- Capítulo 12 -

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CAPÍTULO DOZE

Ao chegar ao evento, Eva foi cercada por câmeras e fotógrafos da própria emissora de televisão. A jornalista deu uma pequena entrevista sobre suas expectativas pelo evento. Quando finalmente conseguiu dispersar os entrevistadores, adentrou o salão amplo onde acontecia o jantar. Seu coração palpitava e sorria para as pessoas que encontrava, passeando com os olhos castanhos por cada rosto que via, desejando encontrar sua doce produtora.

Um garçom aproximou-se e Eva serviu-se uma taça de espumante, sentindo o gosto adocicado da bebida impregnar seu paladar.

Respirou profundamente, tentando afastar aquela maldita ansiedade. Tentou prestar atenção na música animada que eclodia no ambiente, porém não conseguia parar de pensar em Amanda.

Estava quase finalizando a taça de espumante, quando o Mauro, seu diretor aproximou-se, acompanhado da esposa. Naquele momento, Eva sentiu-se aliviada, pois se entretendo com o diretor, libertaria um pouco daquela ansiedade que lhe assolava.

Enquanto isso, Amanda praguejava do outro lado da cidade. Estava atrasada. Havia perdido muito tempo se aprontando para aquele evento.

Ficou imaginando se Eva já houvesse chegado ao local e se estaria a sua procura. Enviou uma mensagem para o celular da jornalista e em seguida, chamou por um táxi, afinal, não queria arriscar a direção, caso estivesse embriagada.

Eva estava tão nervosa que mal conseguia segurar a taça. Seus olhos miravam a entrada do salão a todo instante, almejando pela presença de Amanda, porém ficou totalmente desconcertada ao deparar-se com Márcio, acompanhado de outra mulher.

A mulher que estava de mãos dadas com ele, aparentava ser mais jovem que Eva e exalava imponência. Inevitavelmente, Márcio aproximou-se do trio, apresentando a moça que o acompanhava como sua nova companheira.

Eva estremeceu-se. A moça era realmente muito atraente, porém forçou um sorriso para a mulher e trocou um cumprimento formal com o homem. Tinha que ser profissional, afinal, estava em um evento de trabalho.

Não bastando Márcio ter se aproximado, continuou de mãos dadas com a moça que encarava Eva com superioridade, como se estivesse se sentindo lisonjeada por ocupar o seu lugar. Aquilo fez a jornalista pensar se talvez não fosse aquela jovem com quem Márcio havia a traído pela última vez.

Desconcertada o bastante para não conseguir se entrosar na conversa que acontecia, a jornalista exibiu um sorriso gentil para o grupo que havia se formado e distanciou-se, indo em direção ao bar do evento. Precisava de uma bebida concentrada para encarar tudo aquilo.

Mal se acomodou nos bancos que estavam dispersos ao redor do balcão,  uma mão delicada pousou ao redor de sua cintura e sentiu um grande alívio a envolver. Sorriu e sentiu os olhos marejarem quase que instantaneamente ao deparar-se com sua jovem Amanda.

— Alguém já lhe disse que você está maravilhosa? — a produtora sussurrou no ouvido da jornalista. A música alta estava servindo de desculpa para conversarem em sussurros, tornando o clima ainda mais instigante.

A jornalista analisou com cuidado a produtora e mordiscou o lábio inferior. Amanda estava muito atraente naquela noite e despertava a atenção de algumas pessoas presentes no evento.

— Você não existe — Eva sussurrou no ouvido da garota que se acomodou ao seu lado.

O barman aproximou-se e elas fizeram seus pedidos.

— Está tudo bem? Estou achando você um pouco tensa — a jovem confessou pousando as mãos na coxa da mais velha.

Eva hesitou, afinal, não queria dizer que todo aquele desconforto foi gerado pela presença de Márcio e a nova companheira. Na verdade, sentiu-se envergonhada por estar daquela maneira, tendo em vista todo o tempo que havia se passado, ela já deveria ter superado.

— Não é nada, Amanda — ela respondeu afagando as mãos da mais nova. — É que não estou acostumada a frequentar esses lugares... Estou um pouco velha para isso — falou provocando risadas na produtora.

— Ah... Pare com isso, Eva! — ela exclamou admirando o quanto a jornalista ficava atraente naquele vestido. Por uma fração de segundos, permitiu-se imaginar Eva se despindo e um arrepio percorreu cada centímetro do seu corpo.

O barman aproximou-se com a bebida e elas brindaram. Amanda estava sedenta para beijar os lábios da jornalista. Queria beijá-los com vontade, acariciar cada curva do corpo de Eva, mas aquilo não poderia acontecer ali, tendo em vista que estavam cercadas de colegas de profissão.

Estavam tendo um diálogo extremamente agradável. Eva já estava liberta da tensão que a rondou antes de se encontrar com a produtora. Na verdade, não se recordava da presença de Márcio, o que fez a noite tornar-se agradável novamente, porém não por muito tempo. A jornalista desconcertou-se totalmente ao perceber o quanto o ex-marido era afável com a garota em público.

— Eva, você está me ouvindo? — Amanda perguntou ao notar o semblante entristecido da mulher.

A jornalista engoliu a seco e sentiu os olhos marejarem. Ela então desviou o olhar e sorveu um gole da bebida.

Não se convencendo pelo gesto de Eva, Amanda olhou por cima dos ombros, deparando-se com Márcio trocando pequenas carícias com a mulher com a qual estava acompanhado. A produtora suspirou, enquanto tentava encontrar algo empático para dizer a jornalista.

— Podemos ir para outro lugar? — Eva questionou com a voz embargada.

Amanda forçou um sorriso e afagou com carinho o rosto da jornalista que se esforçava para não deixar que as lágrimas escorressem.

— Claro que podemos! — falou em um tom de voz sereno, sentindo um pequeno aperto no peito ao ver Eva transtornada daquela maneira. — Você quer ir para a pista de dança ou...

— Me leve embora daqui, por favor, Amanda — Eva a interrompeu, cabisbaixa, sentindo as lágrimas banharem a face.

A jovem pousou as bebidas sobre o balcão, agasalhando suas mãos nas da jornalista. Colocou-se de pé e aproximou-se da mulher afagando seu rosto com cuidado, para secar as lágrimas. Em seguida, caminharam juntas para a recepção do salão, onde ficaram aguardando por um táxi.

Eva conteve-se nos poucos minutos em que aguardavam pela chegada do veículo. Não queria que as pessoas comentassem coisas maldosas ao seu respeito, porém quando se acomodaram no banco traseiro do táxi e sentiu os braços de Amanda a envolverem em um abraço apertado, foi impossível se segurar, entrando em um choro compulsivo.

Amanda beijava-lhe os cabelos com carinho e a abraçava cada vez mais forte. Queria passar a sensação de segurança para a jornalista. Na verdade, naquele momento, desejou ser o porto seguro de Eva para sempre.

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Uma Chance Para Amar (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora