Guarda-chuva

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Foram inúmeros dias notórios. 

A vida passava por mim, eu pela vida e não nos cumprimentáva-mos, acreditam?!


Um sorriso esplêndido e bom...

O que exatamente pensar?



A resposta certa é que, nos tornamos ricos a partir do momento em que abrimos os olhos e o coração para a vida. A partir do momento em que passamos a viver e não só existir.


Finalmente eu e dona Jezebel ficamos sozinhas, Caio havia se levantado para fazer sei lá o que na cozinha. Ela tentava pegar a xícara pouco cheia com cuidado, pois naturalmente tremia demais (até hoje me pergunto se era por culpa da quantidade de remédios ou se havia alguma doença a mais envolvida).

Sempre que ela abria a boca para falar, eu me esforçava um pouco mais e dava o máximo de atenção possível, pois ela falava devagar e sua voz por vezes saia baixa.


— Vocês são jovens, pensam demais em besteiras. — Era um tom doce, junto de um sorriso leve. — Posso te dar um conselho menina? — Eu assenti atentamente após o longo gole no meu chá quente, não sabia se havia descido queimando por culpa da quantidade de açúcar ou pela temperatura. — Aprecie cada momento agora, porque daqui a quinze, vinte anos, tudo não passará de uma vaga memória. E tenha certeza de que esse futuro será muito diferente do que pensamos nesse exato momento.


— Não acredito que será tão diferente assim. Eu penso em lutar o máximo possível para viver a vida exatamente como imagino. — Jezebel ri, isso faz com que sua xícara sacuda um pouco mais do que deveria e o chá cai na toalha de mesa. Com muita paciência ela leva a mão até um pano próximo, limpa devagar e então suspira ao voltar o olhar para mim com ternura.


— Tudo sempre sai diferente do imaginado, nem que seja um pouco. — Abaixo o olhar e reflito rapidamente. Resolvo parar de contestar e pensar mais a fundo sobre nossa pequena conversa, que na época me parecia uma piada, por mais que eu quisesse levar a sério.


Ouvimos os passos dele retornando, ela levantou o olhar contente para Caio que trouxe consigo comprimidos junto de um copo d'água, era hora de seus remédios.


Se eu tivesse escutado mais ainda e com mais atenção, se eu tivesse agido imediatamente conforme os conselhos que me deu, naquela época tudo teria acontecido de maneira diferente. Eu teria encarado a vida com outros olhos, não levaria tantos empurrões, berros e esturros.

Daí em Diante (Andressa Palomanni)Onde histórias criam vida. Descubra agora