Uma Chance Para Amar (COMPLETO)

- Capítulo 14 -

CAPÍTULO QUATORZE

Havia completado um mês, desde que as mulheres estavam se relacionando. A jornalista nunca havia se sentindo tão apaixonada com toda aquela sensação que jovem produtora provocava em si.

Sempre quando parava para analisar a situação, Eva gargalhava, pois a forma como se aproximaram havia sido inusitada. Nunca que a jornalista imaginou que a pessoa que lhe despertaria sensações tão únicas inesquecíveis, seria uma jovem produtora, sentada em uma mesa do refeitório da emissora, mas o destino nos prega inúmeras peças.

Na emissora, elas mantinham a discrição, afinal, tinham que zelar pelo meio profissional e evitar que despertassem conversas paralelas de mau gosto. Porém, sempre que cruzavam os corredores ou se encontravam no refeitório, Eva exibia aquele sorriso tão encantador, deixando Amanda deslumbrada.

Encontravam-se diversas vezes durante a semana. Iam para barzinhos, restaurantes ou até mesmo uma caminhada na orla da praia, encerrando-se com uma água de coco.

Amanda a tratava com extrema gentileza, sempre sendo atenciosa aos seus dizeres, fazendo-a sentir única, coisa que Márcio havia deixado de fazer desde a primeira traição.

Por estar cada vez mais deixando se encantar com aquele sentimento, Eva temia o momento em que pudesse assumir algo mais sério com a jovem e em como os filhos reagiriam. Tinha certeza que Eduardo, o caçula, lhe daria apoio, porém temia João Paulo, tendo em vista que o rapaz era mais reservado.

*.*.*

Era final de tarde, quando Eva havia chegado a sua casa. Acabara de retornar de um dos passeios que sempre fazia no final da tarde com Amanda. Seus olhos estavam reluzentes e um sorriso bonito iluminava toda a face, deixando-a ainda mais jovial do que aparentava.

Jogou a bolsa sobre o sofá e caminhou tranquilamente até o seu quarto. Encarou-se no espelho e pela primeira vez em muito tempo, estava gostando do seu reflexo. Acariciava a nuca, fechando os olhos e se recordando da primeira vez em que esteve na casa de Amanda, quando ouviu baterem a porta do quarto.

A mulher libertou um suspiro carregado de paixão e sorriu para o reflexo, girando o corpo e caminhando em direção à porta. Era seu filho, Eduardo.

A mulher exibiu um sorriso acolhedor para o garoto, que como sempre, franziu o nariz ao encará-la.

— Mãe, eu preciso conversar com você — ele falou em um tom de voz tranquilo.

A mulher continuou sorrindo e cedeu passagem para que o garoto adentrasse seu aposento.

— Pode falar — ela disse acomodando-se na beirada da cama.

— Ah... É que... Ah... — as bochechas do garoto coraram enquanto era encarado pela mulher.

Eva semicerrou os olhos.

— O que você aprontou dessa vez?

O garoto ficou ainda mais desconcertado. Respirou profundamente e retirou os óculos, espalmando as mãos sobre as pernas.

— Estou namorando uma garota — Eduardo contou em um tom quase inaudível.

A face do garoto estava totalmente corada e ele respirava rápido. Na verdade, Eduardo queria simplesmente fugir dos olhares que sua mãe estava lhe lançando, como se estivesse achando a novidade mais fofa do mundo.

Eva envolveu o garoto em um abraço apertado e lhe beijou os cabelos com ternura. Ficaram se encarando por alguns segundos e Eduardo finalmente exibiu um sorriso, recolocando os óculos.

— A senhora está diferente... — ele comentou analisando a face da mulher com cuidado.

Dessa vez, havia sido Eva quem estava com as maçãs coradas e gargalhou, desviando o olhar do garoto. Pensou por alguns se aquele seria o momento certo de se abrir com o filho. Acariciou novamente os cabelos de Eduardo, que sorria.

— Eu... Ah... Eu também estou namorando — ela revelou sentindo o rosto formigar. Desviou o olhar novamente enquanto o garoto o fitava com admiração.

O menino sorriu.

— Eu disse que senhora conheceria alguém, mãe — ele comentou abraçando-a. — Ele está te fazendo bem. A senhora está mais bonita, mais feliz!

Eva pressionou os lábios e sentiu os olhos marejarem.

— Amanda — foi o que teve coragem de balbuciar. O garoto franziu as sobrancelhas, confuso. — Se chama Amanda a pessoa com quem estou me envolvendo.

Um silêncio constrangedor envolveu a atmosfera do quarto. Eva sentia um tremendo nó lhe apertando com força a garganta. Sabia que se balbuciasse mais alguma coisa, entraria em prantos. Estava trêmula e com medo da reação de Eduardo. Não se perdoaria, caso o garoto agisse com reprovação.

O menino pressionou os lábios e ficou pensativo por alguns instantes. Uma grande tensão os envolvia. Na verdade, Eduardo parecia analisar cuidadosamente os dizeres da mãe.

— É ela quem te deixa assim? — ele interrogou voltando analisar a mãe. Uma fina lágrima escorria pelo rosto da jornalista. — É ela quem te deixa mais bonita e feliz? — Eva apenas balançou a cabeça e Eduardo sorriu, tornando abraçar a mãe. — Eu estou com você — ele sussurrou abraçado com mãe.

Eles ficaram abraçados em silêncio por longos minutos, até que João Paulo apareceu, os surpreendendo. Quando o mais velho presenciou a cena, se desconcertou e queria voltar outra hora, porém Eva queria aproveitar a coragem e contar a ele sobre a Amanda.

Por ser tremendamente reservado e um pouco mais distante da mãe, João Paulo não esboçou nenhuma reação. Apenas assentiu com a cabeça e se retirou do quarto, deixando o irmão e a jornalista em silêncio.

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