Só lhe resta pensar

26 4 0
                                    

Lá estava minha mãe a poucos passos da porta me aguardando, ao vê-la meus olhos encheram-se d'água

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Lá estava minha mãe a poucos passos da porta me aguardando, ao vê-la meus olhos encheram-se d'água.


— Eu não pude... — Ela me puxou pelo ombro para dentro.


— Sei o quanto esse diário pode ser importante para você filha, mas pense bem, está te destruindo. — Colocou os dedos acima dos meus olhos fechados. — Está te deixando perdida, sugando quem você é. — Ela retirou os dedos e eu suspirei ao abrir os olhos.


— Na verdade está fazendo com que eu me encontre. Vivi como se nada importasse, vivi sem que de nada soubesse. Agora vejo isso, agora me enxergo nessa história toda. — Ela anuiu pouco cabisbaixa. 


— Seu pai me ligou. Ele está vindo para casa e... — Dou alguns passos até a cozinha, encaro o horário no micro-ondas. Sete e onze. — Andressa, você está me escutando? — Me viro de frente para ela.


— Sim! Vou guardar o diário. — Subi as escadas praticamente correndo, pensando que ainda havia tempo para encontrar Jack, conversar com ela e tentar não matar Cristina.



Naquelas condições era óbvio que minha mãe não me deixaria sair. Então coloquei o diário na cama, arrumei e prendi o cabelo, tranquei a porta, coloquei o diário no cós da calça (encaixado na minha cintura) e o celular no bolso de trás. Amarrei meu cobertor a um ferro da janela para dar apoio e desci com dificuldade.


Passei de fininho pelos fundos do quintal enquanto escutava meu pai estacionar o carro, havia acabado de chegar. Puxei o celular, procurei o número do H ou da Jack e infelizmente não tinha, não havia anotado. Depois da morte de Caio, eu quase não interagia com mais nada além do diário.


Se não fazia ideia de onde Jack morava, teria que ir na casa do H. Talvez ele não concordasse comigo querendo tirar a limpo com Cristina, mas se tentasse ao menos me impedir eu faria um escândalo e caso não me ajudasse, eu iria andar pela décima terceira avenida gritando o nome da Jack até ela aparecer ou alguém dizer onde eu poderia encontrá-la.


Talvez se eu explicasse e mostrasse, ela compreenderia e iria perceber que estar ao lado daquela (me perdoem o termo mais uma vez) vaca, não valia nada. Eu pensava apenas no soco que daria com gosto no rosto de Cristina. Andei rapidamente, ignorando a garoa fina que embaçava meu óculos.


Cheguei à frente do portão de prata, o abri sem saber se podia. Fui até a porta e cerrei o punho para bater, mas preferi a campainha. Apertei o botão e aguardei de braços cruzados pronta para atacar H com palavras, mas então engoli a seco toda a reação que planejei ter, quando quem me atendeu foi aparentemente os pais dele. Um homem baixo, rosto quadrado do cabelo pouco grisalho, ao lado de uma mulher alta, loira, robusta. Aparentavam ter a mesma faixa etária, pensei por um segundo que talvez ela pintasse o cabelo para parecer mais jovem.

Daí em Diante (Andressa Palomanni)Onde histórias criam vida. Descubra agora