11- Mãe Sem Nome

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- Obrigada pela carona, Donnie - Sai do carro.

- Não tem de que. Eu é que devo agradecer por aceitar meu convite. - Fechei a porta do carro. - Até mais.

- Até.

Assim que entrei em casa, a primeira coisa que fiz foi tirar o sutiã e os sapatos. Joguei-me na cama e fiquei encarando o teto, meus gatos se enroscaram em minhas pernas e esfregaram seu pelo sedoso contra minha pele. Respirei fundo, pronta para começar a ler. Puxei a bolsa para perto de mim e peguei o livro negro. Ele tinha a largura de um polegar e era um tanto velho, a capa era simples, composta apenas por uma tira de couro que prendia as páginas. A abri com cuidado, encontrando nas primeiras páginas cartas soltas e desgastadas.
 

Cara mamãe,

            Sinto sua falta mais do que tudo neste mundo. Quando virá me visitar? Tem tanta coisa que quero lhe contar.   
  
Seu mais fiel confidente,
Thomas.              

                                 ×

Meu pequeno Thomas,

            Espero que esteja gostando de morar com seu pai, conte-me tudo o que fez, as coisas que aprendeu. Infelizmente não poderei visitá-lo ainda, querido, então teremos de nos contentar apenas com as cartas ok?

De sua mãe,
que te ama mais do que tudo.

PS: Está se alimentando direito? Não quero que fique doente.

                                    ×

Despertando-me das cartas, Sherlock entrou na minha bolsa, derrubando-a da cama. Puxei meu gato para fora, percebendo que o mesmo tinha se enroscado no colar de minha irmã. Desembolei o fios dourados de suas patas e encarei fixo o colar, Sherlock miou e se esfregou em mim ronronando. Soltei o fecho do colar e o prendi em meu pescoço com cuidado, deixando seu sutil toque frio e metálico me confortar. Peguei as cartas novamente, usando apenas uma das mãos, pois a outra se recusava a soltar o colar.

Querida mamãe,

              Está sendo legal morar com o papai. Charlie, meu novo irmão mais velho, é muito inteligente e está me ajudando nas lições de casa, nos brincamos e nós divertimos muito, mas a senhora Antonela não parece gostar muito de mim.

              Hoje, eu, papai e Charlie fomos pescar, mas por algum motivo, papai nos ensinou a como usar uma arma. Foi muito legal! Queria que estivesse aqui para ver. Estou com saudades.

Com carinho,
Thomas.

PS: Estou me alimentando muito bem.

×

Meu pequeno,

               Não se preocupe com a senhora Antonela, ela gosta de você, tenho certeza disso, e fico feliz que tenha ido pescar, mas por favor tome cuidado com essas armas! E seja um bom irmão para Charlie.

De mamãe.

×

Minha doce mamãe, 

Tocando as notas do crime (Em Correção)Onde histórias criam vida. Descubra agora