passada, pesquisando sobre as mais variadas facções, estudando cada detalhe e informação que possuía a meu dispor, mas de tanto focar nas pesquisas esqueci da agenda eletrônica de meu pai e isso me atiçava a sair daquela delegacia para poder dar uma boa olhada nas informações extras. Cocei o punho, ignorando a bolsa em meu colo, me chamando para ser revirada.

- Senhorita Wooding?

Acompanhei o policial até a tão esperada sala. Meu coração trotava a cada resquício de informação, que sabia que encontraria em algum momento durante a visita. Recebi boas vindas do policial Johnson e sentei na cadeira, pronta para saciar a vontade de abrir aquela bendita bolsa e pegar a agenda eletrônica.

- Nos desculpe a demora - Johnson se apressou. - Nós tivemos que estudar com afinco cada parte de sua casa, a procura de pistas...

- Sem problemas - Respondi. - O que sobrou da explosão?

- Alguns pertences apenas... - Ele empurrou uma caixa cinza na minha direção. Endireitei meus ombros e me levantei, procurando por um angulo melhor. Olhei em silêncio cada objeto, sentindo uma martelada contra o peito a cada vez que os estudava.

- Uma foto da família... Que conveniente - Sorri amarelo.

Ela estava um pouco queimada nas bordas, mas ainda sim podia ver nitidamente os sorrisos, sorrisos os quais nunca mais veria enquanto estivesse viva. Voltei a olhar a caixa, deixando a foto sobre a mesa. O arco de meu violino me esperava paciente. Se encontrava um pouco danificado, mas se quisesse, ainda poderia usá-lo. Suspirei fundo, tentando a todo custo não desabar. Repousei o arco sobre a foto de minha família, voltando a atenção a caixa.

- O colar de minha irmã... Ela não o tirava por nada. - O toquei com cuidado. - Ele era muito importante. - Engoli em seco, sentindo minhas pálpebras pesarem cada vez que piscava.

- Megan, quer que eu pegue um copo d'água? - Neguei com a cabeça. A cada toque que dava naquele pequeno coração dourado, sentia uma onda de choque percorrer por minhas veias.

Com muito esforço o deixei de lado.

- Rôju... - Acariciei o sujo guaxinim de pelúcia. Ele fora um presente muito importante de meus pais, passara praticamente a infância inteira o levando para todos os lados que ia, até tinha pesadelos quando não dormia abraçada com a pelúcia. Podia afirmar com muita certeza, que o violino só perdia em importância para Rôju. O abracei com força. - Obrigada policial Johnson.

- Não fiz mais do que o meu trabalho. - Sua voz quase não passou de um sussurro para mim, pois dentro de meu peito um estardalhaço acontecia.

Coloquei cada objeto dentro da bolsa, tomando cuidado o suficiente para não danificá-los mais do que já estavam danificados, e, não machucar meu coração ainda mais, que pulsava inflamado com tanta recordação. Voltei a me sentar, encarando o frio acinzentado da sala.

- Megan, sinto muito por não ter conseguido recuperar mais coisas, mas lhe garanto que logo encontraremos o responsável por tudo isso. - Assenti. - E lembre-se do que eu te disse quando esteve aqui pela primeira vez, não faça nada de perigoso e me ligue caso precise de ajuda.

- Está bem - Balbuciei.

- Megan...

- Cara! Você não vai acreditar! - Um rapaz entrou de supetăo na sala, me assustando. - Eu acabei de decapitar o braço de um dos montros! Foi sangue verde pra tudo quanto é lado! Você tinha que ver...

Tocando as notas do crime (Em Correção)Onde histórias criam vida. Descubra agora